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O Sacrifício e a Criação do Universo na Cultura Asteca

É fato que conhecemos muito pouco sobre os nossos antepassados da América, como os Incas, os Maias e os Astecas. Sabemos menos ainda sobre as suas mitologias. Limitados por vezes a um olhar etnocêntrico e judaico-cristão, nós deixamos de aprender com essas tradições e as reduzimos a culturas infantis e sem importância. Porém, se formos capazes de superar este preconceito, poderemos encontrar inúmeras pérolas de Sabedoria.

Para a cultura Asteca, o mundo em que vivemos é fruto de uma ação conjunta de vários Deuses celestes e terrestres, que criaram e mantêm os Astros, a Vida e todos os Homens. Esses seres primordiais se sacrificam para garantir a Vida de tudo o que existe no Universo. Um dos mitos mais bonitos e sofisticados dos Astecas fala sobre a origem do Universo ou a “Lenda dos Cinco Sóis”. Para essa civilização, existiram quatro mundos antes desse que habitamos hoje. O primeiro chamava-se “Sol de Tigre”; o segundo, “Sol de Vento”; o terceiro, “Sol de chuva ou Fogo” e o quarto, “Sol de Água”. Por fim, sendo o mundo atual o quinto mundo, foi denominado como “Sol de Movimento”. Segundo essa tradição, os mundos que precederam ao nosso foram destruídos pelas mudanças geológicas sofridas pela Terra. Mas, existem algumas interpretações que afirmam que os mundos anteriores foram testes dos Deuses para criar um mundo que pudesse atender às necessidades Humanas.

Após as quatros tentativas, o Panteão dos Deuses Astecas preocupados com a escuridão e a ausência de Vida no mundo, promoveram uma reunião para resolver tal situação e assim decidiram criar o quinto mundo. Entretanto, para a concretização do plano, era necessário dar energia ao novo mundo, e para isso era preciso que um Deus se sacrificasse jogando-se dentro de uma fogueira. Depois de vários debates, se escolheu para tal sacrifício o Deus Tecuciztecatl, que era rico e orgulhoso. Porém, diante da fogueira Tecuciztecatl retrocedeu e não teve coragem de realizar tal missão. Mas, um outro Deus chamado Nanahuatzin, que tinha como características a Humildade e a Coragem, ao perceber a necessidade de realizar a missão, se lançou à fogueira e converteu-se no Sol. Ao ver o ato de Heroísmo do segundo Deus, Tecuciztecatl, joga-se na fogueira e transforma-se na Lua. Para energizar e dar o movimento necessário aos astros recém-criados, outros Deuses também tiveram que se sacrificar para dar origem à “água preciosa”, equivalente ao “sangue”, que gera a Vida para o Sol e para a Lua.

Por este motivo, o sacrifício na cultura Asteca é visto como um dos atos mais Heróicos que um indivíduo pode fazer em nome do Todo, pois a segurança e o crescimento de qualquer coisa, está diretamente ligado à ideia do sacrifício. Isso faz muito sentido em nosso contexto de hoje, veja por exemplo que não dá para ser um pianista sem sacrificar muitas horas de estudos por dia ao longo de décadas, ou mesmo a Vida inteira. Um bebê não será capaz de crescer saudável sem que seus pais sacrifiquem algumas noites de sono, ou alguns momentos de lazer, para garantir a ele segurança, saúde, alimentação, educação, etc. Assim, é condição indispensável você doar para gerar Vida, gerar movimento e fazer crescer. Disso depende a evolução de todas as coisas.

Que outros aspectos a Mitologia Asteca pode nos ensinar? Como compreender seus símbolos e mensagens em profundidade? Como essa cultura pode nos iluminar e nos ajudar a compreender a nossa própria essência Humana?

É fundamental compreender o aspecto simbólico deste mito, pois houveram momentos de decadência na civilização Asteca em que esse símbolo de sacrifício foi tratado de forma distorcida, ou seja, no seu sentido literal. Apesar da ideia original do termo sacrifício remeter a um fazer Sagrado, com a degeneração dessa civilização, o sentido original foi sendo deturpado até chegar ao ponto de passarem a fazer sacrifícios Humanos de prisioneiros, algo que é totalmente contrário à essência original do mito. Quando uma sociedade se torna materialista, ela perde a capacidade de compreender a linguagem dos símbolos, algo que é próprio das Almas sensíveis, capazes de enxergar a Vida com profundidade. E a tendência é interpretar tudo de forma literal.

Cada civilização encontrou um jeito particular para narrar a origem do Universo e de todas as coisas que nele existem. Buscar compreender, encontrar respostas e explicar o mundo que nos cerca é uma necessidade vital de nossa condição Humana. Necessidade essa que está expressa nas diversas formas de culturas, principalmente, através das narrativas mitológicas de cada povo.Com a Mitologia Asteca em questão, podemos aprender várias coisas, dentre elas a importância de ver que tudo está interligado por um mesmo princípio de Vida, que surge do Heroísmo e da entrega dos Deuses. O Sol, a Lua e a “Água Preciosa”, que é a fonte da energia que faz tudo se mover, desde os astros no céu até o sangue em nossas veias, nascem deste mesmo princípio. Mas, só quem consegue compreender essa Verdade é quem se sacrifica, enquanto parte, para servir ao Todo. Simbolicamente precisamos reviver o sacrifício dos Deuses diariamente em nossas Vidas, precisamos renunciar aos nossos egoísmos e nossos desejos para que a Vida siga no seu curso normal e evolutivo… É preciso ter Humildade e Coragem para lançar-se nessa fogueira Sagrada, e entender que o mundo que sonhamos construir, só existirá se oferecermos nossas Vidas em nome do Bem, da Beleza e da Justiça.

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