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“Corpus Christi” – Como Sacralizar a Vida?

Feriado nessa semana chegando e em que pensamos? Em como aproveitá-lo! Viagem, dormir um pouco mais, imprensar num feriadão e ir à praia… No meio dos planos, lembramos que o feriado é por conta do dia de Corpus Christi, mas o significado deste dia não fazemos ideia!

Os primeiros meses do ano homenageiam em datas diferentes a morte e a ressurreição de Jesus. Começa com o carnaval, 40 dias depois vem a páscoa, 50 dias após a páscoa é dia de Pentecostes e 10 dias depois, o Corpus Christi. Originado do latim, o nome do feriado significa “Corpo de Cristo” e surgiu na Europa no século XIII com o papa Urbano IV. Os relatos falam que tudo se iniciou com uma freira belga, Juliana Mont Cornillon, que teve uma visão de Cristo pedindo para que essa celebração fosse reconhecida não só na Igreja, mas que também fosse apresentada para o povo em geral.

Na última ceia com seus apóstolos, Jesus mandou que celebrassem a sua lembrança comendo o pão e bebendo o vinho, que se transformariam em seu Corpo e seu Sangue. Então, nesse feriado, é celebrado o mistério da Eucaristia, o Sacramento do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo. O cálice, com vinho dentro representando o sangue, e a hóstia, representando o Corpo, são transportados em procissão em uma estrutura chamada Santíssimo, na primeira quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade.

Em Portugal, eram feitos desenhos e símbolos tradicionais em formato de tapetes preenchendo o caminho percorrido pela celebração. Com a colonização do Brasil, essa tradição veio junto e permanece até hoje nos dois países.

Após o feriado, os tapetes são desmanchados, e apesar de ser uma comemoração específica do catolicismo, os tapetes feitos com areia, sal, ferragens e outros pós coloridos, nos remetem um pouco à milenar tradição das mandalas budistas. Na tradição tibetana, as mandalas podem ser feitas de diversos materiais, e uma delas é com areia colorida em cima. O processo demora de dias e até meses para a realização de uma cerimônia específica, e ao fim da cerimônia, a mandala é desfeita e a areia é jogada em um rio.

Muitos se questionam ao observarem os monges trabalhando com as mandalas. Como pode, após tantas horas de dedicação e trabalho, construir algo tão belo e logo depois destruí-lo? Qual o sentido nisso? Não seria melhor não fazer? Ou porque não fazer de qualquer jeito, já que vai ser destruído?

O verdadeiro motivo do trabalho dos monges, todo o empenho em fazer mandalas cada vez mais belas, mais detalhadas, mais perfeitas, é para que reflitam e aprendam sobre a impermanência das coisas materiais. O valor do trabalho não está na mandala em si, não é físico, mas nas virtudes usadas para construir a mandala. O amor, o cuidado, a atenção e a dedicação em criar algo e ofertar ao divino, é o verdadeiro sentido dessa celebração. Por isso, todo o trabalho não é feito em vão, pois os frutos gerados pela oferenda permanecem.

E talvez esta mesma ideia sobre o que verdadeiramente permanece e o que é transitório inspire a todos que trabalham pelos tapetes no feriado que se aproxima. Podemos não ser católicos, podemos não nos relacionar com o cristianismo, mas podemos usar esta data comemorativa para uma bela reflexão: quanto tempo em nossas vidas dedicamos ao transitório e passageiro? E quanto de nossas vidas dedicamos ao permanente e eterno?

Você deve estar pensando agora: “Mas eu não tenho tempo para estar indo a igreja, para participar dessas celebrações ou para fazer oferendas ao Sagrado”, “minha vida é uma correria, mal consigo fazer as minhas obrigações diárias, como posso dedicar tempo ao permanente e eterno?” O que podemos dizer a você é que todos os seus atos, desde que você acorda até quando você se deita para dormir, podem ser vividos de forma sagrada. E aí encontra-se a chave para uma vida mais consciente e com sentido.

Procurar fazer as suas atividades diárias dando sempre o seu melhor, buscando sempre aprimorar a forma de realizar cada coisa e agindo com a mentalidade limpa e pura é a melhor forma de dedicação ao Sagrado que existe. Buscar desenvolver cotidianamente, através de cada gesto e de cada ação, os seus poderes internos, as suas virtudes humanas, é o melhor presente que podemos oferecer. Ser cada vez mais paciente, compreensivo, atencioso, gentil, generoso, atento, alegre, firme quando for necessário, é o nosso papel enquanto seres humanos. É isso que Deus, a Vida, espera de nós, por isso, é o melhor que podemos oferecer.

Desta forma, quando falamos que devemos sacralizar a nossa vida, ou seja, dedicá-la sempre, em todos os momentos, ao que é Sagrado e, por isso, eterno e permanente, estamos falando justamente disso, da busca diária pelo desenvolvimento das nossas Virtudes Humanas. Não se trata de ir à igreja ou participar de determinado ato religioso, porque de nada adianta fazer isso se não se tem a mentalidade correta, ou nem mesmo se sabe porque está ali. Por isso que garantimos que todos nós somos capazes de viver a nossa vida de forma mais Sagrada e consciente, basta ativarmos uma chave dentro de nós: a Vontade.

Que neste feriado, e sempre, possamos nos inspirar nesta tradição dos tapetes para dedicar o melhor de nós mesmos como oferenda ao permanente!

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