Vivemos hoje no auge da tecnologia, tudo de mais moderno que existe, no alcance de nossas mãos. Super computadores, impressoras 3-D, carros que praticamente dirigem por você, geladeiras que lhe desejam bom dia e celulares cada vez mais smarts! São poucas as pessoas hoje que não amam as maravilhas tecnológicas, afinal, quem não amaria? Graças à tecnologia vivemos numa nova era que nos permite fazer muito mais coisas de forma muito mais acessível.
Na era digital eu posso ter aulas online de idiomas com um professor de outro país, posso pagar todas as minhas contas, posso fazer uma reunião de negócios, posso fazer as compras no supermercado…Uma infinidade de possibilidades atrativas a todas as idades e gostos! E aí surge um problema. São tantas opções interessantes nos nossos aparelhos portáteis, que vamos substituindo o contato com a vida real pela vida digital. O celular deixa de ser uma ferramenta de trabalho e comunicação e passa a ser um objeto indispensável na vida. Deixamos de conversar com o amigo ao lado para conversar com o amigo na rede social, deixamos de observar a natureza ao vivo para fotografá-la e postá-la, deixamos de sentar numa cafeteria e tomar um café observando o ir e vir das pessoas para atualizar o feed de notícias.
Como a tirinha ilustra muito bem…Hoje em dia uma pessoa em pé e parada sem o celular na mão…Só pode ser um espantalho!.
E se for um ser humano mesmo, com certeza tem problemas! Que pessoa hoje em sã consciência e modernidade prefere observar o mundo ao redor do que a própria tela, apenas vivendo o momento? Se comemos algo diferente, fotografamos. Se corremos 5km, fazemos o print e compartilhamos. Será que não conseguimos nos satisfazer com nós mesmos, e precisamos desse apoio que o mundo virtual nos dá para nos sentirmos completos? Quem será que está mais realizado e pleno: o que toma café e curte o cafézinho, ou o que o café esfria tentando tirar a foto perfeita da xícara para compartilhar em tempo real com seus milhares de “amigos”?
Confira o vídeo abaixo:
Se você estivesse no lugar do rapaz e visse a estranha criaturinha, você tiraria uma foto ou apenas observaria?
Provavelmente todos tiraríamos a foto. Algo novo, diferente..”Preciso mostrar isso para todo mundo!” é o que pensaríamos. E normalmente, quando compartilhamos tudo nas redes sociais não temos tanta consciência das consequências que podem surgir. O universo virtual tem a característica de que uma vez lançado algo lá, não se volta atrás. É como jogar um alfinete, do alto, no meio do oceano… Impossível localizar em tamanha vastidão. Por isso, tudo o que publicamos e compartilhamos precisa ser filtrado antes, não pelos filtros do instagram, mas pelos filtros do nosso bom senso. Já viram casos de pessoas que entraram em depressão porque uma foto delas foi usada como “meme” e ela virou motivo de piada no mundo inteiro?! Como cita a legenda ao final “It’s in your hands”, o poder de decisão está em nossas mãos, saibamos fazer bom uso das ferramentas!
Essa conectividade excessiva nos desconecta da vida real, cria a ilusão de um mundo falso, baseado nas aparências, gerando uma frustração gigantesca, pois o dia a dia não tem tantas flores quanto o dia a dia virtual. O entretenimento virtual não nos ensina a lidar com a dor, a rejeição, a morte, a dominar a si mesmo, a ter foco, a ter disciplina…Não é à toa que os índices de depressão e suicídio estão cada vez maiores, entre os mais jovens, adolescentes na faixa dos 13 e 14 anos.
Veja a imagem abaixo:
Você se lembra do acidente envolvendo um helicóptero e um caminhão, que levou à morte do jornalista Ricardo Boechat? Enquanto Leilane corajosamente ajudava o motorista, o rapaz próximo a ela, há poucos metros, não ajudou, apenas filmou. Além de nos distanciarmos das pessoas, além de nos deixarmos mais dependentes e insatisfeitos com a vida, além de tudo isso, o pior dano que a era tecnológica nos traz é o de nos deixar inertes. Quantas vezes não vemos as pessoas filmando um acidente ao invés de ir lá e ajudar? É como se o ato de segurar o celular e filmar nos insentasse da responsabilidade de agir. E isso nos faz pensar: um ser humano que deixa de agir, deixa de refletir, e passa a ser simplesmente um operador de smartphone… será que ele ainda continua sendo humano?
É um grande desafio, mas devemos nos esforçar para encontrar um equilíbrio no uso das tecnologias, encontrar a forma justa e fazer com que elas trabalhem para o bem da Humanidade, e não que escravizem os seres humanos, retirando deles o próprio senso de Humanidade.