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Por que a minissérie “A Bíblia” surpreendeu o mundo com tanto sucesso?

(Créditos: Oskaras.com)

Você já deve ter se deparado com a minissérie “A Bíblia”, enquanto procurava alguma coisa para ver no Netflix, ou deve ter visto algum episódio pela TV. Sabia que essa produção, do casal Roma Downey e Mark Burnett, atingiu a maior audiência de TV a cabo nos Estados Unidos em 2013? Inicialmente transmitida pelo History Channel, explodiu pelo mundo com retransmissão em todos os continentes, em um sucesso inimaginável.

O que está por trás de tanto sucesso?

A Série percorre a Bíblia, do Gênesis até o Apocalipse em dez episódios, passando pelos principais fatos, com todos os recursos avançados de cinematografia e computação gráfica dignos de Hollywood.

Começa na distopia diluviana, com Noé à bordo de uma arca gigante, sobrevivendo à fúria das águas e vai percorrendo toda a trajetória do Velho Testamento: a libertação do povo judeu da escravidão egípcia, liderada por Moisés; a conquista de Jericó por Josué; a força de Sansão na luta contra os filisteus e sua fragilidade psíquica diante da linda jovem Dalila; a chegada do Rei Saul ao trono e a saga de Davi, desde a derrota do gigante Golias até a coroa, sem deixar de fora sua intrigante sedução por Bate-Seba que levou ao homicídio de seu marido, Urias, e o subsequente perdão divino. Por fim, a série fecha o Velho Testamento no quinto episódio, com a narrativa do exílio do povo judeu na Babilônia, incluindo o sonho do Rei Nabucodonosor, o milagre da fornalha ardente e o profeta Daniel sendo lançado na cova dos leões.

(Créditos: Séries News)

Mas isso é só a metade, do sexto episódio até o décimo, a produção compreende as narrativas do Novo Testamento: o nascimento de Jesus; o milagre da multiplicação dos pães na Galileia; a ressurreição de Lázaro, que estava morto há quatro dias e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho. A partir daí, inicia-se a paixão, via crucis e a ressurreição do messias, com cenas surpreendentes do Sumo-Sacerdote Caifás persuadindo Judas a trair o Mestre; a última ceia; a agonia no Jardim do Getsêmani; a prisão; o golpe da espada de Pedro ao soldado romano; o julgamento no Sinédrio; o enforcamento de Judas; a coroa de espinhos; as chicotadas; a crucificação e o sepultamento.

O último episódio da série traduz bem o ponto de inflexão dos evangelhos: o momento triste de Maria Madalena indo ao túmulo, com a sensação de que tudo estava acabado, pois seu Mestre estava morto e a surpreendente aparição do Cristo glorioso ressurreto. Daí inicia-se a história da Igreja primitiva, com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, o apedrejamento de Estevão, a conversão de Saulo de Tasso no caminho de Damasco, o martírio dos discípulos, o exílio de João na Ilha de Patmos e sua revelação apocalíptica sobre o fim do mundo.

(Créditos: Séries News)

Essa é a razão do sucesso da produção: seu conteúdo. Apesar da riqueza dos recursos cinematográficos, e dos estudos teóricos que foram realizados para captar a precisão dos fatos bíblicos, a partir de consultorias com vários especialistas no assunto, biblistas, teólogos, pastores, sacerdotes e rabinos, não restam dúvidas que,os créditos desse sucesso devem-se não aos recursos técnicos, mas à mensagem de que trata o conteúdo da série e à necessidade do atual momento histórico.

Esses escritos impactam a humanidade desde 1500 a. C, quando se dá conta das primeiras narrativas, ou seja, mais de 3500 anos de impacto histórico na humanidade.

Há estudos que apontam a bíblia como o livro mais vendido de todos os tempos, com mais de seis bilhões de cópias em todo o mundo e traduções para 2454 línguas e dialetos.

Perguntar por que a série “A Bíblia” teve um sucesso de público tão surpreendente é o mesmo que perguntar por que a mensagem desse livro impacta tanto a humanidade, ao longo de tantos anos?

(Créditos: Oração & Fé)

Tem algum detalhe nas entrelinhas desses escritos que mexe com algo muito profundo no espírito humano. A causa de tanto sucesso não está no arcabouço cultural das narrativas, não está na emoção que essas histórias trazem, nem no intelectualismo que o domínio do tema venha eventualmente oferecer. Com certeza, há vestimentas culturais tão atrativas quanto as judaicas, há histórias sensacionalmente mais surpreendentes que as da bíblia e há mais intelectualidade, talvez, fora da bíblia que dentro dela. Então o que será que nos surpreende tanto neste livro?

Tem um pensamento do filósofo Jorge Angel Livraga que diz o seguinte: “Os símbolos são como pegadas impressas no barro do mundo por pés invisíveis e as suas características ajudam-nos a deduzir e às vezes a intuir os ocultos significados”. Isso lança um filete de luz sobre a nossa questão. E se a bíblia encerrar algumas dessas pegadas invisíveis que vibram com nossas intuições mais profundas?

Toda literatura que ao longo da história humana foi sendo naturalmente considerada como “sagrada”, o Mahabharata, a Torá, o Alcorão, entre outros, são livros-símbolos, no sentido original da palavra “símbolo”, que significa algo que contém, que guarda, que leva consigo uma essência. O mais empirista dos homens, o mais cartesiano, o mais tecnicista, terá que, pelo menos silenciar, diante do grande mistério que há no Universo, nas semelhanças entre o microcosmo e o macrocosmo, no fenômeno da reprodução humana, na dinâmica dos astros e dentro de nós mesmos, já que também somos seres misteriosos. Não sabemos de quase nada sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos. Por isso, a linguagem do sagrado é um jeito que a humanidade desenvolveu de se aproximar desses grandes mistérios.

A modernidade de algum modo nos divorciou do Sagrado, nos reduziu aos limites da matéria física. O método científico agarra-se à objetividade, considera como verdade apenas o que pode ser provado. Entretanto, o movimento da História nos revela o contrário. Há uma sede humana profunda pelo simbólico, pela linguagem sagrada. Tateamos no escuro em busca de luz. Isso explica a voracidade com que esta geração consome os produtos que lhes são disponibilizados, dentro de sua linguagem, envolvendo a mensagem do sagrado.

Na busca de encontrarmos o nosso papel no Universo, vamos, então, livres de preconceitos e das crenças criadas pelos homens, investigar e contemplar os mistérios guardados neste grande livro da Humanidade, e que agora se transforma numa obra audiovisual!

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