A Magia da Constância e da Perseverança no Tecido da Vida

Dizem as antigas Tradições Nórdicas que três guardiãs velam pelo seu e pelo meu destino. Pelo destino de toda a Humanidade e de toda a história desde que o mundo é mundo. Essas três guardiãs tecem juntas um fio chamado Fio da Vida e se chamam Urd, Verdandi e Skuld as quais representam, respectivamente: passado, presente e futuro.

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Unidas pelo Fio da Vida, posiciona-se na extremidade esquerda, segurando o fio já trançado, a senhora Urd, guardiã do passado. A guardiã do tempo que não recuperamos mais, da Vida que não se volta, do tempo que não podemos mais mudar. Com ela estão todas as coisas que fizemos e que nos orgulhamos, como também todas as coisas que nos envergonhamos. Em suas mãos estão os sucessos e êxitos, mas que já se foram e estão também os grandes feitos registrados em seu trançado, juntamente com os grandes erros. Essa guardiã é idosa e seu corpo é encurvado e cansado devido a ação do tempo, tem uma avançada idade difícil de contar e com orgulho reflete sua vasta experiência nas muitas rugas de seu rosto e de suas mãos.

Urd apenas segura e guarda todo o Fio da Vida tecido, aqui e agora, por Verdandi, posicionada ao centro, uma guardiã jovem, forte e altiva que possui todo o vigor da juventude, da esperança e do recomeço. Verdandi representa o momento presente, este em que nos encontramos, este em que tudo pode acontecer, que está em nossas mãos e com o qual podemos redirecionar as velas da nossa existência. Este tempo que define a história e guarda algo precioso chamado decisão. Verdandi tece continuamente este fio, incansável e insistentemente e dizem que essa insistência faz o fio se mover e ser levado até as mãos da guardiã do passado.

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Verdandi puxa o fio destrançado, alongado e puro segurado pela encapuzada guardiã chamada Skuld, posicionada em uma das pontas, na extremidade direita. Skuld é a senhora do tempo futuro, o tempo que todos gostaríamos de definir e dominar nos dias atuais e gostaríamos de prever, porém nos é altamente misterioso. O que será do dia de amanhã? Onde estaremos daqui a um ano? O que a Vida nos reserva? Este é o dilema da mais misteriosa das guardiãs. Dizem que ela jamais abaixará seu capuz, jamais veremos sua face. O que vemos? O fio repleto de possibilidades com um comprimento também misterioso. Não sabemos quanto tempo de fio temos, cabe-nos apenas tecê-lo, temos o aqui e o agora e todo o potencial para trançá-lo.

Este mito nos revela o nosso Fio da Vida. O passado que se foi é continuamente escrito por todo o movimento das mãos de Verdandi, da guardiã do presente que tece o fio. Se Verdandi parar de tecer teremos nas mãos de Skuld uma pausa. Se Verdandi trançar o fio com raiva e angústia teremos desenhos trançados de forma confusa e aleatória. Porém se Verdandi buscar a perfeição em cada novo ponto teremos um trançado que evolui ao longo do tempo e que imagino que seja este o que no fundo buscamos.

De forma semelhante podemos começar a refletir juntamente com o vídeo abaixo, da entrevista de Simon Sinek sobre as Virtudes da constância e da perseverança:

Para quem já fez ou viu uma costura com ponto cruz ou crochê deve ter percebido que cada ponto trançado não revela nenhuma forma, mas com o passar do tempo, usando-o como aliado, com insistência e trabalho contínuos, esses pontos começam a revelar formas e desenhos. É quando a magia acontece.

Assim é a Vida Humana, temos em mãos todos os dias a possibilidade de tecer pequenos pontos. Se olharmos fixamente para cada um deles nada veremos, mas juntos, guiados por uma imagem, revelam uma história, uma Beleza. Esse é o nosso Fio da Vida. Se a imagem que queremos ver ao final é de uma boa mãe ou pai, teremos que tecer pequenos pontos todos os dias nessa direção com pequenos gestos de presença, cuidado, amor, um ensinamento de valor ao filho e ao longo do tempo teremos um fio trançado nesta direção. Se queremos ser bons maridos ou esposas, o faremos igualmente. Se queremos ser um bom profissional, teremos que ter muita paciência e insistentemente trançar fios que vão se corrigindo ao longo do tempo, sem comparações com os trançados alheios, mas concentrados no fio que nos coube tecer.

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E se queremos ser um bom Ser Humano? Todos os dias teremos que tecer um fio de Bondade, de Generosidade, de Amor, de Justiça… E ao longo da Vida, com o passar do tempo, saberemos se isso foi construído. Pois nossa história revelará essa imagem. Você já parou para pensar que imagem te guia? E que forma quer deixar em seu trançado?

Certa vez, um professor me disse: se queremos construir uma grande montanha teremos que mover o nosso monte de areia todos os dias, porém na mesma direção. Se o movermos todos os dias em direções diferentes, ao longo do tempo teremos uma bagunça e não uma montanha.

Então o que precisamos para tecer bem o nosso Fio da Vida? Precisamos em primeiro lugar de um modelo, um ideal e um referencial, um objetivo, um sonho profundo que direcione todo o nosso fio, todos os dias e após definido este sonho, trançar continuamente com todo o zelo e Amor este fio precioso que está em nossas mãos. A Constância é a capacidade de mirar sempre o modelo e a Perseverança de mover o monte de areia todos os dias, mas na direção do modelo. E assim ao longo do tempo teremos a nossa história… Perfeita? Jamais. Porém trançada da melhor e mais Bela forma que podemos. Assim esperam as três guardiãs que velam pelos nossos fios.

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