Dizem que a dança surgiu desde os primeiros movimentos e gestos do Ser Humano. As batidas do coração em seu ritmo, ora lento e compassado, ora acelerado e sem ritmo, nos dá o tom da orquestra e o comando para todo o corpo, desde o caminhar até o pensar. Mas, independentemente da visão poética, a verdade é que por meio dos vários vestígios arqueológicos, principalmente das pinturas em cavernas, hoje já se sabe que desde a pré-história homens e mulheres já se expressavam através da dança e a utilizavam como forma de comunicação.
A dança é a expressão artística que tem como instrumento principal o corpo. Cada bailarino utiliza seus membros e movimentos como se fossem notas musicais que juntas podem compor uma bela música. Assim, a depender da desenvoltura de cada indivíduo, a dança pode ter uma expressão Harmônica ou desarmônica. Alguns estudos sobre o tema nos garantem que essa expressão é uma capacidade intrínseca à condição humana e por isso não há povos ou culturas que já não tenham se expressado por meio dessa Arte.
Considerando que através da dança podemos expressar os mais variados sentimentos, é por meio dela que todo o nosso corpo fala, sorri, grita, chora ou até se cala e paralisa. Como numa espécie de engrenagem, que só funciona conectada ao todo e não apenas as partes, essa expressão artística exige do corpo uma conexão com a mente e com as emoções. Daí deriva ou não a Harmonia do passo ou do movimento numa coreografia.
Entretanto, é importante lembrar que existem vários tipos de danças: desde as voltadas para as cerimônias, as de tradições culturais, até as curativas ou terapêuticas. Por exemplo, para as civilizações mais antigas como a mesopotâmica, a egípcia ou a grega, a dança era uma Arte que tinha uma dimensão Sagrada, voltada em geral para o agradecimento aos Deuses pela proteção ou para celebrar o início ou o fim de uma estação do ano. Podemos citar aqui as danças em homenagem ao Deus Baco, que são amplamente descritas nos escritos da antiguidade. Com o surgimento e a expansão do Cristianismo, a dança passa do Sagrado para o profano, tendo em vista que o corpo era visto como algo pecaminoso. E é só com o Renascimento, entre os séculos XVI e XVII, que a dança vai ganhando um caráter mais técnico, onde já surgem os profissionais com estudos sobre o tema.
Aqui no Brasil, vários estudos e trabalhos antropológicos nos revelam como as populações indígenas ou quilombolas fazem o vínculo da dança junto aos ritos de passagem na vida de um Indivíduo, por exemplo, no início da vida adulta. Dentro da dimensão e da diversidade de nosso país, podemos perceber os vários tipos dessa expressão artística representada sempre com os movimentos e as características culturais de cada localidade. Assim, quando estudamos a dança ao longo do tempo, atravessando os vários momentos históricos, aprendemos que essa Arte não é só importante para o Indivíduo, mas para toda a Humanidade, uma vez que essa expressão faz parte dos aspectos mais íntimos do Ser Humano. Por outro lado, através da dança podemos desenvolver várias potencialidades como a coordenação motora, a cognição, o ritmo, a percepção espacial, o fortalecimento de todos os músculos, entre outras.
Na década de 1960, o psicólogo e antropólogo Rolando Toro Araneda criou o Sistema da Biodança. Esse sistema é uma modalidade que tem como objetivo promover um estado de bem-estar aos Indivíduos por meio dos movimentos da dança e das vivências desses sujeitos. Conhecida também como psicodança, essa técnica utiliza a dança e a psicologia como instrumentos importantes no processo de tratamento terapêutico, deficiências motoras e outras doenças psíquicas. Hoje no campo das terapias holísticas e tratamentos integrativos, inclusive, já utilizada no sistema público de saúde como prática integrativa, a Biodança é uma terapia alternativa que já vem ajudando muitas pessoas ao longo dessas décadas.
Com isso, fica claro que a importância da dança para as nossas vidas perpassa por várias dimensões, desde o desenvolvimento humano ao longo da história até ao nosso melhoramento pessoal, nos fazendo superar bloqueios psicológicos, melhorando a nossa autoestima e promovendo uma melhor relação interpessoal. Mas, todos esses fatores só são possíveis se soubermos dar o tom ou o ritmo certo a cada movimento, seja na dança, seja na Vida. Por isso, há que exercitar exaustivamente cada passo para se chegar à perfeição. No mínimo, com essa prática desenvolvemos a sensibilidade e a motivação necessárias para caminhar com Harmonia na trilha da vida.