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A Evolução Tecnológica e a Revolução Comportamental

Quem viveu os anos 1990, provavelmente deve se lembrar do Bug do Milênio. Esse evento ficou conhecido por conta de um medo geral que tomou conta da Humanidade, entre os anos 1999 e 2000. Temia-se que, nessa virada de século, os computadores do mundo todo sofressem uma pane, já que seus calendários internos trabalhavam com os dígitos 99 e agora teriam que passar a usar 00. O receio era de que isso descontrolasse voos, provocasse acidentes nucleares, e comprometesse sistemas de segurança de bancos e até serviços secretos de países, provocando guerras etc. Isso levou muitas empresas a gastarem milhões de dólares com medidas de prevenção. A verdade é que a virada foi suave para os sistemas, e o famoso Bug virou História.

No entanto, hoje, as pesquisas no campo da neurociência vêm sinalizando um efeito muito mais nefasto da virada do século: a diminuição da Inteligência da população mundial, associada ao aumento da dependência Humana dos computadores. Esse é o verdadeiro Bug do Milênio. Os estudos mostram que desde o ano 2000, os países que se gabavam ao verem seus índices de Inteligência aumentarem, a cada ano, começaram a amargar um declínio nessas estatísticas.

O avanço da internet provocou uma revolução comportamental, no novo Milênio. Gradativamente, fomos terceirizando a nossa atividade cerebral para as telas. Um pequeno sintoma disso se vê na falta de memória para números de telefone, muito comum hoje, pois os algoritmos memorizam por nós, não precisamos ter esse trabalho. Isso é um exemplo simplório de um problema muito mais profundo. Pouco a pouco, nossos esforços cerebrais vão se reduzindo, pois a máquina assume esse trabalho e vamos perdendo Inteligência. O neurocientista Michael Desmurget afirma, em seu livro A Fábrica de Cretinos Digitais, que “embora a tela, em si, não represente um mal, o número de horas despendidas em sua frente é assustador”.

As relações pessoais estão se virtualizando, cada vez mais. Substituímos as ligações telefônicas pelas mensagens online; uma chamada de parabéns por um simples aúdio; e o contato pessoal, olho no olho, está sendo relegado à última alternativa. Em decorrência disso, a nossa linguagem vem sendo afetada porque optamos por redações curtas, figurinhas e memes que atendam à praticidade necessária aos toques, nos estreitos teclados de celulares.

A leitura de clássicos da Literatura vem sendo substituída por séries intermináveis que mexem mais com as nossas emoções do que com o nosso raciocínio. O crescimento e o faturamento milionário das inumeráveis plataformas oferecidas pelo mercado não deixam dúvida quanto à preferência da clientela. Temos tantas opções de acesso à informação que acabamos não demorando muito em uma fonte. Lemos uma notícia na velocidade de um relâmpago, ou até ficamos apenas nos títulos, e, em seguida, já mudamos para outra, e depois para outra. Ao final, o que temos é uma compreensão cheia de retalhos, difusa e superficial. Não é à toa que o nosso comportamento está sempre mudando o foco, disperso e bastante ansioso. 

Segundo os especialistas, os três pilares do nosso processo de Aprendizagem são: Interação, Linguagem e Concentração. É possível perceber que os três estão altamente prejudicados nesse padrão comportamental adotado, na era das redes sociais. Nossas interações estão reduzidas, nossa linguagem parece limitada, e não sabemos mais nos concentrarmos por muito tempo, especialmente, em uma mesma ideia, já que são tantas informações disponíveis o tempo todo. Como consequência, pouco a pouco, vamos nos desumanizando e perdendo a noção de valores importantes para a convivência social, como o Respeito, a Empatia, a Solidariedade, o Bom Senso etc. Um exemplo é o crescente gosto mórbido, em toda a sociedade, por entretenimentos violentos e grosseiros onde sempre se ressalta o que há de mais negativo no ser Humano. O que significa a atitude de uma pessoa que, diante de um acidente ou de um desastre, ao invés de socorrer ou ajudar as vítimas, passa a ligar a câmera e fazer vídeos para compartilhá-los, em seus grupos e em suas redes sociais? Pior ainda é o prazer que sentimos em consumir esses vídeos que intoxicam não só a nossa mente e as nossas emoções, mas nos animalizam e nos tornam pequenos, diante de todo o nosso potencial Humano que, quando bem canalizado, constrói feitos inimagináveis.  

O ser Humano nasce predestinado a Aprender, Crescer e Evoluir. Assim, qualquer coisa que estanque ou retroceda esse ciclo vital de Aprendizagem prejudica não só a uma pessoa, mas toda uma coletividade. Prejudica o desenvolvimento Humano e, por consequência, a formação das Sociedades. 

O advento da internet e todos os avanços tecnológicos que a atual Sociedade nos permite são importantes e têm o seu lugar de relevância no Mundo em que vivemos. Entretanto, o perigo se encontra na ausência do uso Inteligente desses meios. A falta de discernimento nos acessos, o estímulo excessivo, a ausência de limites e a perda do Bom Senso tem nos feito regredir, nos inutilizarmos, e até mesmo, nos animalizarmos diante dessa parafernália tecnológica. E vamos, aos poucos, nos tornando uma pessoa que não pensa, não raciocina, não interage e não interpreta os fatos e os acontecimentos da Sociedade e da Vida como um todo.

Talvez, seja o momento de voltarmos um pouco o olhar para fora das telas e nos conectarmos com toda a Beleza que há ao nosso redor, assim, quem sabe, não voltamos a apreciar as coisas mais simples de nosso dia a dia, como os sorrisos das pessoas que amamos, ou mesmo os pequenos e sagrados momentos que a Vida nos oferece desde o nascer do sol. Como diz a gramática da Vida, Inteligência é muito mais que raciocínio e habilidades intelectuais, Inteligência é saber ver, escolher e separar a essência do supérfluo. Só assim, cresceremos como Humanos e, consequentemente, vamos superar Harmonicamente todos os desafios que a tecnologia nos apresenta.

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