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 Curta “Origin”: Como conquistar o equilíbrio em nossas ações?

O curta-metragem “Origin”, dirigido por Too Cheng Shuang, contém uma simbologia profunda que nos dá a oportunidade de refletirmos juntos sobre sabedorias milenares e forças poderosas, que sequer fazíamos ideia de que nos pertencem. No filme, acompanhamos uma batalha sem precedentes entre duas divindades. Com a intenção de dar a oportunidade a uma plantinha de sobreviver em pleno deserto, dois Seres brigam entre si, medindo forças, até chegarem ao ponto de perderem completamente a própria razão.

Como resultado dessa batalha carregada de orgulho, vaidade e, claro, falta de sabedoria, toda a natureza entra em desordem, em um colapso total causado pelos exageros e pelo desequilíbrio dos personagens que, cegos pela vaidade, só esperam provar que um é mais forte que o outro. Nós já estamos acostumados com isso, não é mesmo? Felizmente, os nossos personagens se deram conta de que se agissem com temperança, todo o universo poderia reencontrar o seu equilíbrio.

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Baseando-se nos pontos apresentados, a nossa reflexão será sobre o equilíbrio, a medida certa para todas as coisas. Cremos que seja desnecessário dizer que todo exagero é maléfico, mas é preciso lembrar também que a falta, a escassez e a inação, por exemplo, também são prejudiciais. Como se diz no popular: “Nem oito nem oitenta”. Equilíbrio é a chave.

Sidharta Gautama, o Buda, já falava sobre esta ideia através da sua doutrina do caminho do meio. O Mestre Jesus, por sua vez, falava em semear a terra fértil. E assim, muitos outros mestres e tradições têm tentado nos ensinar basicamente a mesma coisa no que diz respeito às nossas ações, que nunca devemos ir aos extremos e sempre devemos encontrar a medida certa para tudo.

O Hinduísmo, a Ayurveda, todas as modalidades e práticas de Yoga e tantas outras tradições milenares têm em comum um conceito que usam para definir e para nos explicar as diferentes formas de ação do ser humano. De acordo com a filosofia Sãnkhya, existem três grandes qualidades. Elas seriam derivadas da pulsação do próprio Prana cósmico e teriam participado da criação do Universo, permeando assim, todas as formas de vida. Essas três grandes qualidades são chamadas de Gunas e são elas: Tamas, Rajas e Sattva.

Tamas seria a inação, mas não se trata da inércia propriamente dita. Representando a lentidão, se Tamas se elevar além de Rajas e Sattva, segundo esses ensinamentos, irá mascarar as expressões dessas outras duas qualidades, tornando as nossas atividades mais lentas. Quando uma pessoa é dominada por Tamas, ela entra no processo de preguiça, monotonia, mesmice, languidez, zona de conforto. Pode não querer mudar a forma de pensar e até mesmo de sentir. Sabe quando você evita a discussão por ter preguiça de argumentar? Por não querer se desgastar? Pode ser uma forma tamásica de agir. A super expressão de Tamas, portanto, causa ignorância, além de também poder provocar sono e até depressão.

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Mas, como toda moeda tem duas faces, Tamas não é de todo mal. A sua força, quando bem utilizada, é o que consegue inibir a ação de Rajas, que por sua vez, representa o movimento exacerbado. Quando Rajas toma o controle, essa pessoa provavelmente se tornará hiperativa, terá emoções diferentes a cada momento, viverá numa montanha-russa de sentimentos. Além disso, pensamentos destrutivos podem chegar ao extremo de fazer essa pessoa cometer ofensas e até crimes. Ansiedade, ganância, egoísmo, raiva, teimosia, ciúmes, tristeza, ódio, tudo isso levará a pessoa a perder a sua capacidade de discernimento. Logo, podemos afirmar que Rajas faz com que a pessoa aja por impulso, sem nenhum tipo de critério ou responsabilidade.

Quando Tamas e Rajas conseguem finalmente se equilibrar, uma impedindo os excessos da outra, se alcança o estado de Sattva. É essa condição que nos permite a aquisição do verdadeiro conhecimento, o que nos guia pelos caminhos da sabedoria. Em termos comparativos, Sattva seria equivalente à reta ação dos hindus, o verdadeiro caminho do meio. Ela é a medida certa para todas as coisas. Assim, essa virtude não pode ser violada ou perturbada; porém, pode ser mascarada pelos excessos de Tamas e Rajas. Por isso, uma constante vigilância se faz necessária, para ao menos tentarmos manter essas duas poderosas forças equilibradas entre si.

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Como já demonstramos, isso é necessário porque na vida os excessos podem se tornar muito perigosos. Perder o controle das nossas atitudes, dos nossos sentimentos, das nossas emoções, sem dúvidas irá afetar os resultados das nossas conquistas, do nosso bem-estar, das nossas saúdes física e mental. Por conta disso, deve haver até mesmo uma certa dose de frieza da nossa parte em nossas ações para poder manter o equilíbrio, desde que ela seja governada por Sattva. Essa frieza de que estamos falando não significa indiferença ou desprezo, estamos falando de lucidez, de uma postura inabalável, de não se deixar corromper pelos desejos. Emocionalmente, o equilíbrio é a ferramenta que temos para não sucumbir aos desejos, é a chave para todo e qualquer sucesso que possamos ter ou almejar, pois é o responsável pelo nosso foco. Quando perdemos os nossos estabilizadores emocionais, saímos dos trilhos como um trem desgovernado. E manter um trem sob controle quando ele está sobre os seus trilhos já não é uma tarefa fácil, imaginem esse trem fora dos seus trilhos. Sem eles não haverá um rumo nem muito menos um destino. Esses trilhos, pois, são o equilíbrio.

Para finalizar, vamos tomar como exemplo o que nos diz a atual Física sobre o tão necessário equilíbrio: “Ocorre o equilíbrio quando a soma das forças que agem sobre um corpo tem força resultante nula”.  Isso é o mesmo que, em outras palavras, nos diz a milenar filosofia indiana: “É preciso garantir que TAMAS (a falta) e RAJAS (o excesso) interajam na medida certa para se obter SATTVA (o equilíbrio)”. Dito isto, como já é costumeiro, mais uma vez falaremos em conhecimento citando a sua forma mais nobre: a sabedoria. Pois é ela que nos faz entender que a justa medida para todas as coisas é a única garantia que temos para alcançar a felicidade e a perfeição. Provavelmente, a sabedoria seja a única coisa com que não devamos nos preocupar quando se trata de moderação, porém,  a moderação e o equilíbrio são virtudes inerentes aos sábios.

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