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Por que o Yoga fascina tanto o Ocidente?

A busca por autoconhecimento e por técnicas que proporcionem relaxamentos, controle da ansiedade e superação de estresse, tem feito o Ocidente, já há algum tempo, se voltar para o Oriente e suas técnicas milenares. Assim, neste dia 21 de junho, Dia Internacional do Yoga, cabe uma reflexão sobre essa ciência de mais de 5 mil anos que tem como objetivo trabalhar não só o corpo, mas a mente e o espírito. É um fato que o Yoga já tem se tornado uma prática bastante comum em vários países e, no Brasil, a procura só aumenta a cada dia.

Por muito tempo, o Yoga nos parecia apenas um conjunto de exercícios físicos que incluíam posturas, alongamentos e movimentos desafiadores praticados por pessoas “esquisitas”. Mas, graças a pesquisas e estudos produzidos sobre essa ciência, já se pode conhecer um pouco mais e aprofundar os nossos conhecimentos sobre o tema.  Segundo o indiano, Ravi Shankar, fundador da “Art Living Foundation” que tem como objetivo tratar o estresse individual, os problemas sociais e a violência, o Yoga possibilita que as pessoas entrem em contato com a sua essência, proporcionando a integração entre o corpo, a mente e o espírito.

A própria origem da palavra Yoga no sânscrito significa “unir” ou “integrar”, assim, é uma prática que busca levar o Indivíduo a uma União de mente e corpo, restabelecendo o equilíbrio e o estado de consciência da pessoa. E, para falar sob o ponto de vista filosófico dessa prática é importante lembrar da figura mítica do “Patanjali”, autor do Yoga Sútra, que é responsável por codificar o Yoga clássico. Assim, foi através dos seus trabalhos que podemos entender, compreender e experimentar  o Yoga de forma mais ampla.

Segundo o misterioso “Patanjali”, a prática do Yoga nos permite encontrar a nossa verdadeira natureza através de um estado de paz e tranquilidade interna que um Indivíduo pode encontrar após aprofundar alguns estágios do Yoga. Tendo em vista que a natureza não dá saltos, o Ser Humano, se quiser fazer o caminho do despertar interior, precisa seguir oito passos. O primeiro é chamado por “Yana”, que significa a adoção de cinco Valores éticos e sociais universais, ou seja, o Indivíduo precisaria repensar os seus Princípios de Vida e adotar como tônica na sua caminhada a não violência, a verdade, o não roubar, a abstinência e a não acumulação. “Niyama” é o segundo passo para a prática do Yoga, se refere ao cultivo de práticas pessoais de purificação e entrega, buscando sempre uma elevação de consciência através do autoconhecimento e, para atingir esse refinamento, o Indivíduo precisa prezar por limpeza interna e externa, além de manter pensamentos positivos, fazer penitência, ter momentos de auto estudo e reconhecer a importância de uma submissão ao poder superior. Conquistando mais esse estágio, o praticante do Yoga pode passar para o terceiro momento que é o do “Asana”, conhecido como a prática  das posturas corporais, que quando bem executadas, essas posturas podem permitir um estado de contemplação ao Indivíduo, trazendo para o mesmo benefícios não apenas físicos, mas energético e mental.

O quarto passo, também conhecido como “Prnayama”, se refere às práticas de respiração voltadas para elevar o nível da energia vital e, consequentemente, a redução do aceleramento da mente, levando a pessoa a um estado de relaxamento. O quinto passo vai estar direcionado ao controle dos sentidos, pois, se em geral, estes estão voltados para fora, a prática do Yoga desperta e desenvolve a consciência para o mundo interior. O sexto passo é conhecido como “Dharana”, ou seja, o estado de concentração mental profunda que trabalha a atenção para focar em um único ponto. Por fim, o sétimo e o oitavo passos vão estar relacionados com um estágio de meditação profunda, conhecidos por “Dhyana” e “Samadhi”. Em “Dhyana”, o praticante tem a consciência do seu ato de contemplação e do objeto de meditação, já no oitavo e último estágio que é o “Samadhi”, o praticante é o próprio objeto da contemplação, sendo este o mais alto estado que o Indivíduo pode alcançar.

Após a explanação dos oito passos para a prática do Yoga, chegamos, no mínimo, a duas conclusões, uma a de que a prática do Yoga exige mais do que exercícios e contorcionismos de alongamento do nosso corpo, sendo mais complexo do que possa parecer em um primeiro momento. Por outro lado, os oito estágios do Yoga nos levam a perceber um caminho de transcendência que qualquer Indivíduo pode seguir porque se trata aqui da busca por um Sentido de Vida, um modelo de conduta moral para ser experimentado nessa existência. A partir dessas percepções fica claro o porquê que durante milhares de anos o Yoga foi restrito ao Oriente e as suas práticas foram passadas de geração em geração através de Mestres aos seus Discípulos.

Vale ressaltar ainda que existem várias linhas e abordagens diferentes do Yoga, embora aqui no Brasil, tenhamos mais acesso a linha que tem um enfoque maior nas práticas físicas, conhecida por “asnas”. Porém, o tipo mais clássico é o Hatha Yoga. Assim, cada pessoa a partir de seu ritmo pode escolher a linha que mais combina consigo. Não podemos esquecer que todas as linhas trazem benefícios para o praticante, contudo, é preciso que se mantenha a regularidade dos exercícios.

A Beleza dessas práticas se encontra na transmutação que pouco a pouco o Indivíduo necessita experimentar na caminhada em direção ao seu interior. O verdadeiro Yogui precisa não só se autoconhecer, mas reconhecer a necessidade de uma mudança profunda dentro e fora de si. E tal postura exige coragem não só para se olhar no espelho da vida, mas para aceitar a sua condição e caminhar, sem pressa e sem pausa, em direção ao seu caminho evolutivo consciencial. É claro que, para a cultura Oriental essa busca transcendental não é novidade ou algo que cause certo espanto, arriscariamos até a dizer que seja algo natural, se considerarmos a caminhada desses povos. Entretanto, para o Ocidente, as práticas de Yoga podem chegar a ser muito difíceis de serem praticadas, tendo em vista que as nossas bases culturais e lógicas cognitivas estão organizadas em alicerces diferentes. Precisamos assim, ter o cuidado para não profanar essa ciência milenar com a nossa exacerbada intelectualidade porque se não corremos o risco de superficializar essas práticas.

Diante disso, acreditamos que o que mais fascina os ocidentais frente a temática e as práticas do Yoga, essa ciência tão antiga, é muito mais pelo método de vida na busca por um sentido existencial do que qualquer outra coisa. Pois, um sistema filosófico de mais de cinco mil anos que atravessou gerações e gerações deve, realmente, ter raízes muito profundas para se manter de pé em detrimento dos esquemas sociais dentro de um espaço e de um tempo. E, embora o que conhecemos sobre o Yoga seja ainda muito pouco, já é o suficiente para nos fazer repensar o nosso modelo de humanização ocidental que deita as suas raízes num materialismo e no esvaziamento de nossa Essência Humana. Com os Orientais aprendemos a refletir que o Ser Humano é mais do que um físico, é energia, é transcendência e consciência que perpassa todo o nosso complexo biológico.

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