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A ciência por trás da sua cabeça: de que é feito o pensamento?

O mundo está rodeado de elementos que não podemos ver, tocar ou detectar através dos nossos sentidos. Nos dias atuais, sabemos perfeitamente disso e podemos usar dezenas de exemplos para demonstrar que existe muito mais vida onde não conseguimos enxergar do que aquilo que realmente está ao alcance dos nossos olhos. Para darmos um pequeno exemplo, basta pensarmos em todos os microrganismos que habitam em nosso corpo, em nossa bancada de trabalho e no ar que respiramos. Existe, literalmente, um universo microscópico ao nosso redor que está diretamente interagindo conosco, mas que não o percebemos. 

Agora imagine que fôssemos contar essa grande descoberta a um homem medieval, em um mundo que não existiam meios para detectar e comprovar que esses seres invisíveis aos nossos olhos existem. Como provavelmente seria a reação dele? É possível que nos visse como um “herege”, ou apenas alguém que perdeu a razão e fala sobre mundos inexistentes. Curioso, não? Mais curioso ainda é perceber que esse mesmo homem encontraria como justificativa para doenças, muitas delas causadas por esses seres “invisíveis”, os desígnios divinos. Logo, para uma pessoa que vive uma mentalidade religiosa, como a presente na Idade Média, os fenômenos da vida natural serão sempre explicados por esse caminho. Hoje vivemos em um mundo científico e buscamos nos basear na ciência, na comprovação das hipóteses e teorias através de um método que nos garante a explicação destes fenômenos.

Entretanto, a ciência ainda está longe de encontrar a verdade universal e, para sermos sinceros, é provável que ela nunca chegue a uma resposta definitiva. Os mistérios do Cosmos são vastos e complexos, de modo que até mesmo a razão humana – nossa melhor ferramenta quando comparada aos sentidos – ainda se mostra limitada a entender certos fenômenos. Um deles é, sem dúvida, o que chamamos de “pensamento”, ou mesmo a consciência. O que é, de fato, essa “voz” que escutamos em nossa mente e que muitas vezes dialogamos com ela?

As explicações para o que são “mente”, “pensamento” e “consciência” são diversas. Desde as tradições mais antigas da humanidade até a psicologia moderna, poderemos encontrar respostas, esquemas que tentam definir mais ou menos como ocorre esse processo. Se para a ciência moderna o pensamento, seja ele lógico ou abstrato, é fruto de uma combinação de cognição e impulsos elétricos do cérebro, para os antigos tibetanos, por exemplo, a mente era uma grande dimensão em que se projetava toda a realidade. 

Vamos explicar melhor. Primeiramente devemos considerar que todas as nossas ações, em maior ou menor grau, são pensadas. Algumas, por fazermos de maneira repetitiva ou pré-concebida, fruto de uma experiência passada, nos parece que são respostas “automáticas”, mas em verdade já foram definidas anteriormente. Assim, podemos dizer que todas as nossas ações nascem da mente, de um pensamento. Quando sentimos sede, nosso corpo manda o estímulo ao nosso cérebro que gera o pensamento “preciso tomar água”, e assim nos deslocamos para realizar esse pensamento, correto? Nesse sentido básico nosso corpo, enquanto organismo, trabalha de maneira unificada em prol de um fim coletivo. Mente e corpos, nesse aspecto, fazem parte de uma única estrutura. 

Entretanto, a nossa mente é uma realidade bem mais vasta do que somente um receptor de estímulos dos sentidos. Com ela, somos capazes de desenvolver a razão, o pensamento lógico e abstrato, como já citamos, e nos conduzir de maneira a realizar todos os nossos desejos, dos mais baixos aos mais sublimes, até tentar compreender os mistérios do Universo. Por isso que diversas tradições antigas, como a tibetana, falavam da mente como um grande plano da realidade, capaz de desvelar os mistérios, mas que ao mesmo tempo, por sua grande potência, era capaz de nublar a visão dos seres humanos e fazerem com que eles vivessem nas ilusões da materialidade. 

Créditos: Lidiane Franqui.

Nesse sentido, o pensamento seria uma forma criada dentro da mente e que pode nos ajudar a compreender o mundo ou nos cegar de vez. Podemos colocar essa ideia de forma prática com algo que todos nós já passamos. Quando nosso chefe pede para passarmos, ao fim do expediente, em sua sala, o que nos ocorre? Quase automaticamente começamos a pensar sobre os motivos daquela chamada, não é verdade? Criamos muitas situações em nossa mente, podemos pensar que seremos demitidos ou promovidos a depender do caminho que meu pensamento segue. Mas, afinal, o que é real nisso tudo? Muitas vezes, nada. Começamos a viver diferentes realidades a partir de um pensamento que, em verdade, só saberemos quando, ao fim do dia, chegarmos à sala do nosso chefe. O pensamento, portanto, cria uma série de situações mentais que por mais que saibamos que não representam a realidade, ainda assim sentimos que ela o é. Por isso, ficamos nervosos, inquietos, e outra série de reações físicas e emocionais que nos abalam. Para o nosso corpo, aquele pensamento se torna real.

A ciência moderna nos apresenta como justificativa a unidade do organismo, mais uma vez, como algo que está interligado; logo, um pensamento pode interferir diretamente na sua constituição física e emocional e isto está correto nesse sentido. Entretanto, quando ampliamos essa ideia, podemos perceber que a forma com que nos portamos no mundo e os princípios e convicções que temos, na verdade, são ideias e pensamentos que alimentamos ao longo da existência. Nesse aspecto, o pensamento perpassa uma questão biológica e transcende para outro plano, pois é capaz de conduzir a vida de uma sociedade inteira. Quantas pessoas não são conduzidas por pensamentos coletivos, aos quais chamamos de “senso comum”? Ou seja, formas de pensar que se impregnam na sociedade de maneira que uma grande massa de pessoas é levada por estes pensamentos. Como se explica isso?

A psicologia falará do inconsciente coletivo, um conceito de que absorvemos ideias de forma passiva e estas ideias, uma vez introjetadas em nossa consciência, passam a nos governar de tal modo que não percebemos que não fomos nós os autores daquele pensamento, mas sim alguém que “pensou por nós”. Esse pensamento pode ser uma imagem, uma frase ou mesmo um preconceito contra algum grupo. Essa transmissão de pensamentos, nesse caso, é feita pela publicidade, pelos aspectos cotidianos da nossa vida e por outras formas de difusão destas ideias.

Créditos: Postposmo.

Ainda assim, o pensamento consegue ir além e se manifestar de outras formas que ainda não conseguimos explicar, por exemplo: alguma vez você já pensou em alguém e pouco tempo depois essa pessoa te ligou ou mandou uma mensagem? Ou sonhou com uma pessoa que não via há um certo tempo e no mesmo dia a encontrou? Serão essas coincidências? A ciência ainda não consegue explicar se tais fenômenos são frutos do acaso ou não, mas a filosofia tibetana nos ensina que isso ocorre porque o pensamento não está atrelado apenas ao nosso sistema interno, ou seja, ao nosso cérebro. Tudo que pensamos navega pela dimensão mental, que aos nossos olhos físicos são invisíveis, mas que se mostra tão próximo da realidade como os objetos que podemos tocar. O pensamento, portanto, seria livre e capaz de viajar longas distâncias de forma instantânea.

Isso explicaria a razão de tais fenômenos ocorrerem. Mas então, do que seria feito esse pensamento? Se ele realmente viaja pelo espaço, tal qual ondas eletromagnéticas, por que não conseguimos captá-los? E qual o papel do cérebro nisso tudo? Para os antigos tibetanos todas essas perguntas têm uma resposta. Sobre o pensamento, ele seria feito de átomos “mentais”, uma estrutura similar aos átomos físicos que conhecemos, mas por se tratar de uma outra dimensão, não podemos captá-los com os recursos que possuímos atualmente. Isso significa dizer que nenhum aparelho estritamente físico poderia “sintonizar” o pensamento e reproduzi-lo. O pensamento viajaria nesta dimensão mental e, por isso, não percorre, muito menos segue, as leis da física. Nesse sentido, talvez seja possível que no plano mental dois “corpos” ocupem o mesmo espaço, pois um destes corpos pode ser físico e o outro ser constituído de outro tipo de matéria.

Foto: iStock.

O único órgão capaz de captar essa força mental é o cérebro. Gostamos de pensar que nosso cérebro é o que temos de mais poderoso em nosso corpo e ele, de fato, o é. Porém, pensemos por um segundo que o cérebro não é a fonte de onde se produz todos os pensamentos, mas sim um captador deste plano mental que consegue traduzi-lo para o nosso meio físico. Assim como uma antena de TV consegue captar as ondas eletromagnéticas e transformá-las em imagens, o cérebro também seria capaz de transformar os pensamentos que percorrem esse plano mental em uma imagem, som, ou “voz” que adentra nosso mundo físico por meio deste órgão. Portanto, assim como não é a TV que gera as ondas eletromagnéticas, não é o cérebro que gera a mente. 

Por fim, esse continua sendo um tema enigmático para os seres humanos, uma vez que não há comprovações científicas. Porém, não nos resta dúvida da grande capacidade que nossa mente exerce sobre nossa realidade, o que torna uma verdade a frase escrita pelo filósofo egípcio Hermes Trismegisto: “o Universo é mental”. O que buscamos plasmar em nosso mundo físico é, de forma direta ou indireta, fruto de um pensamento, dessa dimensão superior e abstrata que orbita e define o mundo em que vivemos. Portanto, é preciso estar atento aos pensamentos que passam por nossa mente ao longo de um dia, semana e meses. O cuidado com o que pensamos é a garantia de que buscaremos viver o melhor que a vida pode nos oferecer, pois de nada adianta uma grande capacidade no mundo físico se sua realidade psicológica, ou seja, pensamentos e sentimentos, estão contaminados. Façamos, portanto, uma higiene mental em nossa psique para que cada vez mais sejamos um canal puro de ideias que agregue em nossa evolução enquanto Seres Humanos.

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