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Você Tem Cinco Casas

Minha mãe gosta de falar que “costume de casa vai á praça”. Passei a infância escutando esse jargão. Sempre que levantava e não arrumava a cama, ou não lavava meu prato após alguma refeição e minha mãe percebia a falha, lá vinha a sabedoria popular do “costume de casa ir à praça”. Quando criança eu não entendia muito bem o que ela queria dizer com essas palavras, até um dia em que fui almoçar na casa de um amigo do colégio e o dito popular fez-se presente.

Hoje entendo o que minha mãe tentou me ensinar: nossos hábitos não se encerram em nós. É bem provável que a maioria dos hábitos que temos em nossa casa, ou conosco mesmo, sejam repetidos em outros ambientes. Se tenho uma casa desorganizada, por exemplo, provavelmente no meu trabalho não deve existir muita ordem. É possível, ainda, que eu não tenha ideias claras, ou uma mente pouco organizada, o que gera confusão e ansiedade. Por isso, deveríamos cultivar bons costumes dentro de nossos ambientes, nossos lares e casas. E escrevo no plural porque não habitamos somente dentro da nossa residência, da nossa casa física, que tem um CEP e um número. Nós possuímos também outros tipos de residências.

Quando pensamos em uma casa geralmente nos remetemos a uma ideia de conforto, refúgio, um local em que nos sentimos acolhidos e, ao mesmo tempo, responsáveis. Por isso cuidamos com afinco e carinho. Varremos, passamos o pano, trocamos o lixo e deixamos todos os ambientes agradáveis. Do mesmo modo deveríamos cuidar do planeta, tendo a mentalidade de que o nosso planeta é o nosso lar. Se observássemos nossa relação com a Terra, por este ponto de vista, não nos permitiríamos atitudes tão grosseiras com o nosso planeta e com o meio ambiente. Não seria aceitável o desmatamento descontrolado de florestas e nosso esforço para despoluir os rios, mares e até mesmo o ar seria intensificado. Se tratássemos a Terra como um verdadeiro lar, não nos conformaríamos com nada menos que um ambiente limpo e harmônico com o qual conseguíssemos nos integrar.

Partindo desse ponto de vista, também podemos refletir sobre a nossa relação com o nosso corpo e a nossa mente. Será que cultivamos bons hábitos e tratamos com respeito nosso corpo físico e a nossa psique? Ou será que, assim como a poluição que vemos diariamente no nosso planeta, também estamos nos poluindo com hábitos ruins? Nosso corpo é onde habitaremos até o fim de nossas vidas, porém, esquecemos desse detalhe e não procuramos cuidar adequadamente dele. Não fazemos exercícios regulares, temos a tendência ao excesso na comida e na bebida, além de detalhes pouco saudáveis em nossa rotina. Ademais, temos cuidados de higiene para o nosso corpo, mas esquecemos de higienizar nossos pensamentos e sentimentos, dando assim espaço para morbidez, pessimismo, rancores e poucos momentos de reflexão. Acabamos assim, debilitando nossa psique e abrindo espaço para, em algum grau, enfermidades no campo psicológico.

Ainda de forma mais profunda, há uma última casa que deveríamos cuidar todos os dias: a nossa alma. Cultivar uma vida interior, buscando integrar e conhecer a nós mesmos, nossa essência e perceber o que nos move, o que nos anima. Reconhecer e viver de forma consciente, na prática de virtudes e discernindo o que nos faz bem e o que nos faz mal nos ajuda a cuidar dessa casa tão íntima e importante para nós, que muitas vezes fica esquecida sob nossos desejos, angústias e anseios. Acabamos por enterrá-la ao viver imersos em problemas e no materialismo, sem conseguir viver conscientemente e sem compreender o sentido das experiências à nossa volta.

Devemos, portanto, cuidar de todas as nossas casas: O planeta, o nosso lar, o nosso corpo, a nossa mente e a nossa alma. Se o dito popular for correto, podemos então começar melhorando nossos costumes em uma dessas casas e, com consciência, poderemos expandir esse bom costume para todas as outras esferas da nossa vida. Cultivemos então bons pensamentos e bons sentimentos, organizemos nosso escritório e nosso quarto, assim também poderemos cuidar do planeta e vivermos em harmonia com o mundo e com nós mesmos.

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