O Mito de Eros e Psiquê conta a história de uma jovem Princesa cuja Beleza e encantamento rivalizaram com os próprios Deuses, atraindo a admiração de todos. Quanto mais ela crescia, mais Bela se tornava, e mais ainda todos se admiravam, de tal modo que os homens e mulheres foram esquecendo de cultuar os Templos de Afrodite, Deusa da Beleza, para admirar a Beleza de Psiquê.
Afrodite, preocupada com os Homens que começavam a trocar a Deusa por uma mortal, pede ao seu Filho, o Deus Eros (o Cupido, dos Romanos), que lance uma flecha em Psiquê para que ela se apaixone por um terrível monstro, desse modo, os Homens retomariam a Consciência. No entanto, quando Eros se aproxima de Psiquê