Curta: A história das colheres de cabo grande

Este curta apesar de bem pequeno, contém grandes chaves filosóficas. No filme, pessoas disputam o que pode ser o último prato de comida depois de um grande tempo de fome. E esse desejo de querer o máximo para si leva-os a atitudes agressivas, cruéis e egoístas. Somente depois de aprender uma lição libertadora sobre Generosidade, eles conseguem saciar a sede.

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O filme nos mostra que é impossível cultivarmos e desenvolvermos as Virtudes que dizem respeito à coletividade tais como a Tolerância, a Aceitação, o Respeito ao Próximo, a suas posturas, crenças e opiniões, se não tivermos a oportunidade e a intenção de colocá-las em prática. Ainda que seja partindo, a princípio, dos nossos pequenos núcleos de convivência, até atingirmos como consequência toda a sociedade. Uma velha Lei recebida da tradição egípcia antiga diz que tudo que está no Macro está também no Micro. Assim, é possível que muito do que acontece ao nosso redor, não passe de um reflexo ou projeção daquilo que vem de dentro de nós. E, do mesmo modo, também é possível que as pequenas coisas que possamos fazer com o intuito de crescer, melhorar e ajudar, possam alcançar a todos. Mas, para isso precisamos ter a consciência de que sozinhos não somos completos. E que o compromisso com a Verdade e a Bondade não pode ser só por nós, mas por toda a Humanidade.

A Generosidade talvez seja a Virtude que mais tenha força para unir os Seres Humanos. Os benefícios trazidos por qualquer pequena atitude altruísta, reforçam nossa vontade de continuar a praticá-la. Não pode haver melhor sensação, que a de saber que estamos de alguma maneira ajudando no desenvolvimento da coletividade! Toda a comunidade se beneficia quando agimos sem pensar apenas em nós mesmos, assim como nós também somos beneficiados quando usufruímos dos atos generosos de alguém. Funciona como uma grande engrenagem, onde várias peças desempenham da melhor maneira possível as suas respectivas funções, para que no final a “máquina” da sociedade humana possa trabalhar mais e melhor. E todos nós somos importantes nesse processo: a falta de um pequeno parafuso, com certeza irá comprometer o desempenho final desse mecanismo.

Por toda a história conhecida, a pretensão do homem de acreditar que poderia ser auto-suficiente parece não ter levado à satisfação plena. Fez com que até mesmo grandes civilizações desmoronassem em ruínas. Os Astecas, Maias e Incas por exemplo, perderam o seu apogeu a partir do momento em que deixaram de estar unidos em torno de um Ideal, por conta da contaminação de idéias contrárias, ou no mínimo diferentes das que regiam as suas culturas. Tribos aborígenes, africanas, australianas, havaianas, muitas comunidades da Polinésia e também os indígenas de todo o continente americano, já tiveram por assim dizer, os seus dias de glória que em um período muito curto de tempo deixou de existir, simplesmente por terem perdido a pureza das ideias que os regiam, sendo contaminados pela maléfica separatividade. O próprio Império Romano após triunfar durante séculos e conquistar todo o mundo conhecido na sua época, mesmo tendo sua regência coordenada por grandes sábios e homens bem intencionados, quando não conseguiu mais, por egoísmo e individualismo, manter a idéia central de colaboração mútua também sucumbiu a separatividade. 

A colaboração entre os homens sempre foi o que fez com que reinos se erguessem, civilizações prosperassem e idéias se mantivessem vivas por muitas gerações. Por outro lado, não há nada mais perigoso do que a separatividade para destruir essa Verdade. Esse comportamento torna os homens cada vez mais egoístas e consequentemente incompletos, trazendo além da infelicidade pessoal, a incapacidade da sociedade de alcançar seus mais altos Ideais coletivos. É pura ilusão a ideia de que realmente somos capazes de conseguirmos evoluir sozinhos. Como isso seria possível se todos os homens estivessem pensando apenas neles mesmos? Dá pra chamar isso de evolução?

