O que Shakespeare tem a nos dizer com Macbeth?

Falar em Shakespeare é falar da grandiosidade do Teatro. O maior dramaturgo do mundo não recebeu esse título à toa. Suas obras influenciaram diversos autores durante os séculos, como o cineasta japonês Akira Kurosawa. E continuam sendo uma influência para diversos produtos culturais da atualidade, como a série de sucesso Game of Thrones, além das mais de 400 adaptações para o cinema.

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É inegável a força que o bardo inglês – como era conhecido – tem na cultura ocidental. Shakespeare vai além de ser um gênio da dramaturgia e coloca em questão uma série de ideias inovadoras ao mundo. Passamos a refletir sobre as mais profundas emoções, dilemas e angústias vividas em seus personagens. Desse modo, a história se converte em uma reflexão acerca do ser humano e suas mais distintas faces.

Uma dessas faces esconde-se na figura de Macbeth, o usurpador. Se você ainda não conhece a sua história, vamos apresentá-la nesse texto e entender o porquê ainda hoje essa é uma das peças mais importantes do mundo ocidental.

Macbeth e a sede de poder

Conhecido por seu cunho trágico, Shakespeare expõe em suas obras a perversidade humana que passa por sentimentos de egoísmo, ganância e busca pelo poder, que existem dentro de todo ser humano. Em Macbeth, vemos a famosa história de um homem que se corrompe por sua ganância para se tornar um rei. Tudo começa quando ele encontra três bruxas em seu retorno para a Escócia. As feiticeiras lhe fazem uma grande profecia: de que se tornaria Thane – uma espécie de senhor feudal na Escócia – e, em seguida, rei. 

Num primeiro momento, Macbeth, um homem até então honesto e com bom senso, não acreditou na profecia, afinal, seu papel era ser um general no campo de batalha e não um líder político. Entretanto, como realizada a profecia, assim que retorna para sua terra Natal, ele se torna, de fato, Thane de Cawdor, uma região importante da região. Nesse momento, a semente da ambição está plantada no coração de Macbeth, pois agora sabe que é possível que a profecia esteja correta. 

A esposa de Macbeth, Lady Macbeth, também se transforma ao saber da possibilidade do marido conseguir o poder, e o influencia a conseguir o trono através de péssimas atitudes. Ao invés de seguir o caminho da nobreza e da fidelidade, Macbeth começa a transformar-se em um tirano, afinal, se seu destino era o da realeza, não deveria esperar o tempo passar, e sim tomá-lo de assalto.

O casal planeja e executa o rei Duncan, atual monarca que reinava sobre a Escócia. Com o vazio no poder, Macbeth é alçado ao cargo. No entanto, quando conseguem o que almejam, surgem o medo e a culpa, que passam a dominá-los por terem traído o antigo rei. Afinal, como conseguir ser feliz e seguir em paz sabendo dos crimes cometidos e das atitudes tomadas? Além da culpa pela atrocidade cometida, Macbeth passa a amar tanto o poder que teme perdê-lo sob uma nova força que possa surgir. Assim, o nobre guerreiro passa a ser um tirano, afastando todos que possam ser uma ameaça ao seu trono. 

O que podemos aprender com essa história? Será que em alguns momentos somos tiranos tal qual Macbeth? Vamos refletir juntos.

O simbolismo de Macbeth

Como podemos perceber, Macbeth é uma peça que trata não somente de um rei da Escócia, mas da ambição humana. Uma vez que passamos a desejar algo, seja um cargo, uma promoção ou o que for, corremos o risco de vender nossos valores, assim como Macbeth. Até onde vai a nossa nobreza? O que faríamos para realizar os nossos desejos?

Esses questionamentos ainda hoje permeiam nossa cabeça. Não por acaso, uma das frases mais usadas no nosso tempo é “todo ser humano tem um preço”, ou seja, todos nós somos capazes de nos corromper. No caso de Macbeth, foi a ambição o seu calcanhar de Aquiles, mas outros tantos motores podem nos desviar do nosso caminho.

Macbeth, portanto, simboliza perfeitamente o ser humano que foi dominado por sua ambição. As consequências que levam o guerreiro à tortura psicológica também ocorrem conosco. Se abrimos mão de nossos princípios, seja em pequenos atos ou mesmo em atitudes mais agudas, podemos viver uma batalha intensa entre o que sabemos que é o correto nossa culpa por agir mal. A ambição, porém, não permite retorno. Uma vez que entramos em seu movimento, é natural que acabemos desejando ainda mais e tomando medidas ainda mais drásticas. 

Macbeth enlouquece com sua paranoia e não consegue se sustentar no poder. Assim, a mesma ambição que o levou tão longe é a mesma que, de forma sutil, o derrubou. Ele se converte então nesse símbolo e nos lembra como a ambição desmedida nos leva à tirania, seja conosco mesmo ou com o mundo ao nosso redor. Acabamos nos cobrando demais e ficando tristes se não alcançamos rapidamente nossos objetivos, e, como apontado, abrimos mão do que somos verdadeiramente para viver nossos desejos mais profundos. 

Assim como era feito na antiguidade com o Teatro Grego, essa obra escrita no século XVII é um grande ensinamento para qualquer pessoa, pois quando percebemos que os personagens são tão humanos como nós, podemos aprender com seus erros. É inegável que temos uma ambição pelo poder, e não há nada de errado nisso, desde que essa busca seja sempre em nome do Bem.

O que a obra nos mostra é que não é a conquista do poder que traz o sentimento de realização para o ser humano. A tragédia fica clara quando o casal Macbeth se dá conta de que, para conquistar o trono, eles tiveram que pagar um preço muito alto, pois sacrificaram muito de seus princípios éticos. E uma vida sem isso se torna insuportável, pois não é própria do ser humano.

Para finalizar, deixamos aqui uma adaptação musical dessa obra tão emblemática para que ela se torne ainda mais acessível. Assim, outras pessoas que não possuem tanta proximidade com o Teatro podem conhecer, através da música, um pouco da genialidade shakespeariana.

Temos uma serie que fala sobre Shakespeare e uma serie de posts sobre ele que talvez você goste, clique aqui e os veja.

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