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Não Precisamos do Dia da Mentira neste Ano

O 1º de Abril sempre foi uma data divertida, não é? Mesmo aqueles mais sérios e carrancudos, se tornam tolerantes às pegadinhas e brincadeiras inventadas neste dia. Porém, em 2020 parece que o famoso Dia da Mentira não vai ter a menor graça. Infelizmente, estamos vivendo uma situação muito difícil e, pior do que o vírus, parece ser a contaminação por mentiras, manipulações ou mesmo por grosserias e palavras agressivas que estão por toda a parte. Então, esta que deveria ser uma data de brincadeiras, deveríamos usá-la para refletir sobre o desafio da comunicação em momentos de crise.

Em tempos de crises, seja ela econômica, social, política ou epidêmica, uma boa comunicação é sempre muito necessária. Pois, saber o que vai se dizer ou ouvir, selecionar o que se vai ler, o que se vai escrever ou, principalmente, quais informações se devem passar adiante ou não, são ações que requerem muito mais do que uma responsabilidade individual. Na verdade, trata-se de um compromisso social, e por que não dizer um dever cívico? Tais medidas, apesar de não se tratarem de nada muito complexo, tem se tornado uma prática cada vez mais distante em nosso cotidiano. Em síntese, basta um pouco de bom senso para melhorarmos muito a nossa comunicação, e por consequência, o nosso relacionamentos com as pessoas… É a velha e boa conhecida “cautela”. Esta companheira, que em dias tidos como “normais” já é negligenciada, em momentos de tensão, como agora, ela é mais que necessária, ela é vital.

Aqui no Brasil, de maneira geral, não temos a experiência de passar por crises como esta, que exigem um esforço coletivo e coordenado para serem superadas. Claro que somos um dos países mais violentos do mundo e sempre escutamos notícias sobre alagamentos e desmoronamentos em alguma cidade, porém, somos também conhecidos como um país que não se envolve em guerras e abençoado pela Natureza, por não sofrermos com furacões, terremotos etc. Por isso, sempre foram raros os momentos na nossa história em que as dinâmicas de vida das pessoas mudam de uma hora para outra, onde suas liberdades individuais são restringidas, os serviços essenciais são prejudicados e o medo e a incerteza se tornam ameaças constantes.

E, é com o mundo enfrentando a pandemia do coronavírus que iniciamos nossas experiências através de algumas medidas mais restritivas de combate a expansão do Covid-19. Vimos perplexos o fenômeno epidemiológico impor ao mundo mudanças abruptas em todos os países, principalmente, no que concerne às atividades sociais. Empresas fechando as portas, escolas e faculdades suspendendo aulas, pessoas sendo isoladas das famílias, e famílias inteiras ficando trancadas em casa sob pena de pagarem multas altas ao saírem nas ruas sem necessidade.

Diante disso, como comunicar essas medidas a uma população já nervosa, como padronizar uma comunicação que informe sem provocar pânico e ainda mais transtornos sociais? Como ajudar aos nossos amigos, vizinhos ou parentes sobre a gravidade do momento sem provocar pânico? Como mudar as nossas dinâmicas pessoais diante de compromissos e responsabilidades assumidos em períodos anteriores? Dentre as várias respostas que possam ser dadas, todas elas vão exigir de nós uma comunicação objetiva, limpa, clara e, principalmente, com responsabilidade e compromisso com o outro. Aqui não funcionam os tão usados emojis de nossa comunicação reduzida nos nossos chats, nesse momento não cabe a desculpa “ falei sem pensar” ou “repassei a mensagem sem ler.” Em momentos de comoção e medo social, os nossos meios de comunicação não podem estar comprometidos com valores que não sejam a verdade das informações, a justiça na forma de transmiti-las. O momento é de união e compromisso entre todos, e para o bem de todos, governantes e governados. E isso de nada vale se não houver uma reflexão urgente e profunda sobre as nossas próprias posturas individuais, diante de nós mesmos e do meio em que estamos inseridos.

Nesses últimos dias, descobrimos de maneira violenta que é difícil permanecer a sós consigo mesmo por muito tempo. E já não sabemos mais o que é maior: o medo do vírus ou da solidão. Segundo alguns profissionais da saúde mental, não se sabe ainda o impacto dessas medidas de isolamento na vida das pessoas, mas já se observa o pós-isolamento com bastante preocupação. Principalmente por esse motivo, manter uma comunicação saudável e harmônica, com todos, é muito importante para atravessarmos essa fase juntos. Por isso, há que saber comunicar-se. Uma boa comunicação pode nos salvar do pânico social que se espalha tão rápido quanto o vírus.

Então, que tipo de comunicação é a mais adequada para esses dias difíceis de isolamento social?

Já parou para perceber que a capacidade de se comunicar de formas tão diversas e complexas é o que nos distingue dos demais animais? Este fenômeno, que acontece na efetiva relação entre o emissor e o receptor, é tão comum, porém tão maravilhoso. Não é incrível como podemos transmitir a outra pessoa tantas informações diferentes? E não é somente no campo verbal que a comunicação acontece, geralmente, as emoções são transmitidas através do tom da voz, da forma de falar e também pela expressão em nossa face. Sabendo disso, precisamos estar muito atentos ao conteúdo que estamos transmitindo através de nossas mensagens. Cabe aqui uma reflexão importante: Será que as minhas mensagens expressam somente os meus medos, minhas frustrações, desilusões e emoções negativas? Ou estão sendo veículos de esperança, de tranquilidade, do Bem e da Verdade?

Conta uma história que o filósofo grego Sócrates, na antiguidade clássica, ao se comunicar com os seus discípulos utilizava a máxima dos três filtros: • Tenho certeza de que o que vou falar é verdadeiro;• O que eu vou falar é algo bom;• O que vou falar é algo útil para alguém?.

E se o fato não passasse pelos três filtros não valeria a pena ser dito. Que possamos aprender com essa historinha que por traz tem um valor moral que muito nos falta na atualidade.

Somos adeptos da corrente de que comunicação não só traga a informação, mais a formação e uma formação não baseada em valores instintivos egoístas, muito menos tenha suas raízes nos nossos sentimentos de frustrações e fracassos.

A dinâmica que estamos vivendo e a adoção de medidas novas e diferentes a cada momento exigem não só uma comunicação estratégica institucional, mas uma comunicação estratégica entre nós. Sejamos responsáveis e prudentes ao transmitir correntes, vamos verificar se a notícia é realmente verdadeira. Nesses momentos, não há nada mais perigoso que a ignorância e a desinformação.

Muito cuidado também para não pegar aquele seu amigo “para cristo” e encher os ouvidos dele com as suas críticas e reclamações da vida. Com certeza a vida dele também está difícil. Que tal tentar transmitir um pouco de tranquilidade, de alegria e, por que não, escutá-lo um pouco também?

E essas guerras políticas, hein? Será que estamos em condições de mantermos essas briguinhas neste momento? Não há tempo a perder, o nosso inimigo não é o que pensa diferente de nós, nosso inimigo não é o colega que votou diferente, e que acredita em estratégias diferentes para solucionar o problema. Sejamos mais cordiais e corteses ao passar uma mensagem, principalmente na hora de discordar. Busquemos um pouco de nobreza conosco mesmos. É importante evitar consumir conteúdos que só servem para ferir o nosso senso de dignidade e jogar para baixo o nosso ânimo. E que sejamos, acima de tudo, mais humanos e aproveitemos o momento, pois esta é também uma oportunidade para nos higienizarmos do vírus do nosso egoísmo e da separatividade.

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