Arquipélago Gulag

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Na última década do século, o jornal parisiense Le Monde construiu uma lista dos cem livros mais influentes de todo o Século XX. Entre “O Processo”, de Kafka, “O Ser e o Nada”, de Sartre e “O Estrangeiro”, de Camus, estava “Arquipélago Gulag”, de Alexander Soljenítsin, que recebeu o prêmio Nobel em literatura no ano de 1970. O que tem esse livro que é tão premiado desde sua publicação em 1973?

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Tem livros que são mais do que livros, são verdadeiros documentos históricos. Assim é esta obra de Soljenítsin, pois descreve com detalhes o sistema punitivo soviético de Stalin, aplicado em quem se insurgisse contra ele. A descrição supre uma lacuna documental, pois explora um ambiente que jamais veremos em registro de imagens. Nunca saberíamos dos campos de concentração soviéticos e o que acontecia nele, não fosse a postura desse homem em transformar tudo em literatura.

Soljenítsin nasceu na União Soviética em 1918, um ano depois da revolução. Inicialmente foi entusiasta do regime, chegou a lutar na II Guerra e ser condecorado Capitão, mas com a maturidade surgiram fortes dúvidas quanto ao regime, até que foi preso por fazer críticas ao Governo de Stálin em uma correspondência a um amigo.

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Preso, inicialmente para cumprir oito anos em um campo de trabalhos forçados, Soljenítsin passou a maior parte de sua existência respondendo por essa “transgressão”. Depois de passar por campos de trabalhos siberianos, onde os invernos chegam a 67º C abaixo de zero, iniciou em 1953 a pena de exílio perpétuo no Cazaquistão. Somente conseguiu retornar à Rússia em 1994.

Durante o período de punição, Soljenítsin escreveu vários livros, mesmo incrédulo quanto à possibilidade de algum dia uma dessas obras vir a ser publicada.

Esses textos são verdadeiros documentos descritivos dos horrores produzidos no interior desses campos. O livro Arquipélago Gulag é uma das obras principais de todo esse conjunto de textos. Escrito sob sigilo absoluto, somente depois de ganhar o Nobel de Literatura em 1970, é que resolve publicá-lo.

O livro é um protesto contra qualquer ideologia que suprima a liberdade individual, contra a tortura, contra a aplicação de penas cruéis e um grito em prol do melhoramento humano. Recomendamos a leitura!

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