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Bruxas, o poder simbólico da relação com a Natureza

Representação da deusa celta Cerridwen

Atualmente, quando falamos de bruxas pensamos em mulheres com uma profunda relação com a Natureza, de tal maneira que conseguem utilizá-la a seu favor. Nos vem à mente anciãs, sábias, vilãs, ou também, mulheres sedutoras cujo poder e autonomia nos amedrontam e nos atraem misteriosamente. Essas imagens que chegam até nós, foram construídas durante muitos anos de preconceitos e radicalismos investidos contra cultos ao Sagrado e Religiões que comumente conhecemos como pagãs. Mas nem sempre foi assim na história da Humanidade, e se humildemente nos debruçarmos sobre o poder simbólico das bruxas poderemos entender melhor o porquê de ainda hoje elas fazerem parte do nosso imaginário.

Arte de Pedro Américo retratando Joana D’Arc morta na fogueira da Inquisição acusada de bruxaria

Resgatando a origem etimológica da palavra Bruxa, percebemos que ela deriva do italiano “bruciare” que significa queimar. Todos lembramos das aulas de história, que no período da Inquisição, na Idade média, muitas foram as mulheres queimadas em fogueiras acusadas de bruxaria por fazerem uso de plantas medicinais, rituais para a lua, cerimônias e tantos outros elementos ignorados em seus significados profundos pelos costumes que naquela altura estavam em voga. 

Arte de Adrienne Stein

O que conhecemos como bruxas então referem-se às mulheres que cultuavam Deuses e atributos da Natureza. Percebemos, através da Arte, das histórias e dos mitos que chegaram até nós, que esta relação da mulher com a Natureza é algo que existe desde tempos imemoriais. Na cultura greco-romana, tínhamos as sacerdotisas conhecidas como pitonisas no Oráculo de Delfos, (sobre este assunto ler mais aqui neste texto do portal) e as vestais, mulheres que eram encarregadas de proteger o fogo Sagrado da Sabedoria, símbolo da Deusa Héstia. Na cultura Celta, a Deusa Cerridwen com seu caldeirão gerador de vida é até hoje uma imagem que representa as bruxas más, assim como uma das suas principais sacerdotisas, Morgana del Fey, que aparece em várias histórias de fantasias como “a bruxa má Morgana” ou “Morgana das fadas”. (ler mais aqui – As Brumas de Avalon e a Cultura Celta). Na literatura, de Shakespeare até Harry Potter, vamos entrando em contato com esta imagem de um Ser Humano com poderes para além do comum, uma espécie de ponte entre o mundo concreto e o que há de mais sutil na vida, como a capacidade de sentir os demais, de ver a vida não só com os sentidos físicos.

Arte de Théodore Chassériau retratando Macbeth, personagem de Shakespeare, encontrando com bruxas

Da Idade Média para cá, ora vemos esta potencialidade de se relacionar com a vida para além de sua concretude física como algo tenebroso, ora vemos com muito romantismo. Ora as bruxas aparecem com verrugas, em cima de vassouras, maltratando criancinhas, ora são seres inalcançáveis e muito especiais, superiores aos outros Seres Humanos, às vezes sequer sendo Humanos. Toda esta fantasia em volta das bruxas contribui para que não percebamos que todos nós temos uma capacidade de nos relacionar com a vida e entender melhor seus Mistérios, agradecendo por sua generosidade e respeitando sua potencialidade de também estar vivo.

Representação de uma curandeira fazendo escalda pé, autor não encontrado

Nós, contemporâneos, nos sentimos à parte da Natureza. Estarmos vivos, sermos capazes de amar os demais, de nos doar ao próximo, de achar respostas para adversidades complexas que cruzam nosso caminho, é uma forma de magia, de bruxaria, de Mistério que, por mais que a razão humana busque entender, até hoje a ciência não foi capaz de desvendar todas as perguntas complexas. De onde viemos? Qual o sentido da Vida? 

Perceber que a Vida vai além do que compreendemos com a razão é se abrir um pouco mais para a Magia e o Mistério que circunda nossa existência. É o mesmo que perceber o poder medicinal das plantas, é o mesmo que agradecer ao Sol por nos iluminar, e assim ter mais consciência do quanto realmente ele nos dá luz e vida. É o mesmo que perceber que a mesma vida que corre nas plantas, nos animais, nos minerais também corre nas nossas veias.

Os filósofos antigos afirmavam que a Sabedoria é a capacidade do Homem de unir-se à Natureza, por isso é tão importante resgatarmos este Poder de conexão com a Natureza, representado por muito tempo pela imagem das sacerdotisas, das mulheres curandeiras e das bruxas. Talvez, de ‘bruxos e loucos’, cada um de nós devamos ser um pouco. 

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