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O universo que não vemos é muito maior do que o que vemos

Vocês já perceberam como os nossos sentidos são incríveis? Se pararmos para pensar um pouco sobre eles, notamos habilidades tão especiais que jamais pensaríamos que eles são descartáveis. O olfato, por exemplo, é capaz de distinguir os aromas e assim nos fazer sentir o perfume das rosas, o cheiro do mato após uma chuva ou o agradável cheiro de comida bem preparada. De igual modo, ele nos ajuda a perceber os maus cheiros que nos causam repulsa e tendem a nos afastar. E desse modo, podemos distinguir o agradável do desagradável, o que é bom ou mau.

Como seu nome já diz, os sentidos nos fazem sentir o mundo a partir dos seus atributos e com isso passamos não somente a conhecer o universo à nossa volta, mas também a nos posicionar quanto a ele. Em grande parte, nossa experiência sensorial define nosso comportamento, nossas emoções e até mesmo os nossos pensamentos. Quem de nós, por exemplo, ao entrar em ambiente desarrumado, sujo e com um mau cheiro não se sentiu desconfortável? Provavelmente, nessa situação, fizemos diversos julgamentos sobre a pessoa que morava naquele ambiente e desejamos nunca mais voltar lá. Inclusive, mesmo agora, só de lembrar dessa experiência, podemos sentir, novamente, certo asco dos elementos que lá encontramos. Todas essas percepções foram, em maior ou menor grau, geradas pelos nossos sentidos. Seguindo a mesma linha do exemplo, quando vivenciamos momentos prazerosos, como estar em ambiente estético, agradável, provando de uma boa comida e ouvindo uma música que gostamos, acabamos, através dos nossos sentidos, degustando de uma excelente experiência que, posteriormente, costumamos lembrar positivamente.

Visto isso, como não afirmar que conhecemos o mundo pelos sentidos? Como podemos notar, todas as nossas experiências vão passar pelos nossos sentidos, uma vez que estes são, em grande medida, os captadores da realidade objetiva em que vivemos. Tocamos nos objetos, observamos as paisagens, ouvimos os sons, provamos os gostos e sentimos os cheiros e isso, em boa parte, define o que conhecemos da vida. Entretanto, o Ser Humano possui outras faculdades que são capazes de acessar o que chamamos de “realidade” de forma ainda mais profunda. Para as doutrinas antigas, como a Egípcia e a Tibetana, falava-se dos “sentidos internos” que todos nós podemos (e devemos) desenvolver. Tais elementos são, em verdade, similares às virtudes que foram bem definidas pelos Gregos antigos, aquelas qualidades de pensamentos, sentimentos e ações guiadas por uma ideia. Esse sentido interno, portanto, captaria as expressões do mundo, mas de maneira subjetiva, dando assim uma nova percepção do que estamos chamando de realidade.

Para colocarmos em exemplos, pensemos em duas pessoas assistindo a um pôr do sol: uma delas irá perceber a beleza daquele momento da natureza, o quanto o sol é imponente e o grande gerador de vida que nos cerca. Possivelmente se sentirá partícipe daquela realidade e, para ela, a vida será uma grande conexão entre diferentes formas de vida; para a segunda pessoa, ela está olhando o pôr do sol, uma estrela que nosso planeta circunda e que todos os dias desponta no leste e se põe no oeste.

Qual a diferença entre as duas pessoas? Uma utiliza apenas a visão para enxergar objetivamente o mundo. A outra, além de ver, também vê com seus sentidos internos, ou seja, as suas virtudes, e assim, aprecia o momento vivido. É preciso, portanto, o uso da razão para ir além do que os sentidos nos mostram e por isso, somente os humanos são capazes de apreciar com profundidade a vida. Os animais, por exemplo, não possuem essa faculdade abstrata e por isso podem até ver o pôr-do-sol, mas jamais vivenciam esse momento de apreciação.

Ainda assim é possível que algumas pessoas afirmem que buscar um sentido profundo de vida é algo irreal, uma abstração pouco realista do que realmente é a vida, pois não se pode tocar em sentimentos e virtudes, ao contrário da objetividade da luz do sol e o movimento que fazemos ao seu redor. Partindo desse princípio é que a famosa frase “eu só creio no que vejo” ganhou corpo em nosso mundo atual e hoje é quase um mantra no senso comum da população. Esse materialismo cria, portanto, uma visão de mundo em que somente o que é captado e provado pelos sentidos, em seus mais diferentes aspectos, possa ser digno de ser estudado, compreendido e levado a sério.

