“As crianças de hoje não sabem brincar.”
Hoje em dia é muito comum escutar isso, e infelizmente parece ser verdade. Existem várias causas para isso, mas o que vemos é que as crianças estão cada vez mais ligadas às tecnologias, e menos às brincadeiras de rua, os jogos e ao convívio com outras crianças. Pode até parecer simplesmente uma adaptação aos novos tempos, mas o vício em tecnologia é uma realidade que já atinge várias crianças, e isso é um grave problema de saúde, assim como qualquer tipo de vício.
Além deste problema de saúde, existe o problema social. As crianças (e os adultos também) não tem criado vínculos sociais, pelo menos não com pessoas de carne e osso. Ter um amigo, alguém com quem você conversa, brinca e às vezes briga é também uma necessidade para a harmonia do indivíduo e da sociedade.
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Quase como um alívio para esta situação, neste período de férias chegou aos cinemas o filme “Turma da Mônica: Laços”, do diretor Daniel Rezende. É a primeira vez que podemos ver os personagens do Bairro do Limoeiro em carne e osso.
Os gibis da Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, e de tantos outros personagens criados por Maurício de Sousa são obras que marcaram gerações com histórias simples, mas que reproduziam com muita verdade as coisas boas da infância. Isso é o que podemos chamar de “Clássico”, pois quebra a barreira do tempo e continua sendo bom mesmo que se passem vários anos. Um fato interessante e que representa bem a influência destas obras nas mais diferentes gerações, é que a atriz Monica Iozzi, que interpreta a mãe da Mônica no filme, recebeu esse nome há 37 anos, pois a sua irmã o escolheu por ser o nome da personagem que ela mais gostava nos gibis.
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Monica Iozzi interpreta Dona Luísa, mãe da Mônica
O roteiro deste filme é uma adaptação de uma graphic novel (um formato de história em quadrinhos) da Turma da Mônica também chamada “Laços”, criada pelos irmãos Victor Cafaggi e Lu Cafaggi em 2012. Nesta história, fica evidente o carinho e a gratidão que os irmãos Cafaggi sentem pelas obras que os influenciaram na infância, por isso ela tem um tom bem nostálgico, fazendo referência à filmes clássicos que passavam na Sessão da Tarde nos anos 80 e 90.
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A história conta como os quatro amigos: Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali decidem partir numa aventura em busca de Floquinho, o cachorro verde do Cebolinha, que havia sumido.
Para quem tem acompanhado os filmes da Disney, percebe que eles têm incluído algumas mensagens referente às questões sociais de nossa época, como a Bela que tinha um quê feminista no filme “A Bela e a Fera” de 2017. Não espere isso de Laços. Você não vai encontrar nenhuma “crítica social”. É simplesmente um filme de criança, que toca o nosso lado infantil e fala direto para o coração.
No filme não fica claro qual é a época em que se passa a aventura, mas todos os cenários nos remetem para um passado de jogos, imaginação, brinquedos inventados, de amizade com os amigos da rua e rivalidade com a “turma da rua de baixo”. A forma com que os personagens interagem, se divertindo, tirando sarro um do outro, às vezes passando dos limites, mas sabendo pedir desculpas, nos faz lembrar que isso é simplesmente ser criança… E sempre foi assim. Hoje em dia, há quem faça a problematização da situação do Cebolinha fazer “bullying” com a Mônica, ou do “incentivo à violência”, por causa das coelhadas que a Mônica dispara quando está com raiva. Há quem prefira analisar dessa forma, mas no fim das contas, o que importa nisso tudo, é o que Maurício de Sousa diz na introdução da graphic novel de 2012:
“Você constatará que, nessa Turminha, os laços são (muito) mais fortes do que os nós.”
Esta sim é uma mensagem válida para levarmos para a nossa vida, e ensinar às nossas crianças. E claro, podemos aproveitar o clima do filme, que ainda está em cartaz, e incentivar os pequenos a viverem mais no mundo real, do que no virtual: jogos, brincadeiras e principalmente amigos de verdade, é isso o que devemos cultivar.
Ainda dentro do universo criado por Maurício de Sousa, uma boa opção para que as crianças possam vivenciar brincadeiras de verdade é o Parque da Mônica, para quem mora em São Paulo, no Shopping SP Market, ou de uma das unidades da Estação Turma da Mônica: Shopping Cerrado em Goiânia-GO ou Shopping Patteo Olinda, em Olinda-PE. Divirta-se e resgate aquela pureza de ser criança!