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A metáfora do lápis: o que podemos aprender com ela?

Você já ouviu a metáfora do lápis? Apesar de ser uma singela história, ela resume o papel que todo ser humano deveria buscar em sua vida. Antes de contá-la e refletir sobre seus ensinamentos, é válido lembrar que tais narrativas, geralmente repletas de um sentido mais profundo, por vezes são tratadas de forma irônica, até mesmo descredibilizada, por não serem complexas. Os que seguem esse caminho perdem de vista a beleza da simplicidade e o axioma de que não há nada superior à verdade. Não é preciso belas palavras para enfeitar um texto, mas sim de profundidade filosófica em sua mensagem. 

Tendo isso em mente, vamos ao pequeno conto. 

Conta-se que um garoto observava seu avô escrevendo em um papel. Curioso pelo conteúdo, logo perguntou se o avô escrevia sobre ele, o rapaz. 

O avô, com um sorriso sincero no rosto, respondeu que sim. Porém, mais importante do que o conteúdo que escrevia sobre o garoto era o lápis que ele usava. Com palavras gentis, o avô exprimiu no papel que seu maior desejo era que o seu neto fosse como o lápis.

Isso pareceu um sonho confuso para o garoto, que não entendia a relação que o avô acabara de fazer. Sendo assim, perguntou diretamente qual o sentido de se parecer com um lápis.

O avô, sempre gentil, começou a lhe explicar:

— Há cinco qualidades no lápis que se você conseguir vivê-las, se tornará um grande ser humano. E é isso que eu desejo para ti, meu neto.

O avô então começou a elencar as qualidades que apreciava no lápis.

— Primeiramente, assim como o lápis você pode fazer coisas grandiosas. O lápis consegue registrar fórmulas, escrever sentimentos, fazer poesia e música. Porém, ele é apenas um instrumento para a mão que o guia. O guia, ou seja, essa inteligência que usa o lápis para escrever o que há de belo, é Deus. E se você for um bom lápis, será capaz de escrever os pensamentos e desejos de Deus.

— A segunda qualidade do lápis é que de tempos em tempos será preciso parar de escrever para ser apontado. Esse movimento não é perda de tempo, mas um refinamento para poder escrever melhor e com mais afinco. Isso faz com que o lápis passe por um sofrimento breve, afinal, o apontador irá desgastar a estrutura do lápis, mas todo esforço é válido para que se cumpra o seu dever. Espero que você também não se limite pelas dores que sentirá, todas oriundas da necessidade de uma melhor atuação.

— A terceira qualidade é permitir que seus erros sejam apagados. O lápis não tem poder sobre as correções, sempre necessárias para a construção de uma melhor ideia ou frase. Do mesmo modo, não se sinta mal ao ser corrigido, pois é graças a isso que podemos aperfeiçoar nossas técnicas e nós mesmos.

— A quarta qualidade é o material de que é composto. Um bom lápis não é feito da melhor madeira, mas sim do grafite que está em seu interior. Garanta que dentro de si tenha sempre os melhores pensamentos e sentimentos, pois esses são os materiais que construirão a natureza do seu trabalho. Não perca tempo embelezando o externo, pois assim como um lápis não cumpre sua função por causa da madeira, você também não cumprirá seu papel com adornos.

— A quinta qualidade é que o lápis sempre deixa uma marca. Seja um ponto, um traço, um desenho, uma fórmula científica ou um poema. Do mesmo modo, garanta deixar sua marca no mundo e nas pessoas a sua volta, sendo um verdadeiro instrumento positivo na vida que o cerca.

Ao fim, o garoto sorriu, percebendo quantas qualidades um lápis possui, e continuou a aprender com seu avô acerca das possibilidades que o futuro o reservava.

Esse pequeno conto nos traz de forma singela uma série de qualidades e virtudes que todo Ser Humano deve buscar em seu cotidiano. Por isso, é nosso dever entender melhor suas expressões e como podemos aplicar cada uma dessas qualidades no mundo. Agora vamos desenvolver um pouco mais esses pensamentos.

