“Fair Play”: Por Que o Jogo Justo Vale Mais que Qualquer Medalha?

Vivemos sob a Luz da competitividade, isso é um fato. Somos educados a querer ganhar a qualquer preço, a estar no primeiro lugar do pódio e, consequentemente, observamos o Mundo a partir dessa ótica. Não por acaso, há pessoas que, ao levarem esse aspecto ao extremo, desejam fazer de tudo para se sobressair e vencer.

Em um mundo cada vez mais competitivo, onde a vitória muitas vezes parece justificar qualquer meio, o conceito de “Fair Play” ressurge como uma brisa Ética em meio à tempestade de interesses. Mais do que uma regra esportiva, o “Fair Play” é uma atitude de Respeito e Honestidade. Ele transcende os campos e quadras, alcançando todos os âmbitos da Vida Humana, sendo uma das expressões mais elevadas do que significa viver em sociedade.

Frente a isso, não poderíamos nos furtar de tratar de um tema tão inspirador e que podemos levar para fora do esporte e tornar uma atitude cotidiana. Afinal, será que o “Fair Play” é apenas uma atitude que atletas podem fazer? Ou será que em nossa vida comum, diante de nossos dilemas, podemos também “jogar limpo” e entender que não é preciso ganhar a qualquer preço? É sobre isso que vamos refletir.

O que é “Fair Play”?

Para entendermos essa prática, é fundamental buscarmos o seu conceito. “Fair Play”, em tradução literal, significa “jogo limpo”. A expressão nasceu no universo esportivo, especialmente no contexto Britânico do século XIX, onde os códigos de conduta valorizavam a Honra, a Lealdade e o Respeito ao adversário. Naquele momento se compreendia que um dos papéis do esporte era o de formação de Caráter, logo, mais importante do que vencer e se tornar um campeão era, acima dos resultados, manter-se íntegro aos seus Valores.

Fair Play

Com o passar dos anos, esse termo ultrapassou os limites do esporte e passou a simbolizar qualquer atitude baseada na Justiça, na Integridade e no Respeito Mútuo. Hoje, falar de “Fair Play” é falar de Ética; e quando vemos seus exemplos, seja no contexto dos esportes ou não, podemos perceber que nosso Coração se enche de Felicidade. O “Fair Play”, portanto, vai muito além de uma conduta social, mas é, a bem da verdade, uma verdadeira expressão de como o Ser Humano é capaz de atuar para além dos seus desejos individuais.

Nesse sentido, o “Fair Play” pode ser visto como a capacidade de reconhecer que o verdadeiro Valor de uma vitória está não apenas no resultado, mas no modo como ela foi conquistada. Muitas vezes, o “Fair Play” se expressa em gestos simples: parar o jogo em um momento decisivo para atender um outro atleta; não tirar proveito de uma condição adversa que o adversário está passando; simplesmente dar a mão e ajudar a levantar aquele que está no chão. Assim, podemos sintetizar a Ideia do “Fair Play” como a recusa consciente de ganhar a qualquer preço.

Partindo dessas perspectivas, podemos entender o quão, muitas vezes, o “Fair Play” é algo cada vez mais raro de observarmos. Se no século XIX era uma forma Cortês de praticar um esporte, nos dias de hoje já existem pessoas que acham “desnecessário” esse tipo de atitude.

Ainda assim, é fundamental entendermos que o “Fair Play” é a Arte de competir sem abrir mão da Humanidade. É lembrar que o outro lado da disputa não é um obstáculo, mas um espelho da nossa própria Honra. Num mudo competitivo, em que abrimos mão facilmente de nossos Valores para chegar à Glória, lembrar que devemos agir com Honra, Justiça e não deixar que o desejo da vitória a qualquer preço nos domine, é um verdadeiro esforço consciente em direção a Ética.

