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Curta “Cogs”: Precisamos sair dos trilhos

Você provavelmente já pensou em mudar o mundo, não é verdade? Acredito que todos nós, em maior ou menor grau, buscamos fazer a diferença em nossa vida cotidiana. Porém, quando olhamos para o mundo e seus problemas, é natural que nasça em nós uma sede por transformar a realidade com que nos deparamos. A juventude, de forma geral, é um momento em que esse sentimento ganha força, e passamos a realmente tentar nos “rebelar” contra a ordem imposta pela sociedade. Você já se sentiu assim? 

O problema com que nos deparamos é de que, de forma efetiva, conseguimos fazer muito pouco para transformar o mundo. Assim, com o mesmo ímpeto que queremos romper barreiras, somos abatidos com o peso da realidade e suas dificuldades. Por causa disso, acabamos nos sentido impotentes e, por vezes, desistimos de mudar o mundo através de nossas ações. À medida que o tempo passa, começamos a mudar nosso discurso, e o jovem que antes enfrentaria os tiranos e as amarras sociais agora é um adulto que repete o jargão “a vida é assim mesmo, e não podemos fazer nada para mudá-la”. 

Hoje, porém, vamos indicar um curta-metragem capaz de resgatar em nós esse sentimento por mudança. O curta em questão chama-se “Cogs” e nos traz uma importante reflexão sobre como podemos “sair do trilhos”, ou seja, não sermos apenas mais um número na sociedade, e começarmos a viver de forma autêntica. Junto a isso, também falaremos como é possível transformar o mundo a partir de nós mesmos. Estão todos prontos para embarcar nessa jornada? Vamos lá!

Falando dos aspectos técnicos do filme, o curta foi lançado em 2017 e dirigido por um dos ganhadores do Oscar, Laurent Witz. Porém, “Cogs” não é apenas mais uma película emocionante, mas sua criação foi parte do projeto de lançamento de uma organização australiana chamada AIME, que tem como meta a superação das diferenças sociais através da educação. Assim, desde sua gênese, podemos perceber que o propósito desse curta não é apenas divertir ou nos encantar com sua qualidade técnica, mas também nos levar a refletir sobre como podemos usar a educação como uma ferramenta de superação das desigualdades em nosso mundo.

Sobre o filme, ele levou um ano para ser produzido e, de maneira sintética, descreve o mundo como a reprodução de um sistema rígido, mecanizado, em que todos os comportamentos sociais são resultantes de um sistema de máquinas. Dois motores geram a vida da cidade, e os passos de cada pessoa são controlados através de sapatilhas presas a um emaranhado de trilhos. Vamos assisti-lo?

Logo na primeira cena, dois garotos estão sentados em uma colina estudando, olham um para o outro e sentem a necessidade de partilhar o conhecimento, mas não conseguem, pois o sistema de trilhos não permite essa interação. Isso pode parecer uma cena comum para o espectador, mas retrata de forma simbólica a prisão que o sistema moderno impõe em nossa forma de pensar. Sabemos que vivemos em um mundo em que a competitividade é uma lei, afinal, todos queremos ser os melhores, precisamos alcançar o pódio e, obviamente, para que exista um vencedor, é preciso que outros milhares saiam derrotados. Assim, compartilhar o conhecimento não é um objetivo de interesse comum. Ao contrário, buscar tirar vantagem daquilo que se sabe é uma regra básica da convivência que, infelizmente, seguimos à risca. 

Outro ponto interessante é que essa animação nos convida a pensar um pouco sobre a mecanicidade das relações, como somos tão condicionados a reproduzir padrões em função do lucro, do consumo, do mercado. Padrões estabelecidos sutilmente pelas redes sociais, pelas séries de TV, padrões que atendem a interesses corporativos, e que são impostos à coletividade de forma invisível, subliminar e sorrateira. No entanto, reproduzimos esses padrões não porque queremos, não é uma escolha, mas porque nem mesmo percebemos que estamos nos trilhos, já que é fruto de uma ignorância, de uma espécie de cegueira.  

Por exemplo, segundo estudos sérios relacionados à economia, a camada 1% mais rica da população vem acumulando mais riquezas que todas as 99% restantes. Isso não pode ser razoável, há algo errado nesse padrão de acumulação. Isso porque, quando a gente olha para a Natureza, vê que o padrão é outro. Imagine se o coração retivesse todo o sangue do corpo só para si? Na Natureza, a lógica não é de acumulação, mas de fluxo, de distribuição, de colaboração. 

Não queremos dizer que o enriquecimento é ilícito, nem mesmo que grandes empresários são pessoas más, porém, esse sistema que só separa as pessoas e não permite a interação humana é, de fato, muito nocivo.

Com essas reflexões em mente, percebe-se que reproduzimos padrões errados porque estamos todos cegos diante deles. No pensamento antigo, o filósofo Platão conta a história de uma sociedade que vivia presa no fundo de uma caverna, todos amarrados, olhando para as paredes e vendo sombras. Para eles, a realidade eram aquelas sombras, até que um dos moradores se inquieta e, com muito esforço, consegue romper as amarras e sair da caverna. Ao se deparar com o mundo lá fora, vívido, cheio de cores, iluminado pelos raios poderosos do Sol, aquele morador resolve voltar à caverna e libertar os outros.

Frente a isso, devemos entender que mudar o mundo não é só uma aventura dos jovens, afinal, estes não possuem a força necessária para uma verdadeira transformação. É preciso que cada um de nós, dentro das nossas possibilidades e em função da vida que levamos, sejamos capazes de alcançar um ponto de mudança interno que reflita em nossos pequenos círculos sociais. Essa é uma questão de visão: quando enxergamos a lógica por trás do funcionamento dessa engrenagem social, começamos a nos libertar.

Assim, se faz fundamental se soltar dos trilhos, sair do padrão tal qual o jovem do curta. É preciso ousar, é preciso fazer diferente, porque esta civilização está necrosando pouco a pouco. Não precisamos enxergar ao longe para percebermos isso. Basta observarmos as notícias que diariamente nos falam de crises migratórias, convulsões sociais por toda parte, aumento do crime organizado, aumento descomunal da mortalidade infantil em países como Somália, Haiti, entre outros. Esses são alguns dos fatos que demonstram essa decadência. Se amamos a Humanidade profundamente, então temos que sair dos trilhos. 

Como diz no final do curta: “se queremos mudar o mundo, precisamos mudar a forma como ele funciona”. Então, ao terminar de ler esse texto, faça diferente, colabore ao invés de acumular; sirva ao invés de reter tudo para si. Mas é importante perceber que, não adianta simplesmente ser movido por um “ódio ao sistema”. Assim como Cristo, Buda, Martin Luther King e tantos outros verdadeiros revolucionários nos ensinaram, o combustível para uma mudança positiva é sempre o Amor. Mas esse Amor deve se tornar objetivo. Não adianta “amar a Humanidade”, mas odiar ao próximo. É preciso se oferecer para ajudar, de forma direta e objetiva, alguém que precisa da sua ajuda; pois é no convívio e na entrega à cada Ser Humano, de 1 a 1, coração com coração, que conseguiremos alcançar uma verdadeira evolução. 

Então, liberte-se dos trilhos pré-estabelecidos, amplie a visão, veja os raios poderosos do Sol que aparecem todos os dias sem querer nada em troca, e que nos dá tanta Vida e tanta Luz. Precisamos sair dos trilhos por um mundo novo e melhor e por um Ser Humano novo e melhor.

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