“Agir com o Coração”; “Colocar o Coração em tudo que fizermos”; “Estamos unidos de Coração”. Essas são frases que fazem parte do nosso dia-a-dia e que ainda guardam algum resquício da profundidade e da importância do simbolismo deste órgão tão importante do nosso corpo. Porém, muito mais do que um órgão físico, o Coração nos leva a enxergar uma tônica de Vida pautada em um grau de sensibilidade e Bondade.

Para nós, no mundo contemporâneo, o Coração é uma espécie de sede das emoções. É como se, quando nos deixamos levar pelas emoções geradas pelas experiências vividas, estivéssemos vivendo algo positivo, algo autêntico, algo mais próximo de nossa real Identidade. Mas nem sempre foi assim. Em diversas tradições da Humanidade encontramos registros do Coração como sendo a sede de algo para além das nossas emoções, muito mais profundo, como um símbolo da nossa essência espiritual, daquilo que há de mais nobre em nós.

 

Na Mitologia Grega, o Coração aparece como símbolo do nascimento, do princípio da Vida. Zeus, para tentar preservar o que restou de Zagreu, engole o seu coração ainda palpitante, gerando assim o seu filho Dionísio. Também encontramos o Deus do Amor, Eros, conhecido também como cupido, que lança flechas no coração das pessoas, e assim faz nascer o Amor entre elas.

 

No Antigo Egito, acreditava-se que, ao morrer, o Coração do morto, que é a sede da Alma, seria pesado no Salão do Juízo, e deveria ser mais leve do que uma pena, a pena de Maat, Deusa da Justiça e da Verdade. Isso significa que somente aquele cujo Coração é limpo e não carrega o peso das injustiças e das mentiras, tem o direito de entrar no mundo dos Deuses.

Coração trespassado por uma flecha. Índia há 6.000 anos.

Na Índia, o Coração era símbolo da morada de Brahma, criador do Universo. E também encontramos a imagem de um jovem lançando uma flecha no Coração de Shiva, Deus das Transformações.

 

Na América Central encontramos os ritos do sacrifício do Coração. Para que o Deus Quetzalcoatl, o Deus Sol, pudesse vencer a batalha diária contra a Lua, as 400 estrelas e a escuridão, era necessário que os homens oferecessem seus Corações. Logicamente, o Coração representava uma Vida comprometida com a divindade, porém, com a decadência moral e intelectual, esses povos passaram a interpretar esta cerimônia literalmente, foi quando começaram os sacrifícios humanos.

 

Na tradição Cristã, também encontramos o Coração de Maria e de Jesus, sempre iluminados como uma espécie de Sol Interior, nos lembrando onde está a fonte da Vida, da Fé e da Bondade.

 

Sacrifício Asteca do coração.

Se pararmos para refletir sobre a natureza física do Coração, já podemos tirar diversos ensinamentos importantes para a Vida. O Coração é o órgão mais nobre que temos, tanto que, ao ouvir sua pulsação, sabemos se a pessoa ainda está com Vida ou não. Por isso ele nos faz lembrar que dentro de nós existe a semente da Nobreza e da Força, não só fisicamente, mas também quando falamos dos campos mais sutis da Vida. É ainda o órgão que distribui sangue para todo o corpo, a energia vital, como um verdadeiro ato de Generosidade de levar a Vida para todos, contribuir para o todo, que é o corpo. Esse papel é também o que nos cabe como Seres Humanos, sermos “Corações”, sempre oferecendo Vida e energia em todas as situações.

É notória a importância do simbolismo do Coração em todas as épocas e civilizações. O psicanalista Carl Jung, em sua obra, nos dá uma dica de como poderíamos entender melhor esta importância. Ele nos diz que existe no nosso inconsciente coletivo modelos perfeitos, arquétipos, que são guias que norteiam a nossa Jornada Humana.

Por exemplo, de alguma forma sabemos que o Ser Humano deve ser Bom, pois todos nós quando nos deparamos com uma atitude maldosa a chamamos de desumana. Estes arquétipos, estas ideias perfeitas, nós intuímos como válidas e buscamos vivê-las, independente do momento histórico. Seria esse o caso do simbolismo do Coração, aquela parte dentro de nós que nos indica a direção para vivermos a Vida de forma Digna e Humana, ao invés de meramente sobrevivermos.

Atualmente, nossas Vidas são mecânicas, alienadas, inconscientes. Desumanizamos a nossa sociedade. A degeneração das ideias e dos símbolos é um sintoma do quanto nos afastamos da essência das coisas, da essência de nós mesmos. Resgatar a mensagem dos símbolos é ter a oportunidade de olhar para a Vida e compreender a maneira como ela se comunica conosco: Profunda, Bela e Bondosa. Colocar realmente o nosso Coração em tudo que fizermos, olhar a Vida por esta lente, sem dúvidas nos ajudaria a nos realizar mais como Seres Humanos e, desta forma, poderíamos contribuir para um Mundo Melhor. Que possamos ser “Corações” em nossa sociedade!

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