Mas será que nossos sentidos são tão confiáveis assim para abarcar toda a realidade? Como ignorar, então, toda a imaterialidade que existe dentro de nós, como pensamentos e sentimentos?

Vamos pensar um pouco sobre isso! Provavelmente, você já se deparou com algumas ilusões de ótica, correto? Elas ocorrem quando nosso cérebro interpreta de forma errada uma imagem, fazendo-nos confundir e achar que ela está em movimento. Visto isso, nem sempre podemos confiar integralmente no que observamos com nossos olhos. Na verdade, o que enxergamos é apenas um pequeno e limitado espectro da luz, que vai da cor vermelha ao violeta. Tanto que as outras faixas de frequência (geralmente chamadas de infravermelho e ultravioleta) não são visíveis, mas sentimos seus efeitos.

Com os nossos outros quatro sentidos acontece o mesmo. Não conseguimos sentir o toque de uma bactéria que passeia em nossa pele, do mesmo jeito que não escutamos infra sons. O que isso nos mostra? Que é impossível abarcar a realidade em sua totalidade apenas com os sentidos. Se assim o fosse, deveríamos considerar que alguns animais, que possuem alguns sentidos mais avançados que os nossos, compreendem melhor a realidade do que os humanos

Dito isso, não podemos acreditar somente no que vemos. Hoje falamos abertamente que a ciência está na busca pela verdade, mas lembremos de que essa é uma busca. Quando passamos a tratar o método científico e suas constatações como absolutas – um princípio que a própria ciência não aceita -, passamos a não ser mais cientistas, mas sim dogmáticos. Por que falamos isso? Porque precisamos compreender que o Universo e seus mistérios estão além do nosso ponto de vista limitado e que devemos estar abertos a investigar aquilo que não conseguimos provar, sentir ou tocar.

Para isso, temos, como já falava as tradições que citamos, essas faculdades subjetivas. Seus métodos não são empíricos, mas uma vez que entramos em contato com eles não duvidamos de sua existência. Pergunte, por exemplo, para alguém que ama outra pessoa se ela consegue descrever ou provar se esse sentimento existe. Mesmo que ela demonstre com gestos, palavras e todas as atitudes que caracterizam os atributos de alguém apaixonado, o amor só pode ser constatado por aqueles que amam. Essa evidência interior, que está muito além de processos químicos que ocorrem no cérebro, transformam a realidade do indivíduo e o faz enxergar (e agir) de forma diferente o mundo.

Por isso, não há como explicar tais questões do mesmo jeito que seria quase impossível mostrar para uma pessoa que “só acredita vendo” um mundo tão subjetivo e real como o que parte dos pensamentos e sentimentos metafísicos. Platão, filósofo Grego do século IV a.C., dizia que tais pessoas, devotas dos sentidos e do que é material, só podiam desfrutar de um tipo de prazer que são aqueles que advém dos sentidos. Assim seriam capazes de sentir prazer apreciando uma boa comida, escutando uma boa música e vendo uma bela paisagem. Porém, tais indivíduos não conseguiriam apreciar os prazeres inteligíveis, aqueles que vão para além da matéria e buscam o atemporal, o metafísico. 

Tais prazeres podem ser resumidos em Bondade, Beleza e Verdade. Tais questões não participam dos sentidos, pois precisam do uso da razão para serem vividos no mundo. Mais uma vez pensemos no seguinte exemplo: imagine que precisamos ajudar uma pessoa e para isso iremos nos esforçar ao máximo. Nosso corpo ficará cansado, nossa energia irá se esgotar, e é possível que eu não goste do que precise ser feito, além disso, talvez, fique em dúvida se devo ajudar ou não. Mas qual a sensação que sentimos ao ajudar alguém sem esperar nada em troca? Muitas vezes ficamos felizes, e nenhum sentido participa dessa felicidade. Nos realizamos por ajudar, conscientemente, outra pessoa. Esse é o prazer inteligível, que jamais será provado por meios científicos, mas que todos nós podemos desfrutar se nos colocarmos à disposição deles. Portanto, não nos apeguemos às formas. Utilizemos nossa capacidade intelectual para compreender que, no fundo, o que sabemos ainda é muito pouco comparado ao tamanho da nossa ignorância. Façamos despertar então nossos sentidos internos, aqueles que farão enxergar a vida, o Universo e o Ser Humano sob uma nova perspectiva.

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