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O que é a Curiosidade?

O que é Curiosidade? De que natureza é feita e como acontece dentro de nós? Por que ela tem tanto poder sobre o ser humano?

É engraçado como a curiosidade pode nos colocar em situações constrangedoras, mas, por outro lado, também pode ser o motor para grandes descobertas. Por isso é importante entender como a curiosidade acontece dentro de nós. Este pode ser o diferencial entre levar uma torta na cara ou ter um grande avanço no processo de autoconhecimento. Saber como esse fenômeno acontece em nós é transformador, pois lança um foco de luz sobre este impulso que nos pega, em geral, inconscientemente. A curiosidade é uma grande potência que todos nós temos, e assim, pode nos levar a lugares muito altos ou nos lançar em abismos profundos, tudo depende do grau de consciência e autodomínio que desenvolvemos.

Qual foi a primeira vez que a palavra “curiosidade” apareceu na linguagem humana? De que natureza é feito esse fenômeno? Como a filosofia antiga e as tradições abordam esse aspecto do ser? Existe curiosidade boa e curiosidade má? É possível ter domínio sobre a curiosidade? E se eu aprender a manejar bem a curiosidade, o que acontece? Que voos altos conseguirei alçar? Atribui-se a Cícero, em sua carta a Atticus, o primeiro uso do termo curiosidade, curiositas, do latim. O prefixo “cur” no latim quer dizer “por quê”. Assim, curiosidade é uma busca da alma humana para entender o porquê das coisas. É como uma lei invisível que nos rege silenciosamente. Independente do desenvolvimento de nossas faculdades mentais, somos levados a querer conhecer, a entender o porquê e isso vem embalado em uma teia de sentimentos. Quando despertamos curiosidade por algo, esse despertar não acontece apenas no campo da razão, mas sobretudo no campo do sentimento. Sentimos curiosidade e ao sentirmos, a razão controla esse sentir. Os gregos costumavam dividir o ser em três esferas: uma esfera somática ou corporal-física, onde ocorrem os fenômenos físicos como formação do embrião, desenvolvimento muscular, desenvolvimento das células, tecidos e sistemas sanguíneo, respiratório, digestivo, etc.; outra esfera psíquica, que corresponde à parte que sente, onde acontecem os fenômenos afetivos das emoções, paixões e sentimentos e uma terceira esfera mais elevada, onde habitam os arquétipos, os grandes ideias ou ideias perfeitas, como Vontade, Amor, Sabedoria, Inteligência, Generosidade, etc.

A lei invisível da curiosidade tem sua origem na esfera mais alta do ser, que é o espírito, o que os gregos chamavam de nous. Na origem, a curiosidade é um arquétipo, um tipo de ideia perfeita, um ideal, e de lá vai caindo no mundo manifestado. Para chegar até o plano físico, a curiosidade passa pelo psíquico, que é a região dos fenômenos afetivos. Se a psique não estiver bem ordenada, esse raio de vontade que é a curiosidade sofre deformações, e daí é que surge o que poderíamos chamar de curiosidade mórbida, que pode nos levar para os abismos. Esse movimento é ilustrado na mitologia grega através do mito da caixa de Pandora – Um mito é uma linguagem simbólica, a que as tradições recorriam quando precisavam tratar de algo muito sutil e nossa lógica normativa não dava conta de explicar – Nesse mito, Prometeu rouba uma centelha de fogo divino e dá aos homens. Zeus, revoltado com essa atitude, resolve castigar os homens, e usa para isso, o raio da curiosidade. De que forma? Ele presenteia o casal Epimeteu e Pandora com uma caixa misteriosa, fechada, que jamais deveria ser aberta. Pandora não resistiu ao sentimento de curiosidade e abriu a caixa, permitindo que todos os males existentes se precipitassem para fora e invadissem o mundo dos homens. Esse mito tem uma indiscutível semelhança com a narrativa do Gênesis relativa a Adão e Eva, em que os dois, após serem criados do pó da terra e receberem o fôlego divino através de um sopro nas narinas, viviam em uma espécie de estado de inocência no paraíso e podiam comer de todos os frutos, menos da árvore que estava no meio do jardim, a árvore do conhecimento do Bem e do Mal. Mas Eva não resiste à curiosidade e come do fruto, destampando assim a “caixa de pandora” da tradição judaica.

(Créditos: Coluna Geek) Em ambas as tradições, grega e judaica, a curiosidade aparece inicialmente como uma espécie de centelha divina dada ao homem e depois sofre deformações a partir de fenômenos afetivos, no campo das emoções e se plasma no mundo como um raio deformado, através de dores, derramamento de sangue, sofrimentos e muitas lágrimas. A conclusão a que chegamos com base nas tradições, é que curiosidade é uma potência divina, muito elevada, que é dada aos homens, mas a organização da psique e a ordenação do pensamento, traduzidas em razão e sentimento, é que vão determinar como essa centelha irá operar no mundo. Podemos ter curiosidades no nível de um Isaac Newton ou um Einstein e alçar voos muito altos no campo das grandes descobertas da natureza, mas podemos bloquear esse raio e viver de pequenos reflexos mórbidos, que nos aprisionam no vício rasteiro da pornografia, da luxúria, da gula. Podemos reduzir a grande força da curiosidade ao raquítico prazer de assistir a cenas de violência, de brutalidade, tudo depende da orientação que damos às nossas esferas mentais e psíquicas. Uma mente e uma psique bem ordenadas, tendem a traduzir a força da curiosidade em um processo de autoconhecimento que acabará manifestando um exercício de vida cotidiana baseado em prudência, fortaleza, temperança e justiça.O ideal de ser humano presente nas tradições e na filosofia antiga é de um indivíduo que se lança na busca profunda pelo sagrado, pelo divino, pela descoberta das leis invisíveis que regem a natureza. E para isso que somos equipados com essa grande potência que é a curiosidade. Quando não damos essa destinação a essa força que temos em direção ao conhecimento, incorremos em uma violação grave das leis invisíveis e inevitavelmente isso tem um troco, tem uma subsequente cadeia de efeitos maléficos. Precisamos plantar uma semente para uma nova humanidade que não seja débil, que não reduza as grandes potências divinas dadas ao homem e que use a curiosidade para os grandes saltos de evolução. Urge sonhar com isso e agir nesse sentido.

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