Começando pela primeira qualidade, há quem pense que ao falar de “Deus”, trata-se somente do conceito religioso, de que há uma força superior por trás de todas as nossas ações. Isso também é uma leitura correta, mas pensemos da seguinte maneira. Se somos um “instrumento”, ou seja, um lápis, o que nos faz movimentar para escrever nossa própria história? Há quem chame isso de Deus, mas na filosofia antiga poderia receber o nome de Ideias, de Ente, de Alma ou de aquilo que nos faz movimentar e gerar ações concretas. Nesse sentido, podemos garantir que todas as nossas ações sejam movidas por uma mão altruísta, ou seja, por pensamentos e sentimentos que busquem a harmonia e a unidade entre nós e o mundo ao nosso redor. Se pensarmos nesse aspecto chegaremos a uma vida em que as nossas ações serão um reflexo de uma busca incessante pelo bem comum, pela Justiça e pela Verdade. Tais atributos não seriam uma expressão de Deus?

Assim, quando pensarmos desse modo, chegaremos, inevitavelmente, ao aspecto atemporal que guia nossas ações no mundo temporal, o que os religiosos chamam de Deus, mas que podemos chamar apenas de Ideias ou mesmo de “Mistério”.

A segunda qualidade nos fala sobre a necessidade de nos aprimorarmos, e talvez esse seja um dos ensinamentos mais práticos para a nossa vida atual. Normalmente, buscamos um aprimoramento técnico em nossos ofícios através de graduações, pós-graduações e cursos que nos habilitam a ser grandes profissionais. Entretanto, será que só isso basta? Devemos entender que o aperfeiçoamento do qual se fala na metáfora do lápis não está necessariamente ligado a aspectos técnicos, mas sim humanos. Aperfeiçoar-se enquanto ser humano é desenvolver cada vez mais as virtudes que comentamos acima e isso, por vezes, nos desgasta. Pensem o quão difícil é se tornar paciente, gentil, amoroso, afinal, para cada uma dessas virtudes há uma série de desafios e aprendizados que precisamos passar. É nesses momentos em que somos colocados à prova e, tal como o lápis, seremos submetidos a uma série de apontamentos. Porém, se soubermos retirar o melhor de cada um desses dolorosos momentos, poderemos sair dessas experiências melhores, mais preparados para atuar em prol da virtude.

A terceira qualidade nos fala sobre a necessidade de aprendermos com nossos erros. Fala-se que no Universo não há perdão, mas sim redenção. Não nascemos perfeitos e, por isso, os erros são naturais em nossa caminhada. Aceitar esse fato nos faz entender que ser corrigido é a chance que temos para alcançar um estado de aperfeiçoamento. Enquanto estivermos vivendo a ilusão de que o que fazemos, seja do ponto de vista humano, social ou mesmo profissional, é perfeito, jamais vamos evoluir nossas habilidades e virtudes, pois sempre acharemos que já somos bons. Assim, não devemos ter medo de ser corrigidos. Isso porque, principalmente, devemos nos dar a chance de construir novas possibilidades, refazendo o que for necessário, e assim galgar novos patamares.

A quarta qualidade também se faz fundamental em nossa transformação interior. Em diversas doutrinas filosóficas, fala-se da dualidade e uma das mais importantes está na relação entre o externo e o interno. Assim, de nada adianta enfeitarmos nossos aspectos visíveis, ou seja, termos uma fala bonita, gestos bonitos e até mesmo uma beleza física impactante, se internamente estamos corrompidos. Isso porque a virtude nasce do interno e se apresenta ao externo de forma natural, logo, pessoas que cultivam a bondade vão ter atitudes bondosas, mas atitudes bondosas não necessariamente estão refletindo a bondade. Podemos ajudar os demais por uma série de intenções, algumas boas e outras não tão voltadas para os nossos aspectos superiores. Por isso, é fundamental entendermos essa relação e trabalharmos principalmente nossas intenções, inclinações e compreendermos quando estamos verdadeiramente buscando ser virtuosos e quando estamos apenas aparentando virtudes.

Por fim, a quinta qualidade é entender que a nossa marca no mundo não se trata de um legado físico. Não significa deixar bens materiais, pois estes rapidamente desaparecerão do mundo. A verdadeira marca de uma pessoa virtuosa é seu exemplo de vida, em que as próximas gerações poderão se espelhar e se aperfeiçoar a partir dos ensinamentos que a sua própria vida deixou. Os grandes seres humanos, aqueles que verdadeiramente marcaram a história, seguiram esse caminho e seus ensinamentos, seja por meio das palavras que proferiram e principalmente pelos exemplos de vida que foram, ecoam na eternidade e são referências para todos nós. Essa é a marca atemporal e indelével que podemos deixar no mundo se vivermos de maneira virtuosa.

Sejamos, portanto, a nossa melhor versão para que, assim como o lápis que serve bem a quem o usa, possamos ser o melhor instrumento possível para a expressão da nossa verdadeira natureza humana.

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