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Samuel Morse: abraçando as oportunidades que aparecem

O ser humano é uma das poucas espécies que consegue criar linguagem. Graças a incrível habilidade de se comunicar com precisão, foi possível desenvolver sistemas de escrita, tecnologia e outras maravilhosas ferramentas que nos auxiliaram ao longo de nossa jornada evolutiva. Na história, houve diferentes tipos de códigos secretos que serviam para camuflar mensagens e transmiti-las apenas para quem compreendia a lógica por detrás dos diferentes símbolos e sinais que ali estavam sendo usados. 

Dentre os mais diferentes códigos de linguagem, há um que sempre é representado em filmes de guerra: o código Morse. É muito provável que você, meu caro leitor, já tenha ouvido falar sobre o código Morse, mas consegue compreendê-lo? Que tal conhecer um pouco sobre a vida do criador do código?

A história do código Morse está ligada com Samuel Morse, um americano nascido em Boston no século XVIII e tinha um grande sonho: ser artista. Isso mesmo! O criador do código Morse queria ser pintor! Ele pintava retratos – por sinal, muito bem – e queria focar na carreira de pintor, literalmente “viver de arte”. Seu pai ajudou bancando seus estudos, possibilitando que estudasse em Yale, e em seguida na Inglaterra, aprimorando todos os aprendizados na área. Porém, os planos que a vida tinha para Samuel eram diferentes do que ele imaginava. 

Tudo mudou em 1825 quando sua esposa faleceu. Morse ficou viúvo e, naturalmente, por um certo período, sentiu-se sem direção. Porém, a responsabilidade para com seus dois filhos fez com que Morse se reerguesse. O inventor decidiu então viajar pela Europa à procura de novas soluções para a família, pois naquele momento não conseguia enxergar novas possibilidades vivendo na América.

(Samuel Morse)

Esse processo durou alguns anos e, em 1832, durante uma viagem de navio, enquanto conversava sobre as recentes descobertas do eletromagnetismo, rodeado por intelectuais, investidores e artistas, Morse passou a refletir sobre como aquilo poderia ajudar nas embarcações. Vale lembrar que o século XIX foi o momento em que ocorreu uma série de descobertas científicas, o que levou a um grande salto tecnológico. vale lembrar que tais descobertas, ainda hoje, repercutem em nossa civilização. Assim, dentro desse contexto propício para um gênio criativo, surgiu a ideia de montar um sistema de comunicação que revolucionou a tecnologia.

Morse desenvolveu com as próprias mãos o aparelho que era capaz de converter impulsos elétricos em sinais gráficos de forma codificada, que mais tarde se tornou o famoso telégrafo elétrico. Além da montagem do aparelho, houve também a criação do código em si, onde cada letra do alfabeto e números de 0 a 10 recebiam uma codificação específica de pontos, traços e pausas. Esse avanço por si só já seria um grande feito para aquele momento; porém, a jornada de Samuel Morse estava apenas começando.

No mundo dos inventores não basta somente ter ideias e criar suas invenções, mas também é fundamental que haja alguém que financie seus projetos. Essa parte, por vezes, é a mais difícil dentro desse contexto, pois nem sempre as outras pessoas são capazes de ver as contribuições benéficas que uma invenção pode nos trazer. Um exemplo clássico dessa situação foi Nikola Tesla, o grande gênio que morreu sem reconhecimento por suas ideias, mas que ainda hoje, quase 80 anos após sua morte, ainda influencia fortemente o mundo moderno. Apesar de suas maravilhosas descobertas e invenções, ninguém de sua época “apostou” em suas máquinas, o que o fez cair por décadas no esquecimento completo.

Visto isso, após Morse montar o seu aparelho, o seu desafio foi conseguir investimento para montagem da rede de transmissão dos sinais. Depois de muitas reuniões com políticos, muitas frustrações e também muita persistência, Morse conseguiu montar a primeira linha telegráfica nos Estados Unidos em 24 de maio de 1844, 12 anos depois do surgimento de sua ideia. E curiosamente, 10 anos depois, a rede telegráfica chega ao Brasil.

