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Nefertiti: a grande rainha do Egito

Você já ouviu falar de Nefertiti? Para os aficionados pela história do Egito Antigo esse nome não lhe é estranho, entretanto, um leitor comum talvez nunca tenha ouvido falar dessa grande rainha, que viveu há mais de 3 mil anos. Nefertiti foi uma rainha egípcia da 18° dinastia e era esposa do faraó Akhenaton, um dos mais poderosos reis que já existiram. Seu nome significa, literalmente, “a bela chegou”, e um dos traços marcantes de sua personalidade é, de fato, a exaltação de sua beleza. Uma das poucas representações suas que sobreviveram ao tempo e chegaram até nós mostra, de fato, um belo rosto feminino e que nos faz entender a razão do seu nome.

Porém, Nefertiti é muito mais do que somente uma bela rainha. Junto com Akhenaton, o casal real foi responsável por promover uma profunda reforma religiosa no Egito, unificando todo o politeísmo daquela civilização em torno de um único Deus, Aton, representado pelo disco solar. Essa é, sem dúvida, uma das maiores mudanças na religião egípcia que, durante o governo de Akhenaton, passou a viver pela primeira vez em sua história uma religião monoteísta. De acordo com a percepção do faraó, as outras divindades – vale lembrar que no Egito existiam milhares de deuses – eram apenas formas e aspectos de um único e só ser, Aton, e por isso cultuar a Aton era o mesmo que cultuar a todos.

Assim, Nefertiti participou dessa perspectiva e mudou-se junto com seu marido para a cidade de Amarna, a nova capital do império. Não podemos afirmar a participação efetiva da rainha nessa mudança religiosa, mas sabemos que no Egito as mulheres provavelmente poderiam exercer grande influência dentro da corte, logo, uma mudança deste nível sem dúvida contou com a ajuda desta grande rainha. 

Todas as mudanças político-religiosas exercidas no governo de Akhenaton, porém, não foram recebidas com bons olhos. Sabemos que esse período é marcado por uma disputa interna no Egito, principalmente por parte dos sacerdotes das outras divindades que, de uma hora para outra, precisaram adaptar-se à nova realidade imposta pelo rei. Talvez por isso um dos maiores mistérios da egiptologia esteja ligado à figura da rainha Nefertiti, uma vez que até hoje nunca encontramos sua tumba e nem a do seu marido. Esse mistério intriga a egiptologia pois há uma chance de que o casal real tenha sofrido retaliações, mesmo após a morte, devido às profundas mudanças que tentaram implementar em seu reinado. Sabemos que esse casal existiu, portanto, muito mais pelas histórias e outros artefatos que mostram a influência de Aton, como templos e outras construções, do que de fato pelas tumbas e vida privada da rainha e seu faraó.

As descobertas sobre o reinado de Akhenaton e Nefertiti começaram em 1912, quando um arqueólogo alemão encontrou uma escultura da rainha. Este é um dos maiores achados arqueológicos que se tem até hoje sobre a misteriosa rainha, e se encontra no Museu Egípcio de Berlim. Uma série de aspectos inexplicáveis ronda este busto: o traço, a perfeição e o realismo contrastam com todas as obras de arte egípcias, mostrando assim uma diferenciação também na forma de produzir arte no período do governo de Akhenaton. Há quem chame a obra de “Mona Lisa egípcia”, em razão do grau de realismo da produção. Outro mistério é que o olho esquerdo foi talhado sem a córnea, o que especula-se que possivelmente a rainha poderia ter um problema de visão. Entretanto, vale lembrar que esse também pode ser um símbolo de Hórus, o deus falcão que não possuía um dos olhos, perdidos na luta contra Seth. Mesmo em um reinado monoteísta, as influências de outras divindades são evidentes, e esse símbolo sutil pode ser a lembrança de que outros deuses ainda viviam no imaginário de todo o Egito.

