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Você provavelmente já ouviu a palavra resiliência, uma das virtudes mais comentadas nos dias atuais. Advinda da física, essa palavra representa a capacidade de um objeto de adaptar-se a uma situação de pressão e retornar ao seu estado natural sem sofrer danos. Filosoficamente, essa mesma capacidade habita nos seres humanos, uma vez que somos capazes de viver experiências complexas e mesmo assim nos mantermos saudáveis a nível psicológico. Ser resiliente nesse sentido está diretamente ligado à capacidade de superar provas, de lidar com dificuldades sem perder o ânimo e a sanidade.

Não é à toa que essa palavra surgiu nos últimos anos como um dos grandes conselhos nos atendimentos psicológicos, visto que as pressões do mundo atual têm diminuído a resiliência de todos nós. Parece que a cada geração estamos perdendo essa capacidade de nos mantermos saudáveis e superar os desafios que o meio social nos impõe. Uma constatação desse fato é o crescimento de diagnósticos de ansiedade, depressão e outras enfermidades da psique. Quando observamos esse cenário, é impossível não notar que as pessoas, de um modo geral, estão adoecendo em suas mentes, enquanto seus corpos demonstram uma saúde inabalável.

Dito isso, hoje queremos apresentar um exemplo de resiliência para que possamos nos inspirar e aprender como o ser humano é capaz de lidar com adversidades. Muitas vezes perdemos nossa fé em nós mesmos quando nos deparamos com desafios, principalmente aqueles que demonstram ser insuperáveis. Vejamos, portanto, como somos mais fortes do que imaginamos. Falaremos hoje de Nick Vujicic, um australiano que vem se tornando um dos palestrantes mais procurados do mundo. Ele já percorreu mais de 24 países nos cinco continentes, escreveu vários livros, tem um programa de TV famosíssimo e, desde os 17 anos, está à frente de uma organização que ele mesmo fundou chamada Life Without Limbs. Um grande currículo, não é mesmo? Entretanto, todas essas ações ficam ainda mais impressionantes quando nos deparamos com a realidade que Nick vive desde seu nascimento: o jovem australiano nasceu sem braços e sem pernas devido a uma anomalia rara chamada tetra-amelia. 

Veja um pouco de Nick neste vídeo:

Nick é uma mensagem viva, em carne e osso, diante dos nossos olhos. E que mensagem é essa? De que podemos realizar e ser muito mais do que achamos que podemos e de que jamais devemos usar qualquer limitação que nos é imposta como justificativa para sermos vítimas. Todos nós carregamos, em algum lugar da nossa Alma, poderes latentes, prontos para despertarem. Tudo depende do jeito como nos situamos na Vida.

Durante a infância, Nick sofreu todo tipo de dificuldade que você possa imaginar. As escolas não o aceitavam como aluno, foi preciso esperar mudar as leis do seu país para poder ser aceito. Sofreu bullying, teve depressão e, aos oito anos, tentou suicídio. Ele conta que tentou se afogar, mas, lá embaixo das águas, ouviu a voz de Deus o chamando e resolveu subir à superfície e continuar a Viver. Uma chave virou dentro de Nick e ele resolveu enfrentar a Vida com Coragem, Entusiasmo e muita Vontade. Foi assim que as conquistas começaram a acontecer.

Refletindo sobre esse fato, nos parece que a Vida sempre encontra um modo de nos ensinar, mesmo nos momentos mais dramáticos. Precisamos estar atentos ao que ela nos comunica, pois mesmo nas noites mais difíceis, nos piores cenários que nos encontramos, o valor humano continua a brilhar dentro de nós e somos capazes, se estivermos dispostos, de resgatar esse valor. A resiliência de que tanto se fala nos dias atuais está nesse aspecto, nessa capacidade de superar nossos obstáculos. No caso de Nick, foi preciso uma experiência de quase morte para que ele pudesse, tal qual a fênix, ressurgir das suas próprias cinzas. Nós também somos capazes disso, afinal, todos nós somos seres humanos dotados das mesmas ferramentas.  