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Nem mesmo a simples sobrevivência é tão simples a sós. Durante a nossa experiência nesta Terra, desde o nascimento até a nossa partida daqui, sempre estaremos precisando de alguém. Pode ser que seja apenas para nos dar um simples conselho, para nos fazer companhia nos nossos momentos de tédio, estresse ou solidão, para nos inspirar com seus bons exemplos, ou até mesmo para nos mostrar nossos equívocos e nos ajudar a nos reposicionarmos na vida. O certo é que sozinhos não dá para termos uma referência que aponte o “caminho do meio”, como citado pelo Mestre Buda, ou a senda reta citada por tantos outros Mestres da Humanidade. A separatividade na verdade nos impede de nos tornarmos mais prestativos, e assim, de nos tornarmos atuantes para o crescimento coletivo e também pessoal. 

Como já dissemos anteriormente, a evolução parece ser sinônimo de União.  Podemos tomar como exemplo sociedades como a das abelhas, onde todos os seus membros  tem uma função definida. A rainha, supostamente a figura mais importante da colméia, está destinada a doar sua própria vida pelo bem estar coletivo dos seus súditos. Não há dúvida sobre o sentido da vida de cada ser: todos vivem em função da colméia. Essa é uma boa metáfora para o que chamamos de agir por dever. Se a monarca buscasse seus próprios interesses apenas, provavelmente não haveriam mais abelhas. Sem elas, consequentemente também não haveriam jardins, flores, pomares, árvores, florestas, etc. O bom funcionamento dessa sociedade, deve-se à total colaboração de seus membros de uma maneira abnegada, onde todos pensam constantemente no Todo.

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Na nossa infância éramos totalmente dependentes dos nossos pais, talvez com o acúmulo do peso provocado pelo passar dos anos, ou quem sabe por estarmos acometidos por alguma enfermidade, tenhamos que novamente depender da boa vontade ou da disposição de alguma Alma caridosa, que possa se dispor a estar ao nosso lado nesses momentos de dificuldades, que esteja disposta a se doar pelo nosso bem estar. Mas mesmo nas menores coisas, nas mais simples situações, não é possível conceber a ideia de que poderemos seguir sozinhos.

As nossas doações desinteressadas, a nossa atenção com as necessidades do próximo e a entrega das nossas conquistas pessoais pelo bem comum, nos tornam cada vez mais Humanos, mais próximos do centro que governa e ordena o nosso Ser e todo o Universo. Vivendo em coletividade, mas conscientes de que o nosso papel é fundamental para a ordem de todas as coisas, poderemos contribuir para a nossa verdadeira evolução, tanto individual quanto coletiva, pois não existe crescimento, evolução ou bem-estar que possa florescer se não estivermos devidamente comprometidos com a coletividade. Lembrem-se dessa máxima: “Somos todos um!”

Talvez possamos citar como exemplo um conto milenar oriental, já exposto aqui em uma das nossas publicações: A história de Mushkil Gusha, em que um belíssimo ritual que acontece nas noites de quinta-feira celebra a prosperidade. Nesse evento os participantes não servem a si próprios. A intenção é justamente oferecer aos outros participantes o que escolhemos de melhor para nós, demonstrando assim, que nós só podemos desejar para o outro aquilo que de melhor também queremos para nós.                                                                                                                                                                                          

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Que a mensagem desse pequeno curta e as reflexões trazidas por ele possam nos ajudar a ter uma visão mais clara sobre o nosso papel para o bom funcionamento da nossa sociedade. E principalmente nos ajude a despertar e desenvolver nossa Humildade, Benevolência e Generosidade. Que possamos ser mais atuantes e comprometidos com o Bem comum e que tenhamos em nosso cotidiano a prática da doação desinteressada. Desejemos sempre ser melhor e ajudar o mundo a ser melhor também.                                                                                                                                                             

Dizem os versos de uma canção popular: ”Um mais um é sempre mais que dois”. 

Assista o Curta:

  

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