Como a Educação Pode Evitar a Violência?

“Educai as crianças e não será necessário punir os Homens”. Essa é uma frase emblemática do filósofo grego Pitágoras, personagem tão emblemático nos estudos filosóficos e matemáticos. Apesar de ser dita há mais de 2.500 anos, ainda constata-se como verdadeira, e o fato dela sobreviver até hoje torna ainda mais necessário de ser entendida.

Crianças em sala de aula, representando a educação como base para o futuro.
Educação como base para prevenir a violência.

Que a educação é uma grande ferramenta para construção humana, disso já não temos dúvidas. Entretanto, qual sua relação com a violência? Será que há uma ponte que liga esses dois aspectos aparentemente distintos? Para responder a essas questões, devemos conhecer o que é, de fato, educação.

O real significado da educação

Se recorrermos a etimologia da palavra educação, chegaremos no latim educere, que nada mais é do que “eduzir” ou “tirar de dentro”. Essa por si só já é uma pista valiosa para refletirmos sobre a educação, uma vez que para as culturas antigas não se tratava de adquirir conhecimento, mas de extrair nossos verdadeiros valores.

Nos dias atuais, podemos falar que uma pessoa teve boa educação por ter frequentado escolas importantes, ter feito graduação e outros cursos técnicos que lhe permitem atuar em uma área específica. Isso, porém, é verdadeiramente a educação?

Em síntese, podemos afirmar que não. Como disse Plutarco, um dos grandes educadores da Roma Antiga, “a educação é uma vela a ser acesa e não um copo a ser preenchido”. Um verdadeiro educador desperta nos seus alunos essa chama pelo saber, que iluminará sua vida. Já um professor, de maneira geral, pode preencher nossa mente com ideias, técnicas e fórmulas, mas ainda assim não estará nos educando.

Todos nós conhecemos um exemplo assim: alguém muito bem graduado, com muitos diplomas na parede, mas que no trato pessoal, na vida cotidiana, se mostra ainda uma criança que não sabe as regras da boa convivência, muito menos o que faz. O resultado disso não é outro: um profissional extremamente capacitado, mas um ser humano com pouco desenvolvimento moral.

Muitas vezes, essa mesma pessoa, dotada de diversos cursos e conhecimentos, é capaz de cometer crimes hediondos e machucar muitas pessoas por desconhecer seus próprios limites. Infelizmente, esses casos são cada vez mais comuns no mundo em que vivemos, pois não estamos educando as pessoas para serem verdadeiramente humanas, mas apenas uma mão-de-obra qualificada para o mercado de trabalho.

Nessa perspectiva, estamos perdendo a chance de fomentar uma educação formativa, ou seja, de dar forma ao ser humano em seu aspecto mais belo. Em contrapartida, aumenta-se a carga horária de uma escola tecnicista, que não nos ajuda a refletir sobre o mundo interno que habita nosso ser. Assim, como consequência, amplia-se os casos de pessoas com depressão, ansiedade e outra série de patologias que poderiam ser sanadas em seu estágio inicial com um pouco mais de autoconhecimento e autodomínio.

A educação e o ser humano: uma ferramenta de evolução

Outro ponto fundamental quando refletimos sobre a educação é o seu papel intrínseco no desenvolvimento humano. Pare para refletir sobre isso: um animal, seja ele qual for, não precisa ser educado para agir como animal. A mamãe tartaruga, por exemplo, deixa seus ovos na praia e quando os bebês nascem já vão à procura do mar. Em seu desenvolvimento embrionário, já sabem nadar e viver. O mesmo ocorre com um filhote de pássaro, que após um tempo no ninho simplesmente é jogado de lá para começar o seu primeiro voo. Ninguém o ensinou a não ser a sua própria natureza.

Com o ser humano, porém, isso não ocorre. Ao contrário das demais espécies, é preciso ensinar tudo ao bebê. Desde andar e falar até as suas capacidades cognitivas, todas são aprendidas por meio de uma educação, seja por parte de professores e educadores, seja dentro do convívio familiar. Nesse sentido, apenas o instinto não é suficiente para fazer com que o ser humano atinja a sua plenitude, seja física ou psicológica. 

Considerando esse fato, não seria lógico – do mesmo modo que precisamos aprender a manejar nosso corpo a partir de exercícios de coordenação motora – também desenvolver habilidades para lidar com nossas emoções, pensamentos e colocar em prática os valores que nos são ensinados?

É a isso que chamamos educação. Logo, aprender a construir motores, desenvolver tecnologia e outra série de conhecimentos fazem parte do ser humano, porém, a educação em seu aspecto mais sublime está em fazer com que cada pessoa reconheça a sua essência atemporal, aquilo que está dentro de si e que o torna verdadeiramente humano. É isso que precisamos eduzir de nossos corações.

Educando nossos instintos: como domar a violência?

Frente a isso, é possível educar nossos instintos mais viscerais? Sabemos que a violência pode ser uma força advinda do instinto de proteção e, quando expressada, pode tirar nossa razão do lugar. Entretanto, nem sempre a violência nasce de forma instantânea, mas sim acaba por ser cultivada na forma de falar, de se portar e de expressar-se no mundo. Logo, cultivamos a violência em diversos ambientes e relações, o que, por fim, acaba em momentos de estresse, sendo elevada a uma condição mais evidente.

Como podemos evitar isso? Para os gregos, todos os instintos nascem de uma necessidade de expressão individual e podem ser domados quando subjugados por uma força superior. No caso do ser humano, a força superior nada mais é do que a nossa razão, que consegue colocar ações, sentimentos e pensamentos de maneira harmônica e alinhada com o Bem. Assim, educar a nós mesmos para conter o instinto natural de violência é uma prática diária, capaz de reconhecer quando estamos sendo guiados por essa força visceral e ser capaz de interromper seu uso. 

Assim como todo processo educativo, para lograrmos sucesso no domínio de nossos instintos, precisamos exercitar. Tal qual a metodologia aplicada às ciências exatas, o caminho para aprender a realizar tal operação se faz pela repetição, mas não de forma mecânica, e sim com consciência. Devemos, antes de tudo, reconhecer esse instinto de violência que há em cada um de nós, mesmo naqueles que se consideram os mais pacifistas. Como instinto, a violência pode se expressar de diferentes maneiras, desde um comentário um pouco ríspido até mesmo as distintas formas de agressão.

Visto isso, o podcast desta semana aborda o tema da violência e como podemos evitá-la. Para se aprofundar, refletir e descobrir novas perspectivas sobre esse tema, é só dar o play!

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