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Irmã Dulce: A Santa Brasileira que é um Exemplo de Serviço à Humanidade

Todos nós admiramos seres humanos que dedicam toda uma vida à bondade, ao serviço da humanidade. São aquelas pessoas pelas quais temos muito respeito e que são exemplos de vida para todos nós. A Santa Dulce, ou Irmã Dulce, como ficou conhecida antes de ser celebrada pelo Vaticano por seus milagres, é uma dessas pessoas que nos faz ter orgulho da nossa natureza humana. Cheia de bondade para com os demais, força para atuar nas causas que acreditava e de serviço aos mais necessitados, a santa brasileira, mais precisamente a santa baiana, dedicou toda sua vida às obras sociais de apoio aos mais pobres.

Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, nascida em 26 de maio de 1914, Irmã Dulce dos pobres, desde muito nova, como relatam seus familiares mais próximos ainda vivos, já se debruçava na janela de casa e se compadecia daqueles que apareciam pedindo um pouco de comida. Um pouco de farinha, um pouco de feijão, aquilo que tinha em casa ela distribuía aos mais necessitados. Baiana, filha de um dentista e de uma dona de casa, demonstrava uma profunda vocação religiosa, sendo devota de Santo Antônio.

Ainda adolescente enfrentou a resistência de sua família, que a considerava muito nova, e começou a frequentar o convento, onde mais tarde se tornaria uma freira. Entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus em 1933 e já em sua primeira missão com o hábito de freira, ficou responsável por ensinar crianças e assistir a comunidades pobres da Cidade Baixa, em Salvador. Ou seja, desde muito nova já apresentava uma profunda vocação para servir aos mais necessitados. A dor, a carência, para ela eram um chamado ao serviço, um chamado à compaixão e por isso dedicou toda a vida às obras de caridade.

Irmã Dulce aos 20 anos de idade.

A freira foi uma das fundadoras do Colégio Santo Antônio, uma instituição voltada aos operários e seus filhos; e já nessa época, ela demonstrava preocupação pelos cuidados de saúde dos pobres. Em sua trajetória, promoveu a invasão de casas abandonadas para transformá-las em abrigo para doentes e acabou por começar um hospital no galinheiro do seu convento. Sem ter onde abrigar cerca de 70 pessoas doentes que recolhia das ruas, a futura santa transformou o galinheiro do convento de Santo Antônio em um abrigo e, em poucos anos, no Complexo Hospitalar Santo Antônio, um dos maiores da região Nordeste.

Sua aparência frágil e curvada, devido ao problema respiratório que lhe acompanhou durante décadas, escondia uma mulher forte e de valores, como amor e caridade, que a impulsionavam a servir à humanidade. Sua confiança inabalável na vida, em Deus e na humanidade, eram motores que lhe permitiram trabalhar muito e conquistar muitas obras que ajudaram e ajudam muitas pessoas ainda hoje. Diante disso, é interessante como o amor é uma força capaz de nos mover muito mais do que a ambição, ou o ódio. Para quem tem amor, fé e confiança em si mesmo e na vida, não há barreiras, não há montanhas que não possam ser escaladas, não há recursos que não podem ser encontrados. Todos esses valores transcendentes dão muito poder a uma pessoa sobre as circunstâncias da vida, por isso a Irmã Dulce era capaz de mover montanhas em nome das obras que percebia que eram necessárias para a humanidade.

Irmã Dulce e Papa João Paulo II Image(foto: Arquivo Correio)

Irmã Dulce, chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz e esteve com o papa João Paulo II duas vezes, sendo que na segunda, quando ela já estava prostrada e doente, ele a visitou em seu convento para abençoá-la. Menos de cinco meses depois, Irmã Dulce morreu em seu quarto, em 1992, ao redor de amigos e religiosos. O seu trabalho social, contudo, continuou impactando a vida de muitas pessoas em situação de vulnerabilidade social. 

Apelidada de “ Anjo Bom da Bahia”, Dulce acabou beatificada pela Igreja Católica em 2011 e, na última cerimônia pública de canonização ocorrida antes da pandemia de covid-19, em outubro de 2019, foi oficialmente tornada santa pelo papa Francisco. Teve dois milagres reconhecidos, os dois no Nordeste, onde ela mais atuava. 

“O fato de ela ser a primeira santa legitimamente brasileira é motivo de orgulho. Mas creio que o que deve estar acima do fato de ser brasileira é o fato de ser santa, ou seja, o fato de ter buscado viver na radicalidade do Evangelho, principalmente no cuidado aos pobres. Não é à toa que ela é chamada de Anjo Bom da Bahia”, diz Dayvid da Silva, professor e coordenador do curso de Teologia da PUC de São Paulo.

O primeiro milagre foi a cura de Claudia Cristina dos Santos, que teve hemorragia após dar à luz ao filho, em 2001. Em estado gravíssimo, Claudia teria recebido a visita de um padre devoto de Dulce, ficando curada durante orações a Dulce. O ato divino foi reconhecido pelo Vaticano em 2010. Curiosamente, a própria Irmã Dulce também perdeu a mãe quando ainda era criança também de uma hemorragia depois do parto. 

O segundo milagre atribuído à Irmã Dulce foi a cura do músico José Maurício Moreira. Em 2014, ele voltou a enxergar após rezar à Irmã Dulce pedindo que aliviasse as dores de uma conjuntivite. No dia seguinte, teria voltado a enxergar. Desta maneira, o Vaticano, reconhecendo os atos milagrosos, canonizou a Irmã Dulce dos Pobres, tornando-a santa.

Diante de tudo o que foi apresentado até aqui, é comovente perceber a capacidade humana de ser tão bondoso ao ponto de se tornar quase divino. Nós podemos ser bestiais, capazes de atrocidades, de desumanização, mas também somos capazes de atos tão belos quanto o Sol, que ilumina tudo que toca. A Irmã Dulce é uma referência de que somos capazes de ser melhores do que somos. Somos capazes de gerar bondade para todos, dar pratos de comida, sorrir, apenas sorrir e colocar todas as pessoas do mundo no nosso coração. Se fôssemos mais como Irmã Dulce… quantas Irmãs Dulce precisariam para mudar o mundo? Uma única mulher fez tanto pela humanidade. Se todos fôssemos um pouco mais como ela, talvez daríamos mais alguns passos na direção da paz e da fraternidade com que tanto sonhamos.

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