Existem sentimentos que, quando cultivados, são dignos de elogio e admiração de todos. Outros, por sua vez, são tidos como desprezíveis, mas, ainda assim, são facilmente identificáveis em várias pessoas, inclusive em nós mesmos.
O orgulho é uma dessas emoções que interferem em nossas atitudes notoriamente. Não é algo fácil de se livrar, contudo é uma sensação que, quando enraizada dentro de nós, coloca em risco coisas e pessoas importantes, pois ele nos leva a erros muitas vezes irreparáveis.
Existe ainda um grande complicador nesta história: dificilmente o orgulhoso se reconhece como um. É irônico, mas o orgulho impede o orgulhoso de aceitar seu defeito.
No curta de animação “Ponte” vemos como é difícil para os personagens simplesmente ceder a passagem para o outro que também quer atravessar. E isso é algo muito real em nossas vidas. Como é difícil, muitas vezes, conseguirmos ceder algo para alguém, sem ficar com a sensação de que somos um fracassado ou um perdedor. Por exemplo, no trânsito, ou numa fila de supermercado, muitas vezes brigamos por uma vaga por pensar que, se a perdermos, estaríamos numa posição inferior a outra pessoa que a conquistou. Quando colocamos essa experiência em palavras, fica evidente o quão absurda é esta situação. Afinal de contas, qual diferença faz em nossa vida se seremos o 4º ou 5º numa fila?
O Orgulho é assim, ele faz com que as pessoas não reconheçam seus erros, e se apeguem a coisas que, se fossem deixadas de lado, transformaria a vida para melhor. A pergunta reflexiva que queremos lhe fazer hoje é: Ao que realmente vale a pena se apegar?
No curta, os animais acabam levando as coisas a perder, justamente pelo egoísmo e incapacidade de ceder, cada um deles só pensa que deseja atravessar a ponte, e não no que pode fazer para ajudar o outro a fazer o mesmo. O Orgulho faz com que as pessoas pensem apenas em suas necessidades, e mesmo percebendo que o outro também possui suas necessidades, tem o coração enrijecido para ajudar, já que sua necessidade é a coisa mais importante no momento.
Santo Agostinho de Hipona fala sobre o orgulho, dizendo:
“Orgulho não é grandeza, mas inchaço. E o que está inchado parece grande, mas não é sadio”.
Nunca é tarde para rever suas atitudes, nunca é tarde para detectar em si mesmo o inchaço do orgulho, antes que ele se torne um canal de autodestruição. É mais glorioso voltar atrás e reavaliar suas atitudes e reconhecer erros, do que seguir toda vida de forma egocêntrica, magoando todos a sua volta. Faça uma análise de si, o orgulho tem guiado suas atitudes? Para você, quão difícil é ceder nas suas posições ou opiniões?
Seguindo o exemplo do guaxinim, deveríamos aprender que, às vezes, o ato de abaixar a cabeça, na verdade eleva a nossa alma… Além de tornar a vida muito mais leve e agradável de se viver.