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A medicina do Antigo Egito

A antiguidade é um período envolto em mistérios. Falamos isso devido a falta de fontes acerca de alguns aspectos da cultura destas antigas civilizações, ao passo que ao olharmos o que nos foi legado podemos perceber o brilhantismo que deveria existir no auge destas sociedades. Sabe-se, por exemplo, que em Alexandria existiu a maior biblioteca daquele tempo, em que todo o conhecimento do mundo estava guardado. Infelizmente, apenas uma ínfima parte destes conhecimentos chegaram até nós, pois o tempo e a ignorância humana fizeram com que grande parte destes saberes fossem destruídos.

Acredita-se que entre os séculos VI e VII a biblioteca de Alexandria tenha sido destruída. As versões mais aceitas sobre a destruição dessa biblioteca egípcia contam que a disputa entre diversos grupos interessados na região, como cristãos, romanos e muçulmanos, realizou pouco a pouco o desmonte de partes menores de seu acervo durante batalhas intermináveis. A destruição total, entretanto, é normalmente atribuída a um incêndio que teria sido provocado em um dos inúmeros conflitos travados em Alexandria. 

Após a destruição da biblioteca, perdemos muito mais do que um edifício, mas sim os grandes saberes desses povos. Estima-se que lá poderiam ser encontrados documentos muito importantes que explicariam, por exemplo, a construção das grandes pirâmides. Supõe-se também que lá existiam obras explicando a relação curiosa que os egípcios antigos haviam encontrado entre o mofo e a medicina, que Alexander Fleming a redescobriu por acaso somente em 1928, quando identificou o poder antibiótico da Penicilina. Fala-se ainda de conhecimentos astronômicos como o movimento elíptico dos planetas, redescoberto apenas no século XVII por Kepler, e até mesmo o fato da Terra ser redonda já se sabia, graças aos estudos de Eratóstenes, fato esse que na Idade Média se tornou “absurdo” até a circum-navegação de Fernão de Magalhães.

Hoje, portanto, falaremos um pouco sobre a grande sabedoria do Egito, aquilo que conseguiu sobreviver ao tempo e que hoje podemos apreciar. Comecemos pelas mais famosas provas da sabedoria e conhecimento deste antigo povo: a medicina. Os egípcios tinham um grande conhecimento nessa área, principalmente no que se refere à anatomia humana. As múmias, por exemplo, são uma prova cabal de que a perícia dos egípcios era extremamente avançada para uma civilização “antiga”, até mesmo chamada de “primitiva”. 

O processo de mumificação, como sabemos, envolve a retirada de todos os órgãos do corpo humano e a preparação do corpo para o embalsamento. A preservação destes corpos e as técnicas usadas para limpeza do morto exigiam um profundo saber acerca de medicina e anatomia. Além disso, sabe-se através das fontes que restaram desse antigo povo que pequenas cirurgias eram realizadas na medicina egípcia. Para os mais céticos, o fato de saber retirar órgãos de um corpo não é um sinal de tecnologia, visto que isso pode ser feito a partir de uma incisão brutal no organismo. Entretanto, quando analisadas as múmias, percebe-se que o corpo preservado não apresentava sinais de grandes traumas, o que demonstra a eficácia e precisão das incisões feitas para retirada dos órgãos. Tal refinamento só é possível quando se possui um grande conhecimento, o que diferencia, sem dúvidas, um açougueiro de um cirurgião. 

Ainda sobre a área da saúde, os egípcios sabiam usar anestesia através do uso de plantas e óleos medicinais, além de tratarem doenças dos mais variados tipos. 

Talvez para o nosso tempo atual essas constatações não sejam “relevantes”, visto o nosso avanço nessa área. Porém, devemos lembrar que até o século XVIII o conhecimento na área da medicina era extremamente limitado. Enquanto no mundo Árabe, ao longo da Idade Média, o avanço da medicina seguiu passos mais apressados, no Ocidente a noção de anatomia se perdeu por completo, sendo assim necessário começar “do zero”. 

Para termos um exemplo dessa realidade, Descartes, em seu livro “Discurso do método”, fala abertamente das mais “novas descobertas da medicina” como prova do poder da razão perante a crença sem bases racionais. Como exemplo, o filósofo usa a descoberta da circulação do sangue em nosso corpo e o complexo sistema de veias, artérias e capilares que garantem a vascularização do nosso organismo. Certamente, essa façanha teria feito rir o mais humilde dos egípcios, visto o quão básico é esse conhecimento perto do que os antigos eram capazes de fazer.

Desse modo, precisamos perceber esses saberes antigos dentro do seu próprio tempo e notar que, de fato, mesmo com extrema limitação tecnológica, os antigos foram capazes de desenvolver um conhecimento que até hoje é difícil de compreender. E por não compreender, acabamos dando “crédito” para outras explicações, como a famosa teoria de que extraterrestres seriam os responsáveis pela construção das pirâmides. Utilizamos esse argumento por não acreditar que algo incrível como essa obra de engenharia tenha sido feita por pessoas que não tinham acesso aos instrumentos e meios tecnológicos atuais. Isso apenas mostra nossa “pequenez intelectual” em reconhecer que os antigos detinham um tipo de sabedoria que ainda hoje é vista como perdida.

No campo da medicina ocorre algo similar, por não entendermos como uma civilização tão antiga era capaz de feitos na área da saúde que até pouco tempo atrás eram impensáveis. Um deles é, sem dúvida, a descoberta da penicilina, a qual comentamos no começo deste texto. Aprofundando nesse tema, descobriu-se através de estudos arqueológicos que os egípcios já sabiam que era possível deter o processo de infecção em alguns casos, através da aplicação de partes menos nocivas de bolor, o que chama a atenção para a semelhança com o processo de produção da Penicilina. Podemos afirmar, portanto, que a base do conhecimento da Penicilina era conhecida – e usada – no Antigo Egito. 

Frente a isso, podemos nos indagar sobre o quão mais avançada era a medicina egípcia. Certamente, sabemos uma pequena parte das proezas destes antigos desbravadores dos mistérios da cura, uma vez que, como já citamos, grande parte do conhecimento egípcio se perdeu com a destruição da biblioteca de Alexandria. Infelizmente, é provável que não encontremos a resposta para essa pergunta. Pelo menos, constatar as verdades acerca do conhecimento deste povo milenar demonstra o quão cegos estamos em nossa ignorância e vaidade. Estudar o tema pode nos trazer o benefício da humildade, ou seja, perceber que ainda sabemos muito pouco e que os antigos, estes homens e mulheres “primitivos”, talvez não sejam tão ultrapassados assim. Saibamos nos aprofundar nestes mistérios e resgatar do passado o melhor e mais belo desenho da ciência humana. Assim, poderemos conhecer um pouco mais do passado, de nós mesmos e, talvez, do futuro que nos aguarda.

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