Vivemos em um mundo que valoriza a competição. Desde cedo, somos estimulados a competir, seja na escola ou em algum esporte, a ideia de ser o melhor e colocar-se à frente dos demais está sempre presente. Queremos ser o melhor aluno, o melhor atleta, e isso, em si, não é um problema, pois é necessário que o aperfeiçoamento, ou seja, a busca por nos tornarmos melhores a cada dia, realmente faça parte de nossas vidas. Entretanto, quando essa necessidade está atrelada à ideia de competição, o que surge? Um mundo em que para chegar ao topo vale praticamente tudo.
Frente a esse cenário, é comum escutarmos frases como “Trabalhe por seus sonhos todos os dias, mas trabalhe em silêncio” ou “nunca conte para alguém os seus planos”… Já ouviu algumas dessas frases? Elas refletem o medo de confiar no próximo, afinal, num mundo onde a competição se tornou lei, ninguém quer ser deixado para trás. Mas será que precisamos viver desse modo? Vamos refletir um pouco sobre isso.
Quem acredita nos seus sonhos?
Para refletirmos sobre o mundo competitivo em que vivemos é necessário falarmos dos nossos sonhos. Todos nós possuímos objetivos e metas, sejam elas pessoais ou profissionais. Ainda assim, muitas vezes esses sonhos caem no campo da fantasia, naquilo que nunca se realizará. Ainda assim, alimentamos tais pensamentos sem, de fato, buscarmos um caminho para realizar tal objetivo. Logo, será que acreditamos nos nossos próprios sonhos?
Essa pode ser uma pergunta delicada, mas se faz necessário: quem deve acreditar nos nossos sonhos, senão nós mesmos? É fato que ao começarmos um projeto novo, seja de qual natureza for, exista muita desconfiança e descrédito por parte dos demais. Há sempre quem esteja, quase como um reflexo, “torcendo contra” ou simplesmente não levando a sério o sonho que cultivamos. Mesmo sabendo dessa realidade, isso não pode nos abalar, uma vez que, como já falamos acima, quem deve acreditar em nossos sonhos somos nós mesmos. Os demais, por mais que queiram nos apoiar – e muitas vezes o fazem – não são responsáveis por tornar nossos desejos em realidade.
É fundamental entendermos isso, pois, muito provavelmente, você já passou pela situação de compartilhar um projeto de vida com alguém que você ama e, de prontidão, veio a resposta que aquilo não daria certo, não fazia sentido ou que era melhor deixar para trás. Esse famoso “banho de água fria” ocorre por várias razões e, na maior parte das vezes, não é por maldade ou inveja, mas sim pelo fato de que a pessoa a quem você contou seus projetos não tem a mesma visão e, naturalmente, enxerga o cenário por um outro ponto de vista.
Nesses cenários, é comum que, depois da resposta, ou você se desestimule pelos comentários pessimistas, ou decida continuar tentando e pare de compartilhar a ideia. E assim surge uma dura lição que nasce pelos motivos errados: a de que não devemos compartilhar nossos sonhos. Essa é uma conclusão equivocada, mas que passa a ser real. O que ocorre é que ao compartilhar nossos sonhos criamos a expectativa que seremos estimulados, apoiados e que outras pessoas vão nos ajudar a construir esse caminho até a realização desse objetivo.
Todo Ser Humano precisa de motivação para lograr suas conquistas, lutar suas batalhas e se superar. Seja no âmbito profissional, pessoal, da saúde. O cuidado que temos que ter é de buscar as pessoas certas para nos motivar, e ter a maturidade de reconhecer que nem todas as pessoas prezam pelo sucesso e pelas conquistas do próximo.
Entretanto, devemos lembrar que vivemos em um mundo competitivo e, consequentemente, extremamente egoísta, no qual cada um está focado em seus próprios objetivos. Como podemos esperar ajuda quando, no fundo, ninguém está pensando no outro?
