A Sabedoria como Virtude, para Platão, é bem diferente do que em geral costumamos identificar como “o saber” em nossa contemporaneidade. Em geral associamos Sabedoria com conhecimento intelectual ou ao domínio das informações. Assim, a ideia que fazemos de uma pessoa muito Sábia é a de alguém cercado de livros, com muitos títulos acadêmicos e muito reconhecimento externo por seu nível intelectual.
Mas a forma como Platão fala de Sabedoria é bem diferente disso. Para ele, um Sábio é alguém que sabe decidir corretamente. Tem uma palavra específica para isso: Prudência, ou seja, a capacidade de decidir pelo certo, em detrimento do errado. Observe que essa qualidade nem sempre vem como decorrência do muito saber no campo intelectual. Às vezes, o indivíduo é detentor de uma enorme bagagem de conhecimentos informativos, mas carrega atrás de si um rastro de desencontros, desvios de conduta e um emaranhado de problemas decorrentes de repetidas atitudes desconcertadas. O Prudente nem sempre detém tanta informação intelectual, mas tem uma capacidade enorme de agir com correção, de identificar o que é certo a fazer em cada instante.
E de onde vem a Prudência? Como ser mais prudente? Platão faz esse caminho no livro “A República”, e vai mostrando que a prudência vem da capacidade de discernir entre o supérfluo e o não supérfluo. Isso parece fácil, mas não é. Em geral consideramos coisas efêmeras, superficiais e vazias como determinantes de nossas tomadas de decisão, é daí que vem o contrário da prudência. O caminho para sermos cada vez mais Sábios é olhar para a vida e identificarmos o que “está passando” e o que “não está passando”, ou seja, o que chamamos de “Real”. O que passa é supérfluo, o que é permanente é o não supérfluo. Se usarmos essa chave para cada investimento do tempo da vida, nos aproximamos da Prudência e por conseguinte, da Sabedoria.
Créditos: Nova Acrópole Recife
