Dirigido por Florencia Atria, Léonard Hicks e mais uma equipe de alunos da “Animation Short Film”, “Oasis” é um curta-metragem de animação lançado em 2019 que conta a história de uma mãe e seu filho que tentam cultivar e manter um pequeno paraíso em pleno deserto. É provável que, por falta de experiência e discernimento, e mesmo por pura inocência, o menino ainda não soubesse a diferença entre as ervas daninhas e as plantas do seu jardim e, por isso, ele tenha insistido em cultivar a planta errada. Agindo assim, ele quase destruiu o fruto do trabalho no qual a sua mãe fervorosamente se dedica. Com uma “pitada” de sorte, ao perceber que estava agindo da maneira errada, o garotinho com a ajuda de sua mãe consegue salvar o seu “Oásis”.
Ninguém pode ser julgado ou muito menos condenado por errar enquanto está tentando aprender. Os erros cometidos durante um processo de instrução, querendo ou não, fazem parte de qualquer tipo de aprendizado e como se costuma dizer: “ninguém nasce sabendo” e “errar é humano”. Problema mesmo é quando temos consciência de um erro e ainda assim não tentamos corrigi-lo, principalmente porque as consequências das nossas atitudes equivocadas um dia vão chegar e podem ser devastadoras. Por isso, é grande a importância de reconhecermos e não ignorarmos as nossas falhas e os nossos defeitos, e ficarmos tentando reverter a nossa falta de conhecimento.
A insistência em se cometer um erro também pode estar bem mais além da nossa falta de conhecimento sobre ele, isso infelizmente pode ser fruto de pura arrogância. Como vimos em “Oasis”, se o menino não tivesse tido a pretensão de agir por conta própria, por mais bem intencionado que ele pudesse estar, se ele tivesse recorrido antes à ajuda, ao conhecimento e à experiência de sua mãe, poderia ter evitado maiores problemas. Na vida também é assim, nós também devemos procurar e eleger os mestres que podem nos indicar os caminhos certos, para que através deles possamos aprender a agir corretamente.
Reconhecer que não sabemos de alguma coisa é o primeiro passo para conseguirmos um novo aprendizado, um novo conhecimento, uma nova maneira de agir e solucionar com mais facilidade e tranquilidade os nossos problemas, dificuldades e desafios. Desconhecer e errar não são deméritos para quem está tentando aprender, e encontrar alguém que possa nos ajudar nessas horas a identificar o caminho mais indicado para cada situação é uma honra. Todos precisamos de um mestre, pois sempre existirá algo a mais que alguém possa nos ensinar.
Sobre as plantas e ervas daninhas do “Oásis” que existem em nós, podemos fazer uma analogia com um famoso conto dos Guerreiros Lakota, (Tribo Indígena norte-americana). Os sábios Anciãos dessa antiga Tribo Guerreira dizem que dentro de cada homem moram dois lobos que vivem em uma luta constante e feroz: um lobo bom e o outro mau. E perguntam: “qual desses dois lobos irá sobreviver a essa batalha mortal?” Eles também nos dão, para nossa sorte, uma linda resposta para essa questão tão profunda: “o lobo que vencerá essa luta e que sobreviverá a essa batalha será aquele que decidirmos alimentar”. Logo, baseando-se nessa sábia conclusão, podemos entender que também o jardim que teremos em nossas Almas será composto apenas por flores, se assim o quisermos.
Se associarmos as plantas cultivadas no “Oásis”, com as virtudes que devemos, ao menos, tentar cultivar, e as ervas daninhas com os nossos defeitos, veremos que poderemos ter uma selva perigosa dentro de nós se os nossos defeitos forem alimentados ao invés das nossas virtudes. Portanto, ficam as perguntas: o que estamos dispostos a plantar em nós? Como em “Oasis”, um bosque florido e ensolarado, ou uma floresta sombria e tenebrosa? A resposta depende de nós.
Tudo aquilo a que nos apegamos acaba ganhando força, mesmo que essa não seja de fato a nossa intenção. Muitas vezes, o apego pode ser a consequência da nossa falta de interesse em querer mudar, conhecer coisas novas e nos melhorar. Ao permanecermos agindo, guiados apenas pelas coisas que já conhecemos, pelos nossos apegos, perdemos a oportunidade de nos renovar diante da vida. Mas, nós realmente sabemos qual é a importância de mudar e de como podemos fazê-lo? Isso pode ser simples; observando o nosso comportamento, as nossas posturas e o resultado das nossas ações, podemos ver claramente o que está dando certo ou errado para nós.
Essa pode parecer uma afirmação que nos remete à ideia de uma postura calculista, egoísta e interesseira, mas na verdade, estamos falando de consciência e de controle sobre si mesmo. Sem essa consciência e sem esse controle, não podemos avaliar o nosso crescimento, e isso vai nos manter prisioneiros das mesmas atitudes, das mesmas falhas e dos mesmos resultados muitas vezes desastrosos.
Em resumo, podemos encerrar esse texto com a nossa já tradicional indicação de um interessante curta-metragem para a apreciação dos nossos amigos, bem como, com a afirmação certeira de que todos os nossos defeitos podem ser corrigidos, e que isso só depende de nós. Nunca será tarde demais para que possamos começar a cultivar a Beleza, a Bondade e todas as Virtudes que possamos desenvolver. Nunca será tarde para sabermos que, somente através delas, podemos nos tornar melhores e mais unidos com todas as coisas.
Humildade, essa é a palavra mágica que pode mudar as nossas vidas. Vontade, essa é a única força que pode transmutar o nosso Ser. A Vontade de ser Humilde não nos deixará negligenciar nada que possa nos prejudicar, nem “passar em branco” nada que possa nos ajudar a melhorar. Utilizando-nos desses recursos para eliminarmos definitivamente as nossas falhas e defeitos, a cada boa semente que conseguirmos semear, estaremos contribuindo para a construção de um maravilhoso “Oásis” universal. Já é hora de observar, avaliar e corrigir os nossos defeitos. Tudo ao nosso redor muda quando nós mudamos e, conseguindo nos corrigir e mudar para melhor, tudo e todos também serão melhores.