Você provavelmente conhece a Rede de Colégios Maristas, certo? Imaginamos que alguns dos nossos leitores tenham sido instruídos, por anos, no ensino dos Irmãos Maristas que, desde o final do século XIX, contribuem, de forma ativa, na educação dos nossos meninos e meninas. De acordo com dados oficiais, hoje, o Marista, no Brasil, encontra-se em 25 Estados e no Distrito Federal, tendo mais de 70 escolas, atendendo cerca de 150 mil alunos. Esses números expressivos são resultado de um trabalho constante e inspirador advindo dessa Ordem Religiosa. Mas, como tudo isso começou? Se você ainda não sabe, iremos contar neste texto.
Para conhecer a história do Marista é preciso voltar no tempo, até um pequeno povoado Francês chamado “La Valla”, em 1817. Lá, Marcelino Champagnat fundou essa Ordem Religiosa para auxiliar na formação cristã da juventude Francesa, prestando-lhes não somente Educação, mas assistência médica e provendo alimentos para a Caridade. Champagnat, que foi canonizado em 1999 pelo papa João Paulo II, foi um dos mais atuantes Cristãos do século XIX, momento conturbado para a religião devido às revoluções sociais, políticas e econômicas no mundo.
Marcelino Champagnat nasceu no ano de 1789, no mesmo período em que a Revolução Francesa tomava forma. Seus Pais, que eram agricultores e fiéis ao Catolicismo, viram de perto os extremismos ocorridos na revolução, a separação da Igreja do Estado e o banho de sangue jorrado pelas ruas de Paris. Com medo de levar Marcelino ao contato desta realidade, o jovem Champagnat foi educado em casa, conservando os valores Cristãos tão defendidos no seio familiar. Aprendeu sobre a Honestidade e a Pureza da Virgem Maria, do Amor à Humanidade de Jesus e todos os bons exemplos que o Catolicismo poderia lhe dar.
Devoto à sua religião, aos 14 anos, um Padre o ajudou a ingressar na vida clerical, tão estimada pelo jovem e sua família. Assim começava a jornada de Marcelino na Igreja. Após uma década de formação, Champagnat é ordenado Sacerdote, em 1816. Sua adoração particular por Maria fez com que ele e mais 12 seminaristas fundassem uma nova Ordem Religiosa, nascendo assim, os Irmãos Maristas. Apesar de ter sido recriminado, à época, por outros clérigos, visto que tinha pouca experiência como Sacerdote, Marcelino não perdeu de vista sua missão. Seguiu expandindo a Ordem Religiosa e tentando evangelizar a juventude Francesa que já não tinha, em meados do século XIX, uma perspectiva religiosa, mas sim social/científica, fruto das revoluções do seu tempo.
Um aspecto fundamental para compreendermos a importância de Marcelino Champagnat, que vai além da visão religiosa, é o seu profundo Amor pela Educação e Formação Humana. Quando falamos em Educação, é comum pensarmos nas matérias escolares como História, Química, Biologia, Matemática etc. Porém, muito mais do que saber fatos históricos e fórmulas matemáticas, a verdadeira Educação se baseia em retirar de nós nossa Essência Humana. Advinda da palavra latim “educere”, que significa eduzir, a Educação tem por base essa responsabilidade de extrair de cada um de nós nossas Virtudes e Potencialidades, sendo as disciplinas apenas instrumentos para isso.
Pensando nesse aspecto, Marcelino criou não somente uma instituição para evangelizar a juventude, mas uma rede capaz de despertar o melhor de cada Indivíduo, através do pensamento e Doutrina Cristã. Para os dias atuais, em que estamos mergulhados em uma Educação técnica e que visa somente a formação de uma mão de obra qualificada, talvez seja difícil imaginar os objetivos de Champagnat. Dedicamos quase todo nosso tempo aprendendo a resolver equações, mas pouco, conhecendo a nós mesmos, investigando nossas Virtudes e aprendendo a reconhecer o Bom, o Belo e o Justo, dentro e fora de nós.
A missão de Champagnat e sua Ordem Religiosa, entretanto, não se limitou às fronteiras da França. Com o passar dos anos os Irmãos Maristas aumentaram suas fileiras de Padres e suas escolas. Com isso, surgiu a necessidade de espalhar esse modelo de Educação Humana para as demais regiões da Terra. Assim, por volta de 1836, quase 20 anos após a fundação da Ordem Religiosa, os Maristas passaram sua missão para outros continentes. A jornada desses Padres começou pela Oceania que, na época, estava sendo descoberta principalmente pela Inglaterra e em menor escala pela própria França.
Infelizmente, devido à sua saúde frágil, no dia 6 de junho de 1840, Marcelino Champagnat faleceu, em Paris. Apesar da sua morte, os Irmãos Maristas continuaram expandindo sua ordem e influência no mundo Cristão, honrando Champagnat com o florescer do seu movimento. A base educacional é mantida até hoje, tendo os Princípios Cristãos como a pedra angular da sua maneira de educar.
O Brasil, como já falamos, não ficou de fora da rede de atuação dos Maristas. A jornada dos Irmãos Maristas chegou ao nosso país em 1897, momento em que vivíamos o início da Primeira República (1889 – 1930). Em um país que, estruturalmente, sofria com a falta de Educação e com a miséria, os Irmãos Maristas foram uma fonte inesgotável de Amor com o próximo, tentando ajudar não somente crianças e adolescentes, mas prestando assistencialismo a toda a população. Atuando na então capital do Brasil, o Rio de Janeiro, os Maristas conseguiram amplo espaço em nosso território, estando em todas as regiões. Sua história centenária no Brasil é marcada por grandes gestos de Bondade e Serviço para com a Formação Moral dos Brasileiros.
Visto isso, neste 6 de junho, aniversário de morte de Marcelino Champagnat, nós da Feedobem homenageamos esse grande Humanista que não somente defendeu seus Princípios, mas que conhecia uma Verdade Universal, que perpassa as barreiras do tempo e do espaço e, tal qual um fio, percorre toda a história humana: não existe Educação sem Amor, e não há Amor quando não há um sentimento de União profunda com o próximo. Celebremos isso neste Dia do Marista!
