Que a Humanidade é capaz de descobrir e fazer coisas incríveis a gente já sabe, mas a verdade é que não cansamos de nos surpreender com os seus feitos. É assim desde que o Homem é Homem, e a ciência é um ótimo instrumento para nos ajudar a observar esse fenômeno ao longo de nossa história. Um exemplo disso são os projetos que engenheiros ambientalistas vêm desenvolvendo no deserto do Saara. A partir da energia solar e da água dessalinizada do mar estão cultivando uma horta no meio do nada.
Uma agricultura no meio do deserto? Sim, mais especificamente, no sul de Wadi Araba, entre o mar morto e o norte do Golfo de Aqaba. Se tal coisa fosse mencionada para nós há 50 anos atrás era impossível de se acreditar. Foi assim, com a máquina a vapor, com o raio X, com o computador, com o telefone e com tantas outras coisas que ainda virão e nos deixarão perplexos. Essa capacidade de compreender, reconhecer e gerar Vida é intrínseca à Natureza Humana, que se for bem potencializada constrói, Une e Harmoniza todas as coisas.
Somos do time que não acredita em impossível, mas sim em circunstancialmente impossibilitados. O que parecia ser inconcebível para a região de clima difícil, sol causticante e ausência de água, hoje já se torna realidade. Não é milagre ou magia, é compreensão das leis, somado a um estudo profundo da geografia do solo, do clima, do bom uso da tecnologia solar e das engenharias para produzir alimentos para uma população que enfrenta problemas hídricos por várias décadas.
A Beleza de todo o projeto consiste na possibilidade real de no futuro países como a Jordânia, que vem enfrentando sérios problemas com a escassez de água, crises sociais e econômicas, possam encontrar formas de produzir seus alimentos e alimentar a sua população com tranquilidade. Pois, vale ressaltar, que as várias crises políticas e econômicas que circunscrevem essa região, sobrecarregam o crescimento populacional de outros lugares devido às ondas dos refugiados das guerras entre os países vizinhos. Diante dessa conjuntura, os países precisam lidar com várias dificuldades de escassez de alimentos e acesso a produtos de primeira necessidade para a população.
Para se ter ideia, segundo alguns dados internacionais, a população da Jordânia quase que dobrou entre a década de 2004 e 2015, saindo de 5 milhões para aproximadamente 9,5 milhões. Diante desse aumento populacional, como alimentar toda essa gente com as mudanças climáticas e o aumento das temperaturas no Saara? Uma das soluções veio há alguns anos, a partir de vários estudos e projetos que estão sendo experimentados na produção de alimentos no deserto.
Fruto desses estudos é o “Projeto Floresta Saara” implementado por uma Instituição da Noruega criada na região de Aqaba em meados de 2010 com o intuito de trabalhar ações com inovações sustentáveis e rentáveis através do uso de tecnologias ambientais para os setores de alimentos, de água e de energia.
A ação mundial para regredir a rápida desertificação da África e do Oriente Médio, gerando alimentos e energia para toda a região, fez com que o “Projeto Floresta Saara” recebesse os apoios da USAID – Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento; da União Europeia e do governo da Noruega. Outras experiências parecidas também foram desenvolvidas em Israel e em outros países, apontando ótimos resultados. Atualmente, já há um acordo assinado entre a Jordânia e Aqaba Development Corporation prevendo a expansão da produção dos vegetais,a construção de aqueduto,a produção de energia limpa e a geração de vários empregos diretos e indiretos para toda a população.
A perspectiva é de que o sucesso e os bons resultados para os projetos sejam cada vez maiores. Pois, combinando elementos como pesquisas e estudos sobre a temática e os avanços tecnológicos, não existem dúvidas quanto à relevância social deles. Entretanto, uma coisa que pode ser ressaltada aqui é o poder de criação humana e a real competência que o homem tem para conhecer, aprender e aplicar as leis necessárias, transformando a natureza e o mundo à sua volta.
Os ganhos e resultados alcançados por essas descobertas dos engenheiros ambientalistas transcendem ao campo da ciência e tem uma relevância não só ambiental, mas econômica e social, uma vez que beneficiam a toda a população direta ou indiretamente, levando qualidade de vida a médio prazo para as pessoas daquela região desolada e seca que desenha a maior parte da fronteira entre o oeste do país de Israel e o leste da Jordânia.
Pensar sobre essa temática, agricultura no deserto, que bem poderia também ser entendida como, “gerar vida no deserto”, não só é bonito de se ver e refletir à luz da ciência, mas é importante entender também o símbolo que isso é para a nossa Vida. Dizem que a existência das coisas materiais é uma projeção em algum grau da própria dinâmica da Vida que, por sinal, cabe a cada um de nós viver e participar de forma consciente.
Dito isso, podemos refletir sobre os nossos desertos interiores. Quantos desertos não já enfrentamos de maneira simbólica ao longo de nossas Vidas? Quem nunca viveu momentos dificílimos, adversidades ou dificuldades que pareciam ser impossíveis de serem solucionadas, mas de repente algo de bom aconteceu e mudou todo o quadro, trazendo uma esperança, fazendo ressurgir a Vida e devolvendo a alegria e o brilho no olhar?
É muito importante acreditarmos na Vida, confiarmos nela acima de qualquer tempestade de areia que venha surgir. Pois, da mesma forma que é possível plantar no deserto, gerar energia a partir de fontes alternativas e produzir Vida onde se acreditara inconcebível a sua existência, é possível e real fazer a Vida surgir dentro da gente diante das adversidades ou durante os momentos mais áridos e desoladores.
É preciso conhecermos a nós mesmos, entendermos a nossa geografia interior com as suas planícies, córregos e vales. Entender com clareza quais são os fatores que provocam a desertificação e o que nos impede de gerar os frutos Humanos para os demais. Às vezes, a imensa dor que sentimos com a perda de alguém querido, ou a angústia diante da mudança de emprego ou de moradia de uma forma repentina, ou mesmo, a solidão com o término de algum relacionamento, do qual ainda não fechou o ciclo para nós, pode gerar as condições necessárias para girarmos a chave e abrirmos a porta que estava faltando para os novos caminhos, com novas esperanças e perspectivas.
Por fim, jamais esqueçamos que, as giradas de chaves só são possíveis se fizermos o uso Inteligente das oportunidades que a Vida nos oferece. E para isso é imprescindível ter Coragem para enfrentar as tensões e desenvolver as Virtudes da Vontade, da Perseverança e da Constância para seguir em frente, tendo em vista que não existe desertificação que possa vencer o Potencial da Vida que movimenta-se e segue pela Eternidade.