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Como apreciar a natureza sem aprisioná-la?

A natureza nos encanta. Quantas vezes já não constatamos isso?  O céu azul pintado de nuvens, o som do mar lavando as praias, o canto dos pássaros nos bosques e parques, tudo à nossa disposição, sem nenhuma cobrança da Mãe Terra. Mesmo assim, por algum motivo, parece que não sabemos lidar com isso, e, por vezes, “sequestramos” a vida selvagem para nossas casas. Ao longo da história, desviamos o curso de rios, criamos ou extinguimos lagos conforme nossa conveniência – e até os povoamos artificialmente com peixes inéditos naquele bioma -, destruímos florestas, criamos bosques particulares, introduzimos espécies de animais em habitats estranhos e até criamos indústrias de raças de cães e gatos, por exemplo, tudo para que se encaixem no nosso estilo de vida.

Entre os animais, os pássaros parecem ser os mais difíceis de se ter por perto, já que, para eles, literalmente, o céu é o limite. Diante dessa dificuldade, não desistimos, pelo contrário, os colocamos em gaiolas em nossas casas, como uma forma de minimizar seu sofrimento, dando a falsa impressão de que estão em segurança. E temos todo o cuidado para que não fujam. Mas, se um animal que amamos e cuidamos, foge quando tem a oportunidade, será que ele se sentia mesmo como nosso animal de estimação, ou um prisioneiro?

O tamanho ideal de um peixe só é atingido em seu habitat natural, assim como o comportamento altivo e perspicaz de um leão só se percebe numa savana, ou a dinâmica impressionante entre gorilas machos que disputam a liderança do grupo só encontra a beleza máxima na profundidade das matas tropicais. Tampouco consegue o homem encontrar seu apogeu longe da arte, da cultura, da convivência e da própria natureza, por isso busca tê-los sempre ao seu redor, custe o que custar. Entretanto, é possível cativar a natureza sem causar-lhe tanto sofrimento.

Na sessão “Canal do Pet”, no portal IG, descobrimos como é possível atrair os pássaros de forma que procurem nossa presença sem temê-la e sem que seja necessário mantê-los em gaiolas.

Para conseguir a atenção desses nossos amigos, devemos conhecê-los primeiramente. Em seguida, oferecer somente o que desejam e os faz bem. Então, perceberemos que não é tão difícil quanto parece, pois, no fim das contas, os animais buscam tudo aquilo relacionado à sobrevivência, segurança, e fogem do que representa perigo.

Dar-lhes um local fresco e agradável com algum alimento, flores e flora abundante pode ajudar a atrair a atenção dos pássaros. Nesse caso, nossa atenção é fundamental, pois nem todo tipo de comida é ideal para todos os animais, além disso, devem ser colocadas onde não possa ser alcançada por roedores, cães ou gatos, que são seus predadores – e ainda podem comer todo o alimento, fazendo com que nossos amiguinhos busquem em outro lugar. 

Ao contrário do senso comum, pães e farelos não são a opção mais saudável para eles, pois contêm muito açúcar na forma de carboidratos, o que pode acarretar problemas de pele, perda de penas e até obesidade. Assim como também não é nada saudável atrair beija-flores com um recipiente repleto de água com açúcar. Devemos utilizar fórmulas especiais mais adequadas, facilmente encontradas em lojas especializadas. Os pássaros também parecem gostar, especialmente, de fontes de água onde podem matar a sede, mas também se banhar para diminuir a sensação de calor.

Na matéria, aprendemos que, para atrair esses animais, é importante oferecer o que desejam e o que lhes proporciona bem-estar e isso nos leva a uma reflexão mais profunda em relação aos vários aspectos das nossas vidas. Como funcionam nossos relacionamentos? Sejam familiares, de amizade ou amorosos? Nós colocamos na relação atitudes e gestos que fazem para a pessoa que queremos próximo, ou mantemos a pessoa próxima de nós, cativando-a com elementos atrativos, mas que nem sempre são bons para ela? Desejamos o interesse das pessoas por nós, amor, carinho, ou apenas atenção e obediência? Com que frequência negligenciamos seus interesses particulares, seus anseios, e adotamos comportamentos que, não percebemos, mas contêm certa dose de violência, seja na forma de imposição das nossas ideias, ou da proibição de tudo aquilo que faz com que se afastem de nós?

Estar em sintonia com a natureza nos coloca no verdadeiro papel de seres humanos, não apenas para usufruir do mundo como consumidores, mas para preservá-lo. É unir-se com sua verdadeira razão, com suas verdadeiras leis, recebendo da natureza o que há de melhor que ela pode oferecer sem esgotá-la e sem transformar sua essência.  

Uma história antiga, de origem difícil de precisar, conta que um sábio foi procurado por dois homens que discutiam se deveriam ou não cortar uma árvore. Um deles defendia que sim e o outro se opunha. O sábio então perguntou-lhes quais as razões que cada um tinha encontrado para pensar de tal forma. O primeiro garantiu que a árvore deveria ser cortada porque daria espaço para mais casas, mais comércio e assim melhoraria a vida das pessoas, incluindo a de seu opositor. O segundo estava certo que sua derrubada seria prejudicial para todos, pois um espécime de flora como aquele poderia garantir oxigênio, sombra, frutos, paisagem, entre tantas outras coisas e não apenas para si, mas para todas as pessoas, incluindo seu adversário naquela disputa. O sábio, então, após refletir alguns instantes, disse que suas razões não estavam certas e que deveriam adiar sua decisão para que pudessem também pensar a respeito, e assim o fizeram. Os dois homens finalmente voltaram e, curiosamente, haviam trocado de opiniões entre si. Aquele que defendia o corte, agora faria de tudo para manter a árvore de pé, pois não poderia prejudicar a humanidade pelo benefício de alguns. O outro, por sua vez, agora via que derrubar o carvalho era fundamental, já que iria favorecer as pessoas, gerando trabalho para muitos. Mais uma vez o sábio disse que não haviam encontrado o que procuravam e pediu que refletissem ainda mais, e assim o fizeram. Por fim, os dois homens voltaram, e concordaram que não deveriam cortar a árvore e perguntaram ao sábio se aquela era a decisão correta. Ao passo que o mestre respondeu: ‘Não sei, afinal, não é a mim que devem perguntar, e sim à árvore’. Diante do assombro que tomou os dois discípulos, o sábio prosseguiu: “Todas as razões que pensaram, falavam sobre vocês mesmos e o que iriam ganhar ou perder com essa disputa, mas nunca refletiram sobre a verdadeira razão de existir desse carvalho, que nada tem a ver com a satisfação dos homens, portanto, não lhes cabe decidir. A intenção do carvalho é servir, sim, mas não aos homens somente, e sim à toda natureza. Para que sua escolha, de derrubar ou preservar aquele tronco, seja a mais acertada, precisam pensar se isso é o que faria bem não apenas a vocês, mas a tudo o que é da natureza.” 

O filósofo grego Platão, disse, sabiamente, que o bem é tudo o que promove a união. Dessa forma, antes de fazer imediatamente o que achamos certo, devemos refletir se aquilo é bom só pra nós ou também para os outros, e como isso pode unir mais os homens entre si e os homens com a natureza. Assim, antes de mudar o mundo, devemos, é claro, mudar a nós mesmos, mas, muito antes disso, devemos aprender sobre as verdadeiras razões por trás de tudo e só assim descobriremos o que realmente precisa ser mudado e como devemos fazê-lo. 

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