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Mito do Rei Midas: Quando a Riqueza se Torna uma Maldição

“Vivemos em uma sociedade dominada pelo dinheiro”. Certamente você já escutou essa frase ou conhece pessoas que dedicam suas vidas em prol de conseguirem mais dinheiro, seja através de investimentos, empreendedorismo ou promoções profissionais. Esse modo de vida, que muitas vezes se traduz em horas dedicadas apenas ao mundo do trabalho, baseia-se em uma ideia de que o dinheiro lhe trará felicidade. Quando partimos dessa ótica sentimos que cada vez que adquirimos posses e recursos, mais próximos  estamos de uma realização interior. Mas será que isso é real? Realmente, a ambição por mais dinheiro pode nos trazer uma verdadeira felicidade ou, ao contrário do que pensamos nos dias atuais, essa busca pode ser uma verdadeira maldição?

Esse dilema se expressa no Mito do Rei Midas, o rei da Frígia, que tinha o poder de transformar em ouro tudo o que tocava. Ao analisarmos sua história, poderemos compreender ideias fundamentais para lidarmos melhor com nossas ambições.

Conta o mito que Midas era filho de um camponês chamado Górdio. Este, graças a uma profecia local, tornou-se rei da Frígia e, após sua morte, seu filho subiu ao trono. Ele era conhecido por ser um rei ambicioso e sua grande oportunidade surgiu quando alguns servos levaram ao seu encontro um velho homem que fora encontrado na cidade. Ele estava bêbado e aparentemente perdido, entretanto, o rei Midas reconheceu esse senhor. Era nada menos que Sileno, o pai adotivo do Deus Baco. Baco, na cultura greco-romana, era o Deus do vinho, também conhecido como Dionísio. Midas, então, como um ato de benevolência, conduz Sileno até o seu filho. Baco, ao entender a situação e o favor que Midas fez ao seu pai, decide que irá conceder um desejo ao rei da Frígia.

Midas ficou animado com a possibilidade de ter um desejo realizado por esse Deus, e sem pensar duas vezes, logo exclamou: quero ter o poder de tudo em que tocar se tornar ouro! Baco, então, realizou o desejo do rei, mesmo entendendo que este era motivado pela ganância de ter mais recursos. Naturalmente, Midas ficou feliz com sua nova habilidade e no caminho de volta transformou vários objetos, como árvores, folhas e arbustos em ouro. Porém, logo o rei ambicioso perceberia que sua habilidade também tinha um lado negativo.

A Mesa do Rei Midas , obra de Frans Francken II, o Jovem

Ao chegar em seu palácio mandou que seus servos preparassem uma refeição. Quando esta estava pronta, o rei logo foi matar sua fome, porém, ao tocar no pão, este se tornou de ouro. Tentou segurar o garfo e a faca, e logo esses também assumiram uma coloração dourada. Desesperado, percebeu que nunca mais conseguiria se alimentar. Ainda insistiu e tentou beber vinho, mas quando seus lábios tocaram no líquido, este também passou a ser de ouro, tal como a taça. Vendo a angústia do pai, Phoebe, a princesa da Frígia e filha de Midas, foi socorrê-lo, mas infelizmente se tornou uma estátua de ouro ao tocar no braço do seu amado pai. Perder sua filha, o maior de seus tesouros, mostrou a Midas que sua ambição por ouro não era uma dádiva, mas sim uma maldição. O rei orou fervorosamente para Baco, pedindo que ele o livrasse do seu desejo-maldição. O Deus do vinho mandou Midas se banhar em um rio para que, assim, sua maldição fosse quebrada. Midas assim o fez, e sua capacidade de transformar tudo em ouro foi encerrada, entretanto, ele jamais seria o mesmo. Percebeu que sua ambição o privou do seu bem mais valioso: a filha. Ele, então, desiste da condição de rei e vai morar no campo, longe da cidade e das riquezas.

O que esse mito nos ensina? Para além da curiosa história, o caso de Midas nos revela um símbolo muito importante frente aos nossos desejos: as coisas que desejamos podem acabar nos dominando. A ganância sem fim do rei o levou a uma condição que o fez perder os prazeres da Vida: o de se alimentar e, principalmente, o de se relacionar com os seus parentes mais próximos. De maneira didática, é isso que uma forte ambição faz conosco: nos isola do mundo, pois faz com que toda a nossa energia e tempo sejam dedicados a buscar mais posses. Talvez não tenhamos um final tão dramático quanto o do rei Midas, e certamente não transformamos pessoas em estátuas de ouro ao nosso toque, porém, quantas vezes prejudicamos nossas relações por não nos dedicarmos a elas? Quantas vezes deixamos de conversar com um amigo, com nosso companheiro ou companheira, por estarmos trabalhando até mais tarde?

Muitas vezes, por circunstâncias da Vida, precisamos sacrificar nosso tempo e convívio com nossos familiares por questões de sobrevivência. Afinal, vivemos em um mundo em que o dinheiro é o nosso meio de sobreviver e necessitamos dele para sustentar nossas famílias. O problema é quando a necessidade de posses passa da necessidade de sobrevivência e de conforto para o luxo desmedido. Nesse momento, estaremos, assim como Midas, sendo guiados apenas pela necessidade de obter e acumular recursos. Além disso, nesse momento, a nossa habilidade em ganhar dinheiro passa a ser uma maldição, passa a controlar nossas ações e ser o motor psicológico da nossa vida.

O que podemos fazer, afinal, para resolver esse dilema? Como não ser escravizado pela ganância? Talvez, uma chave para solucionar esse problema seja investir mais tempo em Valores Atemporais. O dinheiro, assim como as riquezas desse mundo material, são temporais. O que ganhamos hoje será, certamente, gastado amanhã. Logo, sempre estará indo e vindo, começando e terminando, em um círculo vicioso. Entretanto, os Valores Atemporais, como a Sabedoria que adquirimos numa boa conversa em família, ou o Amor Fraterno que se nutre através de um verdadeiro riso amigo, são bens que serão carregados até o fim dos nossos dias, e possivelmente até mesmo depois de nossa partida. O momento em si irá passar, mas o sentimento despertado por eles não. Estes serão gravados em nossa Alma, e mesmo que estejamos em um outro contexto ou situação bem distinta, ainda poderemos nos lembrar e resgatar as Virtudes compartilhadas nesse momento.

No fim, parece clichê, nós sabemos disso, mas o principal de nossas existências não está no dinheiro e no que ele pode comprar. Certamente necessitamos nos alimentar, precisamos de uma casa e de uma condição financeira confortável; entretanto, no fim, o que carregamos por toda a Vida são os sorrisos sinceros, a Gentileza que fizemos para com os outros e todas as Virtudes que podemos despertar. Não deixemos, portanto, que nossas ambições nos roubem os momentos de prazer e felicidade, que não seja preciso transformarmos tudo à nossa volta em ouro, para percebermos que, no fim, a verdadeira riqueza está dentro de nós mesmos.

 

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