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Filme “Eternos” – Mais uma vez a Disney nos inspira 

Os mitos sempre foram fonte de inspiração aos seres humanos. Se em suas civilizações, essas lendárias histórias e personagens mostravam aos homens e mulheres do passado ideias e valores próprios para aquele tempo, hoje em dia, para muitos de nós, a mitologia se tornou uma maneira de enxergarmos as crenças das antigas civilizações. Junto a isso, esse fantástico mundo de deuses e heróis passou a ser um rico material de entretenimento, sendo fomentado através de músicas, filmes, pinturas e peças teatrais. 

Relacionar os mitos com arte, porém, não é algo novo. Se olharmos para a nossa história, perceberemos, por exemplo, que o movimento renascentista resgatou a mitologia grega através da pintura e da escultura, usando os mitos como temas para as suas obras de arte. Desse modo, essas antigas histórias foram contadas e recontadas ao longo do tempo, servindo de inspiração até os dias atuais. 

Considerando essa perspectiva, não poderíamos deixar de falar do mais novo filme produzido pela Marvel Studios e distribuído pela Disney: Eternos. O filme, que tem como base os quadrinhos da Marvel, é dirigido por  Chloe Zhao e tem um elenco recheado de grandes atores, como Angelina Jolie, Richard Madden e Kumail Nanjiani. Lançado em 2021 e disponibilizado pela plataforma de streaming Disney+, “Eternos” é o 26º filme da franquia Marvel e conta a história de uma raça alienígena (os Eternos) que secretamente cuida da Terra e da humanidade, ajudando-os, desde a nossa origem, a florescer enquanto civilização. No filme, esses guardiões dos seres humanos são obrigados a saírem dos bastidores para salvar o mundo dos terríveis Deviantes.

Apesar de fantástico, esse não é um roteiro tão original quando olhamos para as mitologias. Na verdade, na grande maioria das civilizações antigas, tem-se essa ideia de combate entre forças que estão, em maior ou menor grau, interferindo na história humana. A ideia, porém, de estarmos sendo protegidos por seres divinos reflete, em parte, uma lei de que no Universo há uma hierarquia entre os seres com maior e menor poder. Tentemos explicar de uma maneira melhor: Pensemos no nosso sistema solar. Nele, o Sol é o corpo celeste de maior poder, tanto em seu tamanho, quanto na energia que emana dele. Assim, devido à sua massa, os planetas são quem giram ao seu redor, ou seja, são atraídos por sua força. Em síntese, o Sol, por ser mais “forte”, puxa os planetas para si e criam as suas órbitas. Também é graças ao Sol que a vida na Terra existe, uma vez que sua luz e calor são fundamentais para toda a dinâmica do nosso planeta.

Consideremos, só por um minuto, que todo o nosso sistema segue essa lei. Assim, os corpos menores que os planetas, como os satélites naturais, também por serem estruturas menores, estão submetidos à força dos planetas que os fazem girar ao seu redor. Podemos perceber, portanto, que o movimento do cosmos segue uma hierarquia em que os corpos mais densos atraem os menos densos, fazendo-os se movimentar. Essa é uma lei natural, aplicada a partir da gravidade, e tendo-a como base podemos compreender a ideia de que sempre haverá algo acima de nós e algo também abaixo de nós.

Dessa maneira, a ideia de que os deuses ajudam a humanidade dando-nos a vida, por exemplo, é tão aceitável quanto compreender que é graças ao Sol que a Terra pode viver. O filme Eternos aproveita-se dessa antiga ideia para introduzir o seu enredo, tendo estes seres como os grandes patronos das nossas grandes civilizações. Nesse sentido, podemos encontrar histórias similares na mitologia egípcia, por exemplo, em que Osíris vem até a terra do Nilo e ensina-os a plantar, colher e as bases para uma das maiores civilizações que já conhecemos. Em outro mito, agora o do povo asteca, temos o Deus Centeotl e seu cultivo do milho, ensinando também os homens e mulheres da América a sobreviverem da agricultura. Poderíamos citar diversos que retratam a íntima relação dos deuses com os homens, sendo esses seres superiores e, naturalmente, mais poderosos do que a humanidade. E, pelo fato de serem mais capazes, também são essas divindades as tutoras dos seres humanos. 

Porém, a inspiração do filme com a mitologia não acaba por aí, pois, ao analisarmos seus personagens, podemos notar suas similaridades com deuses e personagens da mitologia greco-romana. A primeira pista que nos dá essa relação está nos nomes dos próprios personagens: Thena é Athena, Ajak é Ajax, Sersi é Circe e assim por diante. Porém, a ligação dos personagens com as divindades não está apenas nessa relação direta. Basta pegarmos os atributos dos antigos deuses gregos e compará-los com os personagens do filme que reconheceremos o esforço de se embasar-se na narrativa mitológica em Eternos.

Pensando nisso, separamos alguns personagens e suas inspirações na mitologia grega. A primeira delas, como já apontamos, é Thena. A deusa que a personagem de Eternos representa, como já falamos, é a deusa da sabedoria e da guerra, Atena. Ela é filha de Zeus e representa a guerra sábia, que é feita com justiça. Thena, porém, é filha de Zuras, e possui o aspecto guerreiro também em sua jornada. Diferentemente da deusa grega, ela acaba por levar-se à ira em alguns momentos, não sabendo diferenciar seus aliados dos inimigos. 

De igual modo, um outro personagem que bombina suas características com a dos mitos gregos é Ikaris, o Eternos, que possui a capacidade de voar. Assim como no mito de Ícaro, Íkaris acaba voando muito próximo do sol, sendo um ponto marcante de todo o filme, mas que não podemos revelar.

Fechando essa pequena lista de personagens e sua referência na mitologia grega, temos Makkari, que se assemelha (e muito!) com o Deus Mercúrio. Ela possui, assim como a divindade romana, uma agilidade sobre-humana, sendo não apenas ágil fisicamente, mas também em sua agudeza mental. A divindade romana, além da sua velocidade, também era uma ponte entre deuses e a humanidade, sendo Makkari uma das Eternos mais ligadas aos seres humanos.   

Poderíamos continuar listando todos os personagens do filme e suas relações com a mitologia, porém, achamos que podemos aprofundar em uma ideia mais interessante do que apenas comparar os mitos e atributos de cada personagem. Sendo assim, é fundamental compreendermos a beleza por trás dessas formas, que, no mundo moderno, se traduz através de filmes e histórias “fantásticas”. Se hoje assistimos aos filmes e imaginamos quão criativas são as pessoas por trás daquela produção, devemos entender que as ideias que permeiam esses ambientes não são, necessariamente, novas. Elas existem desde sempre, seja no nosso imaginário coletivo, numa percepção individual através de uma experiência ou mesmo dentro de antigas mitologias. Talvez por isso essas obras, quando bem canalizadas, nos conectem com uma ideia mais profunda, mesmo que não consigamos entendê-la completamente.

Visto isso, Eternos é uma ótima opção de entretenimento, pois, além das clássicas cenas de aventura, próprias dos filmes Marvel e sua proposta de super-heróis, o longa ainda está pautado por uma série de ideias que acompanham a humanidade desde suas primeiras sociedades.

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