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Estoicismo e Sua Lição Sobre as Adversidades da Vida

Muitas escolas da filosofia voltam-se para o abstrato e o metafísico – grande parte não se relaciona com nosso cotidiano e, portanto, não altera nosso comportamento. Dentre as mais populares, o estoicismo é uma das escolas que mais se distancia desse padrão, pois se ocupa com assuntos notavelmente práticos e ideias aplicáveis ao dia-a-dia.

Há duas grandes perguntas que o estoicismo busca responder:

Em primeiro, como posso levar uma vida satisfatória e feliz?

Em segundo, como posso tornar-me alguém melhor?

De acordo com o estoicismo, a resposta para ambas as perguntas está relacionada ao auto-controle e à consciência. Mais especificamente, o estoicismo sugere que a paz interna pode ser alcançada por meio da noção de que toda a emoção vem de nosso interior – que, portanto, está sob nosso controle.

Claro, é perfeitamente natural e comum preocupar-se com situações fora de nosso controle. A frustração com aquilo que não nos agrada é algo intrínseco ao ser humano. Por essa razão, alguns podem supor que tais emoções negativas são inevitáveis. De acordo com os filósofos estoicos, porém, todas as sensações ruins são meros obstáculos que devem ser superados ao longo do tempo.}

Mas superar as emoções negativas não significa que devemos levar nossas vidas sem se importar com nada, reprimindo os pensamentos que causam desconforto. Embora comumente associado à apatia, o estoicismo não instrui seus seguidores a ignorar suas emoções: orienta, sim, a não desperdiçar suas energias frustrando-se com situações irremediáveis.

Imagine um homem caminhando num grande campo aberto, quando de repente começa a chover. Frustrado com a situação em que se encontra, sem um guarda-chuva ou qualquer coisa que possa usar para proteger-se, o homem começa a praguejar, e fica com um humor péssimo. Incapaz de controlar suas emoções, essa negatividade provavelmente permanece com ele pelo resto do dia.

Independente da filosofia que se siga, é evidente que a emoção que o homem sente não é de forma alguma produtiva, e pouco pode fazer para ajudá-lo. Para um estoico, seria muito mais prudente apenas aceitar a chuva – se não pode fazer nada a respeito, não há porque gastar energia se preocupando.

É fácil compreender este exemplo – muitas vezes, estamos de bom humor e não nos preocupamos com algo que, em outro momento, poderia nos tirar do sério. A ideia do estoicismo, porém, é essencialmente não depender de estar num bom dia – mas ser capaz de se manter no controle de suas emoções a todo o tempo.

Além disso, o exemplo da chuva é algo bem pequeno quando comparado a todo tipo de adversidade que podemos sofrer na vida. Um verdadeiro estoico é capaz de lidar com qualquer situação com calma e serenidade, até mesmo com algo muito mais profundo do que uma simples inconveniência.

Nero, escravo das paixões, e Sêneca, liberto pelo estoicismo.

Por exemplo, um acidente ou doença com consequências permanentes, ou a perda de um ente querido, são situações que muitas vezes resultam em anos de depressão. Incapazes de lidar com o acontecido, muitos perdem a vontade de viver, e suas reações acabam causando tão ou mais prejuízo que o próprio acontecimento.

Um seguidor do estoicismo, ao lidar com este tipo de situação, muito provavelmente também será abalado, e não terá a capacidade de permanecer tranquilo por certo tempo. Mas ele saberá que, no fundo, não há razão para se permitir que sentimentos nocivos corroam o melhor de si – e assim ele é capaz de superar o acontecido.

Você é uma pessoa que se vê frequentemente deixando que suas emoções o controlem em vez de controlá-las? Talvez o estoicismo possa lhe ser útil. Busque estar sempre consciente do seu estado emocional e intelectual, e pergunte-se com frequência se as emoções que sente são justificáveis. Caso possa fazer algo para mudar uma situação com a qual não está satisfeito, faça-o. Caso não possa, ocupe sua mente de modo a não alimentar o sentimento de frustração.

Mas o estoicismo não é só útil para lidar com a adversidade, mas também prático nas interações sociais. É comum que os relacionamentos tenham problemas dos mais variados tipos devido apenas à incapacidade de se manter a calma e dialogar de forma racional. Quando rejeitamos a raiva, qualquer tipo de afronta ou outra ação capaz de invocá-la não surtirá efeito, e quem nos ofende ou provoca terá que se acalmar ou desistir.

Originalmente publicado em Ano Zero

Gabriel Werneck

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