Quando se coloca em sequência cronológica os escassos achados em torno de Nefertiti, percebe-se que há um momento – por volta do décimo segundo ano do reinado do seu marido – em que ela desaparece misteriosamente. Não há mais nenhum registro, nem escultura, nem pintura, nem sarcófago, absolutamente nada sobre ela. Esse mistério dá margem a diversas hipóteses, há quem sugira que eles teriam sido assassinados por uma elite religiosa da época, que seria contrária à reforma. Mas há outra corrente que sugere que Akhenaton teria sido assassinado, o fato teria sido escondido do povo e Nefertiti teria assumido o trono por anos, se passando por ele. As suposições são diversas, e todas, em algum grau, podem ser justificadas a partir do rumo em que a dinastia de Akhenaton tomou. Sabemos que logo após o fim do seu reinado a ideia do deus único, Aton, deixou de existir, e a antiga religião egípcia voltou a cultuar seus diversos deuses. Desse modo, a reforma religiosa planejada pelo faraó não durou mais do que o seu governo, o que demonstra uma insatisfação e não aceitação de suas ideias. Frente a isso, se estabeleceu que provavelmente o casal real não tenha recebido os ritos funerários adequados e talvez não esteja enterrado da maneira como geralmente encontramos a nobreza egípcia.

Toda essa incerteza em torno do que realmente aconteceu nos mostra que não sabemos quase nada sobre o Egito, mas é certo que aquela civilização impressionou todas as culturas subsequentes – babilônios, persas, gregos, macedônios, romanos – e continua a nos impactar até hoje. Dizem que, durante a Segunda Guerra Mundial, Hitler escondeu o busto de Nefertiti na Turíngia a fim de que não fosse destruído ou sequestrado pelos países oponentes à Alemanha. Por que o Egito impressiona tanto, e por que chegou a patamares tão elevados de civilização humana?

Não temos uma resposta objetiva para essa pergunta, mas não temos como deixar de relacionar o apogeu dos Valores egípcios ao jeito como eles lidavam com o Sagrado. Todas as dinastias egípcias levavam a religião muito a sério. Todos os sistemas de governo que aparecem na história egípcia estão relacionados a alguma Divindade. E esses Deuses eram simbólicos. Por exemplo, o Deus Amon representa o Espírito do Sol, o seu aspecto invisível; já o Deus Rá representa o Sol como manifestação de Amon, ou seja, o Sol visível. Quando os egípcios falavam em Amon-Rá, estavam se referindo ao Sol  como manifestação do Espírito Divino. Quando Nefertiti faz a unificação dos Deuses, ela o faz em função do Sol também, a quem chama de Aton, o Deus do disco solar.

Essa aproximação com o espiritual, tão presente na civilização egípcia, nos sinaliza que é no terreno do Sagrado que se encontram as bases para uma grande civilização, a nível de Valores Humanos. Temos livre-arbítrio para escolher um afastamento do Sagrado, das cerimônias, e de tudo que envolve esse aspecto místico da Vida, mas a história nos mostra que tal afastamento costuma levar uma civilização ao declínio.

Nefertiti, uma rainha tão linda e tão misteriosa, que viveu há 3.350 anos, hoje nos convida a viver a linguagem do Sagrado, a se abrir para o Mistério, cujos vestígios lemos na Natureza. Todos os dias o Sol desponta no horizonte aquecendo a Terra e gerando Vida. Isso é um símbolo sublime que nos fala da presença do Divino em todas as coisas, mas que foi esquecido, principalmente por causa da forma como vivemos hoje em dia. 

Precisamos olhar para as antigas civilizações e encontrar nelas um vislumbre de Sabedoria para lidarmos com os dias de hoje, para nos lembrarmos de que, independente da situação, independente da circunstância, só conseguiremos crescer verdadeiramente, se nos permitirmos sermos guiados por este Divino Sol que há dentro de cada um de nós.

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