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Arte e Ciência: dois lados de uma mesma Ideia

Imagine uma montanha sendo escalada por dois alpinistas, a partir de pontos diferentes: um está escalando pelo lado leste da montanha e outro pelo lado sul. Ambos estão se dirigindo para o mesmo ponto de chegada, mas o caminho de cada um tem especificidades, perspectivas e desafios diferentes. Eles estão unidos pelo mesmo objetivo, pisando em um terreno que, apesar de diferente na forma, tem a mesma substância, e estão escalando o mesmo corpo natural. Esse exemplo serve para ilustrar o que acontece com a Arte e a Ciência. Apesar de contraditórias, as duas se unem no ‘ponto de chegada’. 

A Ciência busca a Verdade, enquanto que a Arte a Beleza e suas diversas expressões, mas ambas têm como ponto de chegada o conhecimento profundo da realidade. Enquanto a Ciência busca compreender as Leis da Natureza, a Arte busca expressar as mesmas leis.  Então, podemos dizer que o ponto de união entre Arte e Ciência é a Filosofia, ou seja, a busca pela da Verdade. Neste sentido, a Filosofia seria o cume da montanha, já a e Arte e a Ciência seriam pontos de escaladas diferentes da mesma montanha, em direção ao mesmo lugar.

Às vezes, somos tentados a dizer que Ciência é razão e Arte é sentimento e intuição, mas essa diferença não é assim tão rígida. Razão e Sentimento estão presentes nos dois movimentos. É claro que o cientista trabalha muito com a racionalidade, mas o processo da descoberta e a busca pela Verdade sempre envolve intuição, encantamento e sentimento. Ou seja, são elementos que nunca estão totalmente dissociados. Já o artista não consegue ser exclusivamente intuitivo. Toda obra de Arte para ser feita, exige um conhecimento científico. A execução de uma música, por exemplo, requer um esforço de racionalidade muito grande – desde a confecção do instrumento até a composição da partitura, toda a estrutura utilizada para consecução da obra demanda muita racionalidade; um pintor precisa fazer um estudo antes de traçar sua Arte; um escultor da mesma forma, precisa conhecer a consistência do material que será utilizado em seu trabalho. Isso acontece porque tanto a descoberta científica quanto a obra de Arte são movimentos da alma Humana e esta é feita de Razão e Sentimento. Esses dois aspectos sempre estiveram unidos na natureza Humana e a nossa Civilização Moderna é que desenvolveu uma espécie de divórcio entre os dois.

No período pós-renascimento, quando o pensamento Ocidental começou a se inclinar para o racionalismo cartesiano, o empirismo e o positivismo, surgiu a crença de que o acesso à Verdade está condicionado à racionalidade, e que os Sentimentos tendem à fantasia e ao falseamento da realidade. É desse terreno que surge o tecnicismo e uma transformação do Conhecimento em um emaranhado de ramificações que, pouco a pouco, foi nos transformando em reféns do formalismo. Criamos várias caixinhas para o conhecimento como coisas dissociadas: das ciências da natureza, das ciências humanas, das ciências econômicas, das ciências da saúde, das artes. 

É claro que essa sistematização permitiu um avanço na técnica e nos trouxe grandes especialistas em áreas determinadas, já que se passou a canalizar esforços para pontos estreitos do Conhecimento e isso permitiu aprofundamentos. Mas o grande prejuízo dessa inclinação é que passamos a lidar com a Ciência como uma colcha de retalhos, quando na verdade, estamos falando de uma Unidade. A perda da visão de Unidade entre Arte, Ciência, Política, Religião nos desconectou do sentido profundo de toda a ordem de realidade em que estamos mergulhados. Esses campos são escalados em perspectivas diferentes, mas em direção ao mesmo ponto. 

Razão e Sentimento estão, incondicionalmente, unidos dentro da Natureza Humana. Quando os dissociamos, matamos parte da Alma Humana. O resultado são dores agudas na alma e perda de potência. Precisamos, hoje, fazer o que fizeram os Renascentistas: unir Razão e Sentimento em direção ao mesmo ponto, que é o Conhecimento da realidade. Leonardo Da Vinci, por exemplo, é uma apoteose dessa simbiose. Suas obras são expressões estéticas, éticas e místicas. São estéticas à medida que expressam a Beleza; são éticas à medida que expressam uma Moral profunda que toma o Ser Humano como centro; e são místicas pois têm um compromisso com a investigação das Leis misteriosas da Natureza. Esse exemplo, de Ser Humano completo, é uma amostra do que acontece quando Arte e Ciência se encontram dentro de um indivíduo.

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