Ter hábito é algo muito útil para o nosso dia a dia, pois quando mantemos um hábito, aquela atividade se integra à nossa rotina, e a executamos sempre sem precisar de esforço. É uma verdadeira economia de tempo. Imagine se todos os dias tivéssemos que parar para pensar sobre como escovar os dentes, ou qual pé colocar após o outro para fazer uma caminhada, ou como escrever letra após letra, ou como dirigir?
Mas, como nem tudo na vida é simples, temos que ter cuidado para que os hábitos não nos dominem. A vantagem é que somos mais produtivos e economizamos tempo, a desvantagem é que quanto mais hábitos, mais mecânicos nos tornamos. Se não precisamos parar para pensar nas atividades rotineiras, se não precisamos colocar a consciência, então vamos fazendo tudo de forma automática, inconscientes. E aí como vamos melhorar como seres humanos, como daremos sentido à nossa vida, se estaremos vivendo-a no piloto automático?
Uma vida no piloto automático se torna um verdadeiro trabalho de Sísifo. Já ouviram falar nesse mito grego? Sísifo recebeu uma punição dos deuses e foi condenado, por toda a eternidade, a rolar uma grande pedra de mármore com suas mãos até o cume de uma montanha, e toda vez que ele estava quase alcançando o topo, a pedra rolava novamente montanha abaixo até o ponto de partida, invalidando completamente o duro esforço. O mesmo acontece conosco quando vivemos uma vida mecânica, sempre estamos realizando algum trabalho, mas nunca há um verdadeiro crescimento, pois não sabemos por que e para que estamos realizando essas atividades.
Os hábitos físicos como escovar os dentes, caminhar, arrumar a cama ao se levantar, nos ajudam em nossas rotinas e são mais fáceis de cuidá-los para que não se tornem mecânicos, quando comparados aos hábitos psicológicos. Quando a nossa mente cai na mecanicidade de criticar antes de refletir, de ter a necessidade de reconhecimento dos outros, ou de pensar que a vida é muita injusta, esses hábitos mentais vão nos impedindo de ver a vida como ela é. Além de também nos impedir de aproveitar os momentos, se conectar com as pessoas, e até ter esperanças em nós mesmos. Sem hábitos perdemos tempo, com hábitos viramos robôs, então qual a solução?
Continuaremos com a nossa rotina de escovar os dentes, dirigir, caminhar, escrever, porém, tentando aperfeiçoá-las ao longo dos dias. Colocando consciência nos nossos atos, vivendo o momento presente. Quando dirigimos não estamos concentrados no ato de dirigir, estamos pensando em milhares de coisas diferentes, e isso é o que nos mecaniza. A chave é dirigir estando consciente e presente no ato da direção. Caminhar, com a consciência em nossos passos, na posição da nossa coluna e olhando para onde pisamos. Conversar com alguém, de forma interessada, olhando nos olhos, sem críticas. Encarar um desafio novo sem pensar de imediato que será difícil ou que será uma perda de tempo, apenas se entregando ao que a vida pede no momento. Como cada momento é único, a solução para não vivermos uma vida no piloto automático é dar valor a cada experiência, buscando aperfeiçoar a si mesmo, fazendo as atividades de forma melhor a cada dia.
Quando vivemos nessa postura, passamos a absorver melhor o que passa a nossa volta, aprendemos com os detalhes, vemos a beleza da vida. Deixamos de ser como Sísifo, subindo e descendo todos os dias as pedras das nossas vidas sem saber como nem o porquê daquilo. Daremos um sentido às nossas ações, construindo uma vida que vale a pena.
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