O problema, logo, não é compartilhar os sonhos, mas esperar que os demais vão ajudar você na construção desse caminho. No fundo sabemos que somos os únicos representantes dos nossos desejos e, quando sonhamos de modo individualista, é natural que não tenhamos pessoas ao nosso lado. Frente a essa perspectiva, parece que devemos trabalhar, de fato, sozinhos e em silêncio para que não sejamos contaminados com o mundo de opiniões contrárias que surgem ao explicarmos nossas metas de vida. Mas será que todos os nossos sonhos estão ligados a motivos egoístas? Ou será que podemos compartilhar metas maiores, que fazem vibrar o coração de milhares de pessoas?
Sonho que todos sonham não é sonho, é realidade!
Sabemos que não é simples um sonho coletivo. Entretanto, essa parece ser uma solução para podermos alinhar a motivação com as necessidades de atuação no mundo. Todos nós temos sonhos individuais, isso é o mais normal dos casos, mas será que não podemos sonhar juntos?
Assim, trabalhar em silêncio e com foco não precisa ser uma tarefa solitária, mas para tanto é preciso, primeiro, encontrar aqueles que tenham o mesmo objetivo que você. Isso pode parecer utópico, mas em pequena escala é extremamente comum: quando queremos começar uma atividade física, por exemplo, não seria melhor estarmos perto de quem também tem esse objetivo? Esse é um sonho coletivo colocado em prática e, em geral, acabamos motivados e plasmando essas metas no mundo!
Nem todos os sonhos podem ser coletivos, porém, quando nos impregnamos desse sentimento, podemos ir muito além, pois agora não estamos competindo, mas sim cooperando em prol de um único sonho. Podemos, portanto, usar essa mesma mentalidade para refletirmos quais os tipos de sonhos que são válidos em nossa vida, pois, mesmo que possamos desejar avanços em nossas carreiras e na vida pessoal, não seria interessante ter um sonho coletivo, um ideal, para construir junto com outras pessoas?
Ainda assim, é possível que haja pessoas que não acreditem nesse tipo de sonho. Mais uma vez, devemos dizer: tudo bem, é um direito de cada um acreditar ou não na perspectiva alheia. Apesar disso, não deve-se parar um sonho, mas sim trabalhar, individualmente ou coletivamente, para sua realização. Frente a essa perspectiva, não podemos nos deixar influenciar por quem não acredita em um sonho, pois somos nós os representantes dessas utopias no mundo.
Como a tirinha acima mostra, aqueles que mais desencorajam são aqueles que, no fundo, não conseguiram construir o caminho para realização dos seus sonhos e, em algum grau, estão amargurados por essa ferida. É importante refletirmos sobre isso: muitas vezes, as pessoas não fazem isso por mal, já que não é algo consciente, mas é uma forma triste de ver a Vida. E diante disso, não devemos menosprezá-las ou se magoar por suas falas, pois é a maneira como ela enxerga o mundo. No fundo, devemos desenvolver a empatia, a compaixão e colocar-se no lugar do outro, procurando entender por que age de tal forma. E, principalmente, não deixar que isso afete as nossas ações nem as nossas conquistas.
Ao invés de procurar discutir e machucar aqueles que não acreditam nos nossos sonhos, devemos nos rodear de pessoas que compartilhem e apoiem nossos projetos, assim como nós, os delas. Parece um pensamento natural e óbvio, mas na prática acabamos deixando de lado aqueles que estão nos apoiando, e focamos apenas nos críticos. Fazemos isso, muitas vezes, por nós mesmos não acreditarmos tanto que somos capazes de realizar nossos objetivos, e ficamos frustrados quando somos confrontados.
Nossa energia, entretanto, deve estar direcionada para construção e não para o embate. Sendo assim, não se desmotive por causa dos outros, foque no seu trabalho, porém em silêncio. Os resultados serão a prova do seu esforço! Façamos, enfim, como o Quixote: sonhar com um mundo melhor não é loucura, mas sim um dever humano!
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