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Zootopia – Quando os Animais nos Ensinam a Sermos mais Humanos

Muitas vezes só nos enxergamos através do outro, só percebemos as consequências de nossas debilidades e o quanto nossas virtudes são necessárias quando assistimos um filme ou uma peça. A comédia grega já utilizava esta capacidade de rir de nós mesmos, de nos reconhecer nas situações da vida, de forma pedagógica. Este é um dos pontos fortes do bem sucedido filme “Zootopia: Essa Cidade é o Bicho”, da Walt Disney Animation Studios.

Desenvolvido em cenários fantásticos que misturam futurismo, contemporaneidade e fantasia, Zootopia nos mostra uma história que não está tão distante do que vivemos hoje em nossas cidades, de diferenças sociais, violência, sonhos de realização através de uma profissão, grandes corporações, preconceitos, pessoas do interior indo para as grandes cidades em busca de oportunidades, ícones pop como formadores de opinião, políticos não tão éticos, publicidades em todos os lugares, dificuldades com transporte público – só que tudo isso acontece não com seres humanos, mas com animais.

O filme nos é apresentado de tal maneira que, se não fossem os cenários tão lúdicos e uma história contada por animais humanizados, fofos e engraçados, chegaríamos a pensar que poderia ser um filme adulto qualquer. Os animais, que perderam o “comportamento animalesco ancestral”, como bem explicado nos momentos iniciais, são os que garantem que, mesmo vestindo roupas modernas e com atitudes próprias de seres humanos, o filme continue sendo palatável ao público infantil.

Depois de explicar o porquê dos animais agirem como seres humanos, somos apresentados a um mundo onde reina a harmonia entre as diferentes espécies. Os diretores Rich Moore e Byron Howard nos divertem com as diferentes proporções, com lugares grandes demais para caberem girafas ou pequenos demais para comportar habitações de camundongos.

As espécies aqui, funcionando como uma analogia à pluralidade existente nas nossas grandes cidades, nos incitam a refletir sobre a possibilidade de viver em harmonia em meio a tanta diversidade.

Mas aí nascem os conflitos, porque toda boa história precisa ter algo a nos contar…

Por motivos simples e naturais, deixado como mistério no desenrolar do filme, alguns animais estão voltando ao seu comportamento selvagem e gerando um caos, desaparecimentos e casos de agressões na cidade, ficando a cargo da coelha policial Judy e de seu companheiro, não muito confortável com esta posição, a raposa Nick, resolver o caso.

Se novamente olharmos para o filme buscando refletir sobre a fragilidade do nosso sistema de leis e de como nossa moralidade parece um verniz social, perceberemos que nós, seres humanos, também parecemos frágeis assim no nosso comportamento ético. Muitas vezes, parece que estamos a espera de uma oportunidade para também liberarmos nosso lado animalesco selvagem. Todos já devem ter visto casos em que, em períodos de greve policial, várias pessoas sem histórico de crimes, acabam se envolvem em casos de roubos e arrombamentos; Ou quando um caminhão tomba na beira da estrada e os produtos são todos levados embora. Infelizmente é uma situação não tão distante da vida nas nossas cidades, a tal ponto que conseguimos nos reconhecer nas cenas de fúria animal em Zootopia.

Outro ponto importante, que gera bastante reflexão, nos é apresentado através da coelha Judy e seu sonho de ser policial e contribuir para um mundo mais justo. É aqui que a Disney mais acerta na mensagem para as crianças, ficando clara a resistência que Judy terá que enfrentar para realizar aquilo que sua alma clama, e o quanto ela pode se superar, vencer suas limitações para viver seus sonhos.

Os primeiros a terem dificuldades em aceitar os sonhos de Judy são os próprios pais, que naturalmente preocupados e cientes de tudo que a filha teria que enfrentar para seguir a carreira policial, preferem apoiar um caminho para o futuro em algo que eles já conhecem, em algo que eles mesmo escolheram para suas vidas. Mas Judy se demonstra determinada em seguir seus sonhos, e mesmo tendo muitas dificuldades desde a sua formação na academia de polícia, ela aprende a vencer suas provas explorando suas potencialidades, descobrindo a sua forma de fazer as coisas, ao invés de tentar imitar os outros recrutas.

Este é um grande ensinamento para as crianças e para os adultos: é possível vencer as dificuldades da vida, é possível se superar. Muitas vezes ficamos presos nas nossas limitações, por não nos acharmos tão fortes, ou tão espertos, ou tão altos, ou tão baixos, porém, não devemos nos esquecer que podemos passar por qualquer situação explorando o que temos de melhor. É assim que a coelha Judy se torna policial, e é assim que ela resolverá o caso juntamente com a raposa Nick.

A jornada da raposa também é digna de atenção. Sofrendo preconceito por ser uma raposa, entendida como um predador que não merece confiança, Nick acredita que o único destino possível para si mesmo é a vida criminosa. Mas através da amizade com a coelha Judy, e principalmente por ter tido a oportunidade de ser útil à sociedade de alguma maneira, ajudando a resolver um caso que tanto causou sofrimentos a vários animais, Nick percebe que a vida para ele pode ser diferente. Assim como sua amiga coelha, ele entende que pode se realizar como um animal humanizado, contribuindo para um mundo melhor.

Reflexões tão profundas nos são apresentadas durante todo o filme de maneira muito solar, colorida e com bom humor. As piadas servem para parodiar nossa vida contemporânea, evoluída em tecnologia mas com tantas dificuldades quando se trata de questões mais humanas, como convívio, respeito, ética, amor ao próximo e serviço a sociedade.

Zootopia, é um filme de animais, que nos ensina como sermos mais humanos.

FICHA TÉCNICA

Cartaz

País Estados Unidos

Ano 2016

Duração 108 min

Direção Byron Howard e Rich Moore

Produção Clark Spencer

Produção executiva John Lasseter

Roteiro Jared Bush e Phil Johnston

Gênero Fantasia, aventura e comédia

Música Michael Giacchino

Distribuição Walt Disney Studios Motion Pictures

Lançamento Estados Unidos em 4 de março de 2016 e no Brasil em 17 de março de 2016

Idioma inglês

Orçamento US$ 150 milhões

Receita US$ 1 023 784 195

Trailer

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