Ainda sobre a estrutura física do nosso grande herói, Nick só tem um pé com dois dedos, mas com ele aprendeu a escrever, fez faculdade, se formou em Contabilidade e em Planejamento Financeiro e já publicou vários livros. Hoje, faz praticamente tudo o que uma pessoa com os membros faz: usa computador, smartphones, joga bola, penteia os cabelos, escova os dentes, faz a barba. Também casou-se e tem quatro filhos. Apesar da dificuldade de uma vida sem braços, o australiano demonstrou como a Vida pode ser bela. Quantos de nós nos deixamos vencer pelas dificuldades? Quantas justificativas encontramos para legitimar o pessimismo, a dor e toda incompreensão perante a Vida, que permitiu nascermos com tais características? De fato, podemos – e muitas vezes fazemos – lamuriar sobre esse fato, uma vez que comumente reclamamos sobre as condições em que nos encontramos, mesmo que elas não sejam tão duras quanto as vividas por Nick. 

Visto isso, um primeiro passo para acreditarmos que somos capazes de vencer é tirar de nossa mente o vício de reclamar, seja de nós mesmos, da Vida ou das outras pessoas. A reclamação carrega em si um traço de negatividade – e pessimismo – e busca justificar nossos erros. Sendo assim, é preciso deixá-la de lado e colocar-se em seu oposto: para cada reclamação, um compromisso de fazer melhor; para cada tentativa de legitimar um fracasso, mais uma tentativa de fazer dar certo, seja o que for.

Photo from Nick Vujicic’s Instagram

A Vida nos traz pessoas como Nick para nos despertar. Vivemos hoje um capítulo muito triste na história das patologias psicológicas, sobretudo na vida dos adolescentes. Uma quantidade gritante de suicídios, transtornos de ansiedade, doenças provocadas pelo descontrole do medo, casos de depressão, de obesidade, de transtornos alimentares etc. Em paralelo a isso, cultivamos um jeito de existir que nos impõe padrões de beleza corporal e níveis de conforto que são inalcançáveis para a maioria da sociedade humana, mas que são exigidos como um dogma irrecusável. Quanto mais cultuamos esses padrões de existência, mais sofremos frustrações, culpas, medos e todos os males psíquicos decorrentes deles.

Indo na direção contrária, Nick Vujicic mostra para todos nós o quanto é efêmero e ilusório a preocupação com um corpo perfeito, pois não é isso que irá nos realizar. Precisamos viver objetivamente a Vida, de forma a cultivar nossa verdadeira essência em cada ato, construindo pontes e sendo uma via de acesso aos mistérios para quem está próximo de nós. É importante lembrar que o ser humano é, em si, um milagre e precisamos enxergar isso, pois só assim poderemos deixar de lado toda superficialidade vendida como dogma no mundo atual e poderemos nos aproximar da realização que Nick encontrou em sua Vida. Quando percebermos essa realidade transcendente, seremos capazes de superar todos os obstáculos de nossa vida cotidiana, pois estaremos buscando um propósito que vai além dos nossos gostos pessoais, nossas limitações físicas e nossos desejos. 

Em suas palestras para adolescentes, Nick costuma dizer: “todas as garotas aqui e agora, quero que saibam que são bonitas… Vocês são lindas do jeito que são! E, rapazes, vocês são os caras!”, e o efeito é surpreendente, porque quem está falando não tem braços, nem mãos, nem pernas e ainda assim transmite muita Beleza e muito vigor. Ainda hoje, após todo o sucesso de livros, palestras e documentários, Nick continua a fazer apresentações para inspirar o público em geral, sempre demonstrando como podemos ser muito mais do que imaginamos. Sua Vida atualmente divide-se em escrever livros, passar tempo de qualidade com sua família e dar palestras motivacionais, mostrando o verdadeiro milagre da Vida que opera em cada um de nós.

Nick Vujicic: Palestrante motivacional

Visto isso, precisamos girar a chave que Nick girou dentro de si, precisamos sair do lugar de vítima. Quando temos um problema, não devemos ficar supondo que a culpa é do outro, ou esperando que um terceiro venha em nosso socorro. Temos que enfrentá-lo. Todo problema e toda adversidade são muito bem-vindos, porque só vão nos potencializar e multiplicar nossas energias para encará-los. A partir dessa perspectiva, as necessidades que surgem em nossas Vidas não são ruins, são, na verdade, mecanismos da existência para despertar em nós os Poderes que temos. Nick é um exemplo vivo disso. Esse jovem australiano nos diz, com a sua condição, que a Vida é um grande Mistério e que o nosso Poder não está no que temos, não está em um corpo escultural, nem nas facilidades, tampouco na aceitação social. O nosso poder está em algum lugar da nossa Alma, trancado. Só precisamos girar a chave interior e deixar que ele venha para a superfície e se traduza em realizações surpreendentes para toda a Humanidade.

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