Que reviravolta numa só vida, não é mesmo? De aspirante de pintor a inventor de um sistema de comunicação! Quantos ensinamentos não podemos extrair desta biografia? Talvez a capacidade de Morse nos inspire a aproveitar as oportunidades que a vida nos oferece. Imaginem se após o encontro do navio, ele tivesse simplesmente desistido da ideia e insistido em ser pintor? Talvez ele até conseguisse algum tipo de realização pessoal, mas o que mundo precisava era mesmo do código Morse. 

Diante disso, podemos perceber que nós podemos nos adaptar às necessidades que a vida nos coloca. Não podemos ficar “presos” na ideia de que viemos ao mundo apenas para exercer um tipo de ofício ou profissão. Em verdade, tais questões envolvem apenas o modo como expressamos nossa energia e tempo no mundo, mas elas não indicam o que verdadeiramente devemos ser. Nos dias atuais, há uma grande angústia quanto ao sucesso profissional, e geralmente atrelamos a essa “receita” o fato de trabalharmos com aquilo que sempre “sonhamos”. No caso de Morse, será que ele só poderia se realizar como pintor? Ou será que, no fundo, sua verdadeira vocação estava na criação, e para tanto ele poderia ser um artista, um cientista ou qualquer outra profissão, pois a todo momento podemos nós mesmos nos reinventar?

Os caminhos que a vida nos apresenta podem ser confusos, e isso naturalmente nos gerará medo, mas é fundamental entendermos que para chegar ao fim e encontrar a nós mesmos, a nossa verdadeira vocação, precisaremos percorrer a trilha que decidirmos. É preciso fazer essa escolha em meio aos medos, angústias e incertezas que a vida nos traz, mas saibamos que tudo isso faz parte do “jogo” da existência.

A mitologia grega nomeia de Kairós o deus da oportunidade. E segundo a tradição, Kairós tem um topete na frente da cabeça e é careca atrás, pois, quando ele passa, devemos agarrá-lo pelos cabelos de imediato! Se esperarmos ele passar novamente, não tem como puxá-lo mais! Quando observamos a vida de Samuel Morse fica nítido que os gregos tinham razão em entender a oportunidade como algo divino, uma janela de tempo em que se você aproveitá-la, conseguirá entrar, mesmo que por poucos instantes, no fluxo da vida e perceber a beleza que é viver o processo de existir. É desse modo que marcamos a História, seja a de toda uma civilização ou a nossa.

Nesse sentido, Morse a oportunidade de frente, e pôde não só se desenvolver no trabalho como inventor, mas também ajudou a humanidade. Desse modo, ele fez parte da História!

Por fim, podemos fechar essa breve história com uma reflexão importante advinda da Roma Antiga. O filósofo Cícero, o maior orador de todo povo romano, ensinava que aquele que cumpre com o seu papel na vida, aquele que compreende o seu destino, e o realiza, fica marcado na História. Talvez, se aproveitarmos as reais oportunidades que a vida nos concede para nos desenvolvermos, também possamos ajudar os outros, e também façamos parte de algo importante para a História! Marcá-la é, em grande medida, fazer a diferença no mundo. É claro que podemos entrar para a História pelos motivos “errados”, mas não devemos pensar por esse ângulo. Talvez nossa maior realização seja se tornar o grande exemplo de virtude para as futuras gerações que tanto carecem disso. 

Se na época de Samuel Morse o mundo viveu um grande “boom” tecnológico, quem sabe nossa era não possa ser marcada pelo grande crescimento espiritual, com pessoas cada vez mais bondosas e que são capazes de grandes sacrifícios em prol do Todo? Não deixemos que a oportunidade de sermos grandes homens e mulheres passe, pois, como a mitologia grega nos ensina, quando Kairós passar à nossa frente, deveremos agarrá-lo pelo topete! Façamos da nossa própria vida uma obra de arte e que, assim como Morse, possamos entrar para a História realizando nossa própria vocação humana.

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