Curta “Like And Follow” – A dependência do mundo virtual

Quantas horas por dia você passa no celular? Se fizermos uma rápida avaliação do nosso dia a dia, perceberemos que grande parte dele está relacionado com o mundo virtual. Seja por meio de redes sociais, jogos online ou mesmo em aplicativos, não podemos negar a quantidade de tempo que dedicamos à internet e a praticidade que ela nos proporciona. Graças a ela, por exemplo, a maneira de nos comunicarmos foi revolucionada: se há 50 anos, falar com alguém do outro lado do mundo seria uma tarefa quase impossível, hoje podemos fazer isso em poucos segundos.

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Além disso, cada vez mais ampliamos o uso do mundo virtual para substituir demandas do mundo real: hoje a maioria das pessoas já não frequentam bancos, pois os aplicativos fazem praticamente tudo. Do mesmo modo, podemos ir ao supermercado e fazer nossas compras pelo celular; se precisamos nos deslocar não há necessidade de dirigir, já que existem aplicativos para motoristas particulares. O mundo virtual, aos poucos, tem dominado a nossa vida real, entretanto, até que ponto a vivência nesse ambiente virtual é benéfica ao Ser Humano? 

O curta “Like and Follow”, produzido por Brent Forrest e Tobias Schlage, nos apresenta um ponto de vista interessante sobre o assunto. A animação, lançada em 2019, já  foi ganhadora de 9 festivais ao redor do mundo e nos mostra uma realidade paralela em que os Seres Humanos são controlados pelos celulares. Absorvidos no mundo cibernético, os Humanos nessa realidade desaprendem a lidar com o mundo real, uma vez que toda sua atenção fica voltada para conseguir “likes”, comentários e aumentar o número de seus seguidores nas redes sociais.

Partindo disso, podemos refletir sobre alguns assuntos que envolvem a autonomia do Ser Humano e a nossa dependência do mundo virtual. Como já falado, a internet e toda estrutura que promove o mundo virtual é benéfica para nossa sociedade, uma vez que quase nada atualmente é feito sem ela. Entretanto, nos tornamos dependentes da tecnologia, ao passo que não conseguimos nos “desconectar” por um dia sequer. Para além dessa questão, pois há uma certa dependência “necessária”, no caso de quem trabalha diretamente com a internet, estamos falando da nossa relação com as redes sociais e o nosso gasto de tempo com elas, coisas que são evitáveis e que, na grande maioria das vezes, não agrega nenhum valor em nossa vida. Passamos horas assistindo a vídeos, lendo posts e rindo com algo engraçado que foi dito e facilmente nosso tempo se esvai e os dias passam.

Deixamos de desenvolver novas habilidades, por exemplo, e utilizamos nosso tempo livre num lazer fugaz. 

Um exemplo prático e, infelizmente triste, são as crianças dessa geração. Criadas desde cedo com celulares, tablets e acesso irrestrito à internet, elas desenvolvem um raciocínio rápido para o mundo virtual: desde pequenas sabem mexer em computadores, aprendem a baixar jogos para os celulares e procuram vídeos em plataformas digitais, tudo isso sem a ajuda e supervisão de adultos. Por outro lado, toda essa expertise se esvai quando confrontadas com o mundo real. Essas mesmas crianças apresentam dificuldades em se relacionar, costumam não sair de casa para brincar na rua ou no condomínio que vivem e, o que talvez seja o mais triste, desenvolvem um estilo de vida solitário, trancadas em seus quartos e imersas em seus jogos.

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Nos parece, portanto, que o mundo virtual rouba-lhes a vida real. Mas isso não ocorre apenas em crianças: cada dia mais adultos adquirem a nomofobia, ou seja, o medo de não estar com um celular conectado à internet. Parece até absurdo, mas essa é uma doença real e que vem ganhando espaço nos consultórios. O uso excessivo de aparelhos eletrônicos  nos causa a sensação de que não podemos viver sem eles e que, mesmo que por pouco tempo, se estivermos desconectados, perderemos algo importante. 

Mesmo nos momentos mais distintos, em que a nossa presença se faz fundamental, acabamos por abrir mão e nos mantemos no celular. Em restaurantes, por exemplo, essa é uma cena comum: um casal pede a sua comida e, assim que o garçom sai, ambos passam a mexer no celular. E desse modo esperam até a refeição chegar e estarem servidos. O encontro que deveria ser a dois passa a ser tudo, menos um encontro. De tão conectados ao mundo virtual e as suas redes sociais, o casal deixa de se conectar. E isso é apenas uma das várias relações sociais que passam a ser minadas por causa desse uso indevido e descontrolado. Mas a quem agrada tudo isso? Há quem ganhe com a nossa dependência?

Em poucas palavras, podemos dizer que sim, há quem se beneficie desse cenário. A indústria de celulares, por exemplo, é uma das principais. Quem nunca viu as filas para comprar um celular novo, que está para ser lançado? E quando nosso celular quebra, quanto tempo demora para comprarmos outro? Esses fenômenos não estão isolados da discussão, uma vez que o celular é o eletrônico mais usado em nossa sociedade.Logo, para a indústria de celulares é fundamental que continuemos necessitando estar conectados, pois isso garante que quando precisarmos comprar um novo celular faremos do modo mais rápido possível.

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Não por acaso o final do curta “Like and Follow” é tão emblemático, pois o pior pesadelo para um celular (ou para os desenvolvedores de celulares) é que passemos a redescobrir o valor de nos desconectar. Esse seria o fim desse ciclo vicioso, em que mergulhamos no mundo virtual e agora não conseguimos sair dele. Imaginemos que bonito será o dia em que iremos redescobrir a Beleza das pequenas tarefas no mundo real, sem precisar abrir vídeos que nos ensinem a fazer coisas ou procurarmos dicas sobre qualquer assunto. Imaginemos, por exemplo, sentarmos à mesa com nossos familiares e simplesmente conversarmos e passarmos um momento agradável, sem ter nossa atenção dividida entre a tela do celular e o que nossos pais ou filhos estão nos contando.

Parece, de fato, uma utopia isso nos dias atuais. Mas, quem sabe, esse não seja um sonho impossível. Que nós, em nossa vida particular, comecemos a derrotar a dependência dos meios eletrônicos e passemos a nos conectar verdadeiramente com a Vida. Se assim o fizermos, perceberemos o real valor de estarmos vivos e junto de quem amamos, uma vez que isso for notado, nunca mais abriremos mão do mundo real em detrimento do virtual.  

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