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Uma Reflexão sobre o Feminino

O papel feminino na sociedade é comumente falado através de uma visão social, histórica, cultural ou econômica. Mas, dificilmente ouvimos falar do tema sobre a visão filosófica. Propomos aqui um diálogo saudável acerca do tema, sobre os potenciais da mulher para além das caixinhas e ideias pré-estabelecidas. E para tanto, vamos usar a ótica da Filosofia Oriental que pode nos ajudar não só a ampliar essa reflexão, mas a aprofundá-la, principalmente, a partir da Teoria do “Tao”.

Segundo a Filosofia Oriental, acredita-se, que o Universo se manifestou a partir de uma Unidade, e em seguida, esse mesmo Universo se revelou através de uma dualidade primordial, que foi gerando cada coisa numa Misteriosa multiplicidade aparente. Assim, todos os seres manifestados no mundo se expressam, se desenvolvem e evoluem segundo uma dessas forças da dualidade, Yin ou Yang, duas forças opostas e complementares. A primeira corresponde simbolicamente à parte feminina, a terra e a receptividade, já a segunda, ajusta-se à essência masculina, ao céu e à atividade.

Quando essa dualidade se projeta nos Seres Humanos, gera os elementos masculinos e femininos, que são iguais por natureza, mas são pertencentes a pólos distintos que se complementam e geram a Harmonia por oposição. Para os Orientais, se compreendermos a importância desses elementos na nossa condição Humana, conseguimos ver com clareza a importância de ambos os atributos femininos e masculinos para uma existência saudável. E, é sobre os elementos femininos que queremos refletir, esse ideal de onde se originará todo o processo identitário da mulher. Vale lembrar que, para a Filosofia Clássica, tudo o que existe corresponde a um modelo perfeito e a evolução das coisas se dá pela busca eterna da expressão dos seus arquétipos. Se bem compreendidos, esses arquétipos podem potencializar e trazer um Centro, uma Fortaleza e, consequentemente, uma conexão com a verdadeira Identidade de qualquer Indivíduo, independente das circunstâncias externas.

Acreditamos que à medida que a mulher tem clareza da importância de seu papel feminino, ela vai percebendo que as chaves das quais precisa para conduzir a sua Vida encontram-se dentro de si e não fora. Assim, quanto mais sólida estiver a sua Identidade Humana, expressa através dos seus atributos, mais força ela terá para lutar contra as intempéries que lhe chegarem.

Vamos partir do pressuposto que antes mesmo de sermos ou nos tornarmos homens e mulheres, somos todos Seres Humanos. Influenciamos, somos influenciados e levamos ao outro, com o qual nos relacionamos, todos os nossos Valores e as nossas crenças. Daí, é um pré-requisito importante afirmar a nossa Identidade Humana e dar conta das nossas demandas existenciais antes mesmo de quaisquer outras demandas. Acreditamos ainda que, ser uma mulher forte não é eleger o sexo oposto como seu inimigo, ou se sentir vítima das circunstâncias externas. É acima de tudo, compreender o seu papel e expressá-lo com toda a sua força e as suas potencialidades. Mas, quais são as potencialidades femininas?

Seguindo o pensamento Oriental Taoísta, vários são os atributos ligados à condição feminina, mas, um dos elementos mais bonitos que se atribui às características femininas, é a sua capacidade de gerar Vida. E só quem ama pode gerar, nutrir e cuidar. Por natureza, a mulher gera Vida não só no campo físico, mas em todos os planos, como nos planos mental e astral, por exemplo, onde ela é capaz de gerar ideias para solucionar problemas, sentimentos para adequar e acolher pontos de vista diferentes, percepções e visões para enxergar além do contexto presente e por aí segue uma lista interminável. Todos temos que concordar com a flexibilidade e a capacidade que as mulheres têm de perceber e compreender o mundo através de sentimentos, que quando bem canalizados, lhes permitem ter uma visão e uma clareza enorme para atuar de forma prática no que for necessário.

Por exemplo, já notou a força descomunal do Amor Materno? É o sentimento profundo que faz com que a mãe consiga ver e sentir o sofrimento de um filho, mesmo que ele esteja a quilômetros de distância. Basta observar a força que esse mesmo sentimento confere a uma mulher quando ela precisa cuidar de seu filho, depois de enfrentar várias horas de trabalho. Ou ainda, a força que uma profissional tem para administrar as suas várias atividades dentro das suas jornadas triplas ou quádruplas diariamente.

E se enganam, os que pensam que o atributo do amor feminino só pode ser representado através das relações familiares ou pessoais, pois, se bem canalizado esse sentimento leva a mulher a ser bem sucedida em qualquer papel social ou qualquer profissão que ela escolha seguir. Executivas, Chefes de Estados, Profissionais Liberais, Cientistas, Donas de Casas, Militares, etc. Seja qual for a sua escolha, a mulher com posse do seu centro, nada a limita. Basta lembrarmos da filósofa Hipátia de Alexandria e o seu amor pela ciência, a Katherine Johnson e as suas duas amigas Dorothy Vaughan e Mary Jackson que trabalharam na NASA fazendo cálculos por 33 anos, revelando todo o potencial por trás de cada projeto da instituição. O que as fizeram quebrar todas as barreiras e superar as suas adversidades? Certamente, foi a capacidade de Amar a sua profissão, de saber quem era independentemente do contexto externo. Esse potencial permitiu que elas gerassem as condições necessárias para criarem novas ideias que refletem nos seus comportamentos e em novos hábitos.

Platão no livro da República, na construção da sociedade ideal, atribuiu aos homens e as mulheres as mesmas condições e possibilidades para chefiar um estado, porém, sem abrir mão das singularidades de ambos. Portanto, cabe aqui relembrar que, segundo a Tradição Oriental, muitas vezes incompreendida por nós, apesar de sermos iguais em essência, nos apresentamos a partir de diversas singularidades que se complementam por oposição. Se harmonizando e ocupando um papel que é só seu dentro do Universo, e assim, cada coisa cria um Equilíbrio para o Todo.

O Amor, quando bem canalizado e não utilizado de forma egoísta, promove uma União, um Centro que gera Vida para todos e não só para si mesmo. No feminino, esse sentimento é o elemento Unificador central, e se expressa em tudo o que a mulher faz, sente ou pensa. Por isso, não tem a ver com o papel social ou com o que faz a mulher, mas como ela faz. Então, quanto mais expresso for este atributo na mulher, mais ela revela o que está mais próximo da sua Identidade Feminina, que, por natureza, expressa a sua forma Yin.

Ao contrário do que muitos pensam, a expressão do Amor, do cuidado, do acolhimento e da doçura nada tem a ver com o aspecto da submissão ou da fraqueza, mas com uma das formas mais nobres e profundas de expressão da Vida. É daí que se origina o Poder Feminino, a sua Força e todas as outras Virtudes. A Força Feminina advém do Amor, como um centro de onde palpita e vibra toda a possibilidade de criação.

Por fim, é claro que não podemos desconsiderar as trajetórias de desigualdades sociais e as lutas por oportunidades vivenciadas pelas mulheres ao longo dos anos. Entretanto, é importante fazermos a reflexão que nem sempre as conquistas e os avanços sociais alcançados pelas mulheres refletem, na mesma velocidade, as suas conquistas intrapessoais. A luta por direitos deve passar pela bandeira da Humanidade Individual de mulheres e homens, papéis que dentro de uma sociedade saudável devem se complementar e não se excluir. Não é, e nunca vai ser, imitando as características masculinas que a mulher vai conquistar o seu espaço, aliás, a própria Natureza já lhe conferiu desde sempre um espaço só seu, basta reconhecê-lo e se apropriar dele de maneira inteligente. O que se ganha com isso? No mínimo, a possibilidade de não ficar à mercê das circunstâncias e opiniões externas que muda a cada momento. Opiniões que fragmentam mais do que unificam, ferindo as mulheres no que lhe é mais caro que é o seu Poder de Unificar e gerar Vida por onde passa e por onde toca.

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