Esse é, talvez, o filme francês mais amado pelo mundo. Como um enredo que envolve uma jovem garçonete vivendo em Paris pode nos encantar tanto? Durante todo o filme passamos pela dualidade do banal e do especial. Antes mesmo de assistir, o título, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” já nos desperta a curiosidade de que este não será um filme comum. E de fato não é, mesmo que todas as cenas retratadas não passem de cenas do cotidiano de qualquer pessoa.
Aí está o diferencial do filme, a magia que o envolve e nos contagia é a de que tudo de mais simples que nos rodeia, pode tornar-se especial. Pequenos gestos, pequenos diálogos, novas formas de ver o céu ou a feira (clássica cena de Amélie colocando a mão no saco de grãos) saem do âmbito do monótono ou banal para se transformar em especial.
Desde pequena, a vida de Amélie a conduziu de uma forma que a fez ter curiosidade pela vida, sempre muito observadora, tímida, e com um olhar certo para cada coisa. Isso a levou a descobrir uma pequena caixa em seu apartamento, deixada por uma criança há muitos anos. Ao devolver essa pequena cápsula do tempo ao dono, que se comove profundamente, Amélie se impacta com o efeito positivo que pode gerar nas pessoas, e a partir daí decide ajudar as pessoas à sua volta, vendo nisso um novo sentido para sua existência.
As cenas e a narração vão passando com um ritmo que acompanha a linda trilha sonora (outro grande marco do filme) e nos deixa na expectativa para descobrir como a vida daquelas pessoas vai se desenrolar.
O fabuloso destino de Amélie é de fato ajudar as pessoas à sua volta, e tornar a vida delas um pouco melhor do que era antes. E esse fabuloso destino também pode ser o nosso destino. O que nos impede hoje de fazer um simples gesto de cortesia com o nosso vizinho? Ouvir algumas palavras com atenção daqueles que gostam de conversar? Se aproximar do vendedor da feira da qual compramos verduras e frutas toda semana? Acho que ainda não descobrimos um destino para o ser humano mais fabuloso do que este, se colocar à serviço do próximo.
E o mais bonito é que, quando Amélie se encontra nesse papel, seus problemas perdem a força, tanto o problema de saúde, quanto sua timidez, quanto as pequenas coisas que a tiravam do sério.
Nossa rotina não tem muita diferença da de Amélie, trabalhamos, temos colegas de trabalho, vizinhos, frequentamos uma feira, visitamos nossos familiares, temos um relacionamento… Então o que nos impede de sermos como ela? De despertar esse olhar curioso e atento para a vida à nossa volta e ajudar, por mais simples que seja a ajuda, quem está ao nosso lado? Muitas vezes um abraço ou um “bom dia” pode ser a melhor ajuda que você pode dar a alguém naquele momento. Façamos como Amélie, e descobriremos a mágica do destino que vai se abrir à nossa frente!
