Os indianos foram alguns dos primeiros a usar letras, as famosas incógnitas, nas equações matemáticas, bem como os números negativos e frações. Mas não fique com raiva deles ainda, pois, através de suas inúmeras descobertas, também foram capazes de revolucionar a forma como fazemos e entendemos os cálculos, e com isso, os rumos da história em todo o mundo.
O gosto pelas ciências numéricas já vem sendo apurado no subcontinente asiático há milhares de anos, assim também como seu apetite por mistérios dos mais variados tipos. A religião hindu por exemplo, a mais presente na Índia, cultiva uma série de enigmas simbólicos relacionados aos inúmeros Deuses, os quais ensinam sobre a conquista de Virtudes e o combate aos vícios como forma de alcançar a Sabedoria, além de aproximar os homens à ideia do infinito.
Entender o sistema decimal e suas divisões, permitiram aos indianos conceber números muito além das centenas e dos milhares, inclusive, oferecendo às frações o sentido de multiplicador, e não apenas divisor. Para que se entenda melhor, é como se tivéssemos um pão em nossas mãos, e precisássemos dividi-lo entre 4 pessoas. De início, partiríamos em duas metades, e seu resultado, novamente em outras duas metades. Simples, não é? Se por acaso se juntassem a nós mais pessoas, repetiríamos o processo tantas vezes quantas fossem necessárias, até que cada um tivesse direito a sua parte. Seguindo assim matematicamente até o infinito, uma ideia que não contempla um fim. E além de garantir o uso de frações contínuas, também ofereceram a primeira ideia de números negativos na matemática, quando, antes, o resultado da subtração de um número maior por um menor era entendido apenas como nada.
O uso do número zero, descoberta atribuída por muito tempo aos europeus no século 17, atualmente aponta evidências concretas de ter origem na Índia muitos séculos antes. Apesar de hoje entendermos esse algarismo meramente como um sinônimo de neutralidade ou de inexistência, tomando como base o entendimento religioso hindu, associou-se a ele a ideia altamente metafísica, difícil inclusive de conceituar com poucas palavras. A ideia de tudo e nada ao mesmo tempo, ou, ainda, o zero como o primordial, que antecede os números, ou seja, a criação, que é a causa de tudo. O centro, o único, o primeiro de tudo sem que haja um segundo.
Um grande exemplo da influência hindu na matemática é o de Srinivasa Ramanujan. O filme O Homem que Viu o Infinito, de 2015, disponível para locação e compra no YouTube, mostra a sua história. O jovem indiano, de origem muito pobre, enxergava a matemática de forma mais profunda que os demais, enxergava as leis por trás de cada movimento cósmico universal. Sua capacidade de ver tais leis era tão sutil, que o mesmo possuía dificuldades em expressá-las em fórmulas e equações para que os acadêmicos mais premiados do mundo pudessem compreender. Até hoje suas contribuições feitas na Universidade de Cambridge são utilizadas no mundo todo, e não impactaram apenas a área matemática, mas também diversas outras áreas como a astrofísica, por exemplo. As principais delas são a respeito de funções elípticas, fracções contínuas e, não por coincidência, séries infinitas. Em grande parte, estão relacionadas a soluções de problemas com somas sem fim, incompreensíveis para a maioria de nós, mas que ajudam a responder questões sobre distâncias que sequer cabem em nosso planeta. Muitos questionavam como ele conseguia calcular tais respostas, e Ramanujan dizia que via e ouvia os Deuses, que lhe confidenciavam os mistérios do universo em suas orações, todas às manhãs.
A matemática tem uma origem metafísica e aplicação prática. A linguagem do Universo é mais facilmente traduzida em números do que em qualquer idioma, e entender a razão por trás de cada cálculo, de cada constante cosmológica, de cada raiz quadrada, ou simples regra de três, é entender um pedaço da Vida. Muitos foram os que perceberam sua origem e importância e nos ensinaram a seu respeito, como Einstein, Tesla, Newton, Fibonacci, Pitágoras…Entre tantos outros que ofertaram contribuições inestimáveis para a Humanidade. Todos eles foram capazes de revolucionar seus campos de estudos por entenderem que a ciência só tem sentido se tiver um fim útil, uma finalidade real que tente explicar os Mistérios de tudo o que existe.
A matemática iluminou os caminhos para a Sabedoria de muitos gênios ao longo da história, mas não se preocupe se você não for tão entusiasmado quanto eles a respeito do mundo das equações. Afinal, “todos os caminhos levam à Roma”, e os cálculos nos guiam através de apenas um deles. Sejamos matemáticos ou não, todos temos questionamentos, temos o anseio de chegar mais próximo à Verdade, descobrir os Segredos da Natureza, e não precisamos de fórmulas tão complexas, como as que levaram o homem à lua, para encontrar a Verdade.
As respostas para essas perguntas fundamentais, além de apenas algarismos e letras, estão mais próximas do que imaginamos, dentro de nós mesmos. Entender a Vida e os segredos da Alma Humana, da forma que melhor se comunica conosco, seja pela matemática, pela filosofia, pelo exercício das Virtudes mais elevadas, é o que nos guiará em direção à Sabedoria, pois, compreender a si mesmo, é compreender o Universo.