Na história moderna das competições esportivas, há inúmeros exemplos Belos de “Fair Play”. Podemos perceber o quão natural deveria ser para Humanidade esse tipo de atitude quando sentimos nosso peito se preencher por um tipo especial de Felicidade.

Nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992, o mundo assistiu comovido ao momento em que Derek Redmond, lesionado, decide continuar a prova dos 400 metros com a ajuda do próprio Pai. A imagem dos dois, abraçados, e Derek atravessando a pista mancando, não simbolizou uma derrota, mas uma vitória da Coragem, da Ternura, da Perseverança que vai além do pódio.

Em 2016, nos Jogos Olímpicos do Rio, duas corredoras, Abbey D’Agostino e Nikki Hamblin, se envolveram em uma queda. Poderiam ter ignorado uma à outra. Mas não: ajudaram-se mutuamente. Cruzaram a linha de chegada muito além do tempo, mas eternizadas no tempo. Foram condecoradas com o Prêmio Pierre de Coubertin, a maior honraria do “Fair Play” Olímpico.

No futebol, quando Miroslav Klose, da Alemanha, admitiu que havia tocado com a mão na bola e anulou um pênalti a seu favor, não fez apenas um gesto Bonito: resgatou a Dignidade de um esporte frequentemente marcado por simulações e trapaças.

Outro momento memorável foi o do Atleta Espanhol Iván Fernández Anaya, que, ao ver o queniano Abel Mutai parar antes da linha de chegada por engano, preferiu empurrá-lo gentilmente para que vencesse — pois era ele, e não Anaya, quem realmente merecia o triunfo. Quando perguntado sobre isso, respondeu: “O que eu ganharia com uma vitória desonesta?”.

Esses gestos são mais do que expressões individuais de um bom exemplo a ser seguido. São momentos em que o Coração Humano se faz maior do que a lógica fria da competição. Nesse sentido, todos foram os grandes vencedores, pois, mais do que uma medalha ou mais uma conquista no seu quadro de medalhas, ganharam algo inestimável: seus Valores Humanos.

“Fair Play” como Valor Humano

Há uma razão profunda pela qual nos emocionamos ao ver alguém agir com Ética: reconhecemos, nesses gestos, o melhor de nós mesmos. É como se a chama do que é Justo reacendesse em nós uma Esperança ancestral — a Esperança de que o Bem ainda tem lugar no Mundo. Visto isso, entendemos que o “Fair Play” é uma linguagem universal, pois não está limitado a uma Cultura Humana, mas responde à nossa própria natureza. Quando alguém se curva para ajudar um oponente, quando renuncia a uma vantagem injusta, quando se recusa a vencer a qualquer custo, algo em nós se levanta em aplauso silencioso. O gesto fala direto à Consciência, àquilo que nos torna Humanos.

Agir com “Fair Play”, portanto, é um excelente antídoto contra o egoísmo, contra o orgulho e a indiferença. Ao mesmo tempo, sabemos que tais atitudes não são simples, visto a pressão cada vez maior que existe em ganhar, principalmente no meio social. Assim, somos conduzidos a buscar uma vitória, seja no esporte ou na vida comum, a qualquer preço, pois é isso que esperam de nós. Mas é exatamente nesse cenário que o “Fair Play” se torna revolucionário. Ser Ético em tempos de extrema competitividade é um ato de Coragem.

Por fim, podemos entender que o “Fair Play” é uma Visão de Mundo, construída a partir dos Valores Humanos que cultivamos. No apagar das luzes, a nossa única e verdadeira decisão está entre escolher ser Justo ou não; ser Bondoso ou não; ser um Verdadeiro Ser Humano ou não.

Como diria Shakespeare, eis a única escolha que precisamos fazer: ser ou não ser. Que cada um de nós, portanto, em nossos próprios campos de batalha diários, seja capaz de praticar o “Fair Play”. Não por obrigação, mas porque essa é a única maneira Verdadeira de vencer sem perder a si mesmo.

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