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As inevitáveis mudanças da vida

Heráclito, filósofo da Grécia Antiga, dizia que a única coisa imutável é a mudança, ou seja, tudo no universo se modifica, nada é permanente. Ao olharmos as estrelas, por exemplo, sabemos que um dia elas deixarão de existir e que, aos poucos, sua energia estará se dissipando. O mesmo acontece com as plantas, com os animais e também com o Ser Humano. Não somos os mesmos de um, dois ou dez anos atrás. 

Nosso corpo está sempre se transformando. Quando crianças, nossos dentes “de leite” caem, nossa altura se modifica e passamos pela puberdade e suas mudanças. Achamos, entretanto, que a vida adulta não nos causa mudanças, mas à medida que o tempo passa os cabelos brancos vão aparecendo, as rugas e varizes surgem em nossa pele. Mudar, enfim, é um processo natural. Mas será que isso ocorre apenas a nível biológico? Ou será que, com o passar do tempo, nossos gostos, interesses e círculos sociais também se modificam?

A resposta para essas perguntas é sim. Quanto mais crescemos, mais tendemos a modificar nossos gostos e interesses. Basta pensarmos sobre nossa vida quando tínhamos 10 anos de idade: qual era nossa comida favorita? E nossos hobbies? E os amigos? Tudo isso se preservou com o tempo? Talvez algumas coisas sim, porém o mais provável, e comum, é que tenhamos descoberto novas atividades e pessoas e, aos poucos, esquecemos do que fomos no passado. 

Porém, o fato de estarmos mudando e, no meio do caminho, mudarmos quem somos, não é, necessariamente, algo ruim. A evolução é uma Lei da Vida, pois todas as transformações buscam um aperfeiçoamento de quem somos a partir dos elementos que temos disponível. Seja a nível biológico, seja a nível psicológico. Tratando sobre evolução, a filosofia tibetana nos conta que até os 28 anos as mudanças em nossa vida são intensas, pois estamos aprendendo a lidar com as diferentes partes da nossa personalidade.

De maneira geral, do nosso nascimento até os 7 anos estaríamos aprendendo a controlar nosso corpo físico, ou seja, desenvolvendo habilidades motoras básicas como a fala, o controle nossa fisiologia e etc; dos 7 aos 14 anos seria a fase em que nossa energia estaria sendo canalizada, ou seja, deveríamos aprender sobre ritmo, ordem e como distribuir nossa energia ao longo do dia para as mais distintas atividades; já dos 14 aos 21 anos o nosso “astral”, ou emoções, estariam mais em evidência. Nessa fase, a qual a adolescência está inserida, deveríamos aprender a lidar com nossas emoções, tanto as boas como as ruins; Já dos 21 aos 28 anos o que fica em evidência é a nossa mente, os nossos pensamentos e o desenvolvimento de convicções, ideais e lógica. Após esse período, entretanto, nossa personalidade estaria apta a viver as experiências do mundo e a lidar com o que fosse necessário, porém, não deixaria de aprender e de se desenvolver. 

Se pararmos para pensar nessas ideias, entenderemos que o ensinamento tibetano está dizendo que não nascemos prontos. A vida, portanto, está constantemente evoluindo e nós também, uma vez que temos fases e momentos em que um aspecto de nós está mais em evidência. Quando adultos, por exemplo, é muito comum percebermos que o trabalho é uma constante em nossas vidas, consumindo boa parte de nossa energia. Do mesmo modo, ao chegar à velhice, o descanso e desaceleração natural da vida nos faz ter momentos mais íntimos conosco. Já não temos a mesma energia de quando éramos crianças, mas nossas emoções e pensamentos mostram-se, de modo geral, mais sólidos e permanentes.

Uma pesquisa desenvolvida na Escócia chamou esse fenômeno de “maturação da personalidade”, que seria o processo de mudança que ocorre conosco à medida que vamos envelhecendo. Quando estamos entre os 70 e 80 anos, segundo os pesquisadores, passamos por mudanças significativas que nos levam a ser mais altruístas e confiantes, porém essas mudanças não acontecem apenas nessa faixa etária. De fato, a todo momento estamos mudando, sendo na velhice a consolidação dessas características. Apesar disso, precisamos compreender que isso não é uma regra, uma vez que existem pessoas que chegam à velhice e são “rabugentas” e mal humoradas. Mas, o fato é que nossa maturação da personalidade acaba, geralmente, nos tornando pessoas confiáveis e emocionalmente estáveis.

O filósofo romano Cícero, há mais de dois mil anos atrás, já nos falava sobre a velhice e seus benefícios: maior estabilidade emocional, experiência acumulada e uma maior tranquilidade de Alma seriam vantagens que superariam e muito nossas debilidades físicas, que naturalmente aparecem com o passar dos anos. Se envelhecemos bem, escreveu o senador de Roma, podemos desfrutar da melhor idade da vida, nos abrindo para o que está por vir. A vida, partindo dessa visão, atinge seu ápice quando podemos navegar pela estabilidade, emocional e mental, proporcionada pela velhice. 

É preciso aceitar as mudanças. A vida segue em transformação e nós, Seres Humanos, precisamos entender essa Lei da Natureza. Nem sempre gostamos de mudar, em verdade na maior parte das mudanças ocorre confusão e sentimos que perdemos, em algum grau, nossa Identidade. Se considerarmos apenas os aspectos temporais, que estão sujeitos ao tempo e a mudança, realmente nunca seremos nós mesmos, mas sim uma mistura de quem fomos, o que estamos e quem queremos ser. Uma mescla de passado, presente e futuro que, invariavelmente, irão conviver e se confundir. Por outro lado, podemos perceber que há em nós, no meio disso tudo, algo que não muda: nossa Essência. Por maior que sejam as mudanças externas, dentro de nós há um silencioso observador que, vez por outra, fala conosco e se revela como algo atemporal. Nossa personalidade, que muda a todo momento, deve ser direcionada por essa voz.

Se reconhecemos nossa essência não teremos medo das mudanças. Afinal, elas existem e são necessárias para nossa evolução. O que nos cabe é compreender se estamos nos transformando em Seres Humanos melhores, mais Virtuosos e Plenos em nossas escolhas. Se nos tornamos mais frágeis e com pouca vida a cada mudança, talvez não estejamos compreendendo o que a vida tem a nos ofertar. Nossa meta, portanto, é buscar a maturação da personalidade, nos tornando mais fortes e capazes à medida que o tempo passa. Talvez, ao chegar à velhice, possamos olhar para trás e perceber todas as qualidades e boas ações que fizemos ao longo de nossa jornada. Talvez, ao vislumbrar essa paisagem que foi nossa história, possamos nos alegrar e seguir nossa jornada com Calma, Paciência e Determinação. 

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