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A Ciência tem Mesmo Todas as Respostas?

Se você viveu a infância no final dos anos 1980, e início dos anos 1990, com certeza lembra daquele programa da TV Cultura, o “Castelo Rá-Tim-Bum”. Também, muito provavelmente, lembra do Zequinha e seus quase intermináveis “por quês”, que só acabavam quando alguém falava o famoso “Porque sim, Zequinha!”. Em seguida, cortava para o quadro do programa onde o personagem do Marcelo Tas, (sim, ele já participou de programas infantis, há muitos anos atrás), dizia que “porque sim não é resposta”, e então, explicava cientificamente a indagação do “Zequinha”. Era muito legal, muito educativo, a gente aprendia muitas coisas novas e ficava doido para contar aos outros as nossas descobertas. Mas, e se disséssemos que o meio científico, que esclarece as dúvidas de tantos e tantos “zequinhas”, também pode estar preso a vários “Porque sins”?

A ciência hoje explica praticamente tudo, desde a criação do mundo, até o motivo pelo qual precisamos piscar nossos olhos, e utiliza de evidências, hipóteses e experimentos para formular e reformular teorias que respondam a essas questões. É o chamado “Método Científico”, um conjunto de regras baseadas no pensamento do filósofo René Descartes. Essa organização do pensamento contribuiu muito para o avanço da nossa compreensão sobre os fenômenos naturais, de forma mais objetiva e livre de superstições ou dogmas religiosos. Se baseando nessa forma de pensar, o meio científico avançou tão bem, que todos os fenômenos que escapam a essa estrutura de pensamento são ignorados ou considerados coincidências. Então, será que não corremos o risco de entrar agora numa “religião do método científico”? Será que não existem também dogmas dentro do pensamento científico, e que precisam ser questionados?

Nós, como meros mortais e não estudiosos, aceitamos sem muitos questionamentos praticamente tudo o que é considerado “prova científica”, ou que esteja publicado em fontes “confiáveis”. Ora, nós não chamamos de “fanáticos” àqueles que acreditam cegamente nas palavras de um livro religioso? Qual a diferença se trocarmos um livro religioso por uma revista científica? Alguns podem dizer: “Mas esses cientistas são autoridades reconhecidas”. No entanto, os religiosos também alegam que os seus sacerdotes são autoridades reconhecidas por Deus. Nós não devemos esquecer que, antes de grandes estudiosos, cientistas são humanos, e seres humanos erram (às vezes sem intenção, às vezes de forma intencional), mesmo os mais brilhantes.

O cientista britânico Rupert Sheldrake, em seu livro “The Science Delusion” listou dez “verdades absolutas” da ciência e as contestou, apresentando evidências de que tais “verdades” podem não ser tão “absolutas” assim. No vídeo a seguir, ele as lista, e questiona duas delas.

Como Rupert comentou em seu Ted Talk, estas “verdades” são definidas, às vezes de forma um pouco forçada, para não dizer arrogante, por cientistas que já cometeram erros anteriormente. Com isso, fica a dúvida: quantas descobertas, evoluções e revoluções deixaram de acontecer porque não nos demos ao trabalho de questionar os dogmas da ciência?

Se ficarmos presos em busca de evidencias materiais, como poderemos questionar e pesquisar sobre aquilo que está para além da matéria? Ou mesmo considerar a possibilidade de existirem outras formas, para além da ciência, de descobrir a Verdade? Dizem que o filósofo e alquimista Giordano Bruno, na Idade Média, foi ridicularizado pelos cientistas por afirmar coisas “absurdas”, como por exemplo, que a Terra girava em torno do Sol, ou que cada estrela no céu é também um Sol, dos quais giram vários outros mundos ao redor. Após passar um bom tempo preso pela inquisição, lhe foi dada a oportunidade de retirar tudo o que disse, mas ele não o fez. Na verdade, a cada vez que ele saia de sua cela, ele ficava ainda mais convicto do que havia dito, além de revelar novos conhecimentos que havia compreendido sobre as Leis da Natureza. É claro que Giordano Bruno intuiu esses conhecimentos, ou os alcançou de alguma outra forma que não estava dentro dos “padrões científicos”, mas nem por isso, deixou de ser verdade o que ele havia dito.

Não precisamos ser nenhum Giordano Bruno para termos contato com verdades que estão para além do campo da Investigação científica. Nós reconhecemos a força e a capacidade de transmitir um sentimento; compreendemos que a vida tem um sentido; e acreditamos na importância de vivermos valores éticos, ainda que ninguém possa nos ver. Nenhum desses exemplos citados pode ser verificado pelo método científico, mas, ainda assim, nós os reconhecemos como verdadeiros.

As “verdades absolutas”, seja da ciência, da religião ou da política, estão nos transformando em máquinas incapazes de refletir e verificar, por si mesmas, se uma ideia faz sentido, ou não. E se não nos prontificarmos a acordar, pouco a pouco iremos perdendo a nossa criatividade e a nossa capacidade de intuir, de encontrar as respostas dentro de nós mesmos. E com isso, algo muito importante também vai se perdendo: a nossa Humanidade.

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