O Que o Pequeno Príncipe Nos Ensina?

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Os livros clássicos contêm ensinamentos atemporais, disso todos nós sabemos. Para alguns só o tempo comprova se uma obra literária tem grande valor ou não, porém, há raras exceções em que o livro já nasce como uma obra-prima da arte literária, uma verdadeira pérola de sabedoria. Um desses livros é o “Pequeno Príncipe”, do francês Antoine Saint-Exupéry. Escrito em plena Segunda Guerra Mundial, no ano de 1943, a história de um pequeno extraterrestre que habitava o asteroide B-612 ganhou o mundo e suas lições marcaram não somente a geração do autor, mas até hoje encanta crianças, jovens e adultos por todo o mundo.

Cheio de alegorias e com uma temática infantil, o “Pequeno Príncipe” lança verdadeiras pérolas de sabedoria para a humanidade, nos ensinando sobre o valor dos sentimentos, nossa responsabilidade frente aos nossos deveres e outra série de lições que podemos aplicar em nossa vida. Nos arriscamos a dizer que mesmo para aqueles que nunca leram esse livro, é provável que algumas de suas frases mais marcantes façam parte de sua memória. Isso porque as redes sociais estão repletas de postagens com frases e passagens do livro, que nos levam a um verdadeiro ato de reflexão.

Podemos citar alguns exemplos:“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”; “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”; “É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou”. Poderíamos passar dezenas de páginas apenas citando os ensinamentos que Saint-Exupéry legou à humanidade com o seu livro, mas devemos refletir principalmente sobre como podemos viver essas ideias no mundo de hoje.

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Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos.

Começando pela primeira, em que o Pequeno Príncipe aponta para uma percepção humana da vida. Ao falar que só enxergamos bem com o coração devemos entender que essa é uma frase simbólica, a qual aponta para a necessidade de nos conectar com as pessoas, de vê-las não pelos seus atos, mas pelas suas intenções. O coração é, desde as tradições mais antigas da humanidade, um órgão ligado diretamente ao mundo sensível, dos sentimentos e das emoções. Por isso que o essencial, como completa a frase, é invisível aos olhos comuns, pois não podemos detectar o amor com nossa visão física. O amor precisa, antes de tudo, ser sentido e é com o coração que o fazemos. Ele acelera, perde o compasso e muitas vezes indica qual a melhor decisão a seguir.

Observando essa ideia de um ponto de vista mais elevado, o filósofo grego Platão já dizia que esse mundo material não passa de uma ilusão, um mundo de aparências, e todos aqueles que buscam a sua felicidade nele acabam se frustrando. O mundo verdadeiro, a realidade por trás das coisas manifestadas, é o chamado “Mundo Inteligível” – onde vivem os grandes ideais e as virtudes. E lá você não consegue enxergar com os olhos físicos, é necessário ver com o coração. Quando Saint-Exupéry diz “Só se vê bem com o coração”, ele não se refere a nossas paixões egoístas, mas sim a nossa parte mais pura e elevada, onde moram os melhores sentimentos e os pensamentos altruístas, aquela parte que não perde tanto tempo se preocupando com “O que eu vou ganhar? O que eu vou perder?”; por isso, tem tempo para se preocupar e entender melhor as pessoas e a Vida.

Quando usamos o nosso coração para enxergar o mundo, nós nos doamos, e assim conseguimos nos relacionar com o mais íntimo que há nas pessoas – a sua essência. Quanto mais compreendemos um amigo, mais compreendemos nós mesmos. E através de um processo que leva tempo, cuidado e carinho, vamos criando laços que nos unem pelos sentimentos mais puros; e esses laços jamais se rompem, pois são eternos. 

Quantas lições em uma pequena frase, não é mesmo? O poder de síntese e profundidade de Exupéry são características que tornaram sua obra um clássico moderno, e não deveríamos passar rapidamente por suas páginas sem refletirmos profundamente sobre o que está sendo dito pelo escritor francês.

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Sobre a segunda frase que apontamos, acerca da responsabilidade afetiva que devemos ter para com as outras pessoas, é uma ideia que nos dias atuais, quase 80 anos após a sua escrita, ainda continua em vigor. Ter empatia por aqueles que amamos e que nos amam é o primeiro passo para gerar uma convivência harmônica, pois sabemos que não é simples nos relacionarmos bem com as pessoas que estão mais próximas de nós. Porém, é de nossa inteira responsabilidade apresentar aos demais a nossa melhor face, dar sempre as nossas virtudes em prol do bem comum e sermos corteses, mesmo que a situação ao nosso redor esteja propícia a um confronto. Desse modo, ser responsável por aqueles que cativamos é, antes de tudo, saber que nossas ações são como uma pedra atirada em um lago: reverberam de tal modo que não sabemos até onde podem chegar ou que danos podem causar aos que estão ao nosso redor. 

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Sobre a terceira e última frase que apontamos ela é uma verdadeira lição para as nossas relações. Costumamos transportar nossas experiências – principalmente as ruins – e projetá-las nas pessoas ou situações que vivemos atualmente. Desse modo, por exemplo, se em um relacionamento fomos infelizes, tendemos a achar que os erros que ocorreram no passado irão se repetir e por isso acabamos evitando novas relações ou mesmo nos abrir para conhecer novas pessoas. No ambiente de trabalho, isso também não é uma novidade, uma vez que é comum ao mudarmos de um emprego em que vivemos as mesmas situações, apesar do cenário completamente distinto. Fazemos isso porque carregamos o trauma dessas experiências e não nos permitimos viver do mesmo modo após sermos machucados. Deixamos nossas feridas abertas e sangramos em cima do presente, acreditando que nada mudou, que as situações estão fadadas a ter o mesmo fim e, por causa disso, não queremos nos expor a uma nova mágoa.

Como podemos perceber, a verdadeira mensagem que o principezinho nos traz fica nas entrelinhas, e as interpretações podem mudar de pessoa para pessoa, já que cada indivíduo possui uma maneira diferente de ver o mundo. No entanto, trouxemos para você um pouco do simbolismo que há por trás dessas frases, fazendo relação com outros ensinamentos milenares.

Esses foram apenas alguns dos ensinamentos que podemos extrair dessa obra. Fica a dica da FEEDOBEM para a leitura desse grande clássico moderno. E para aqueles que desejam mais reflexões sobre o tema, deixamos como indicação o podcast abaixo, em que os filósofos da Nova Acrópole falam um pouco sobre a biografia de Saint-Exupéry e trazem mais elementos para ajudar a nossa compreensão dessa obra de profundos ensinamentos. Que todos tenham excelentes reflexões!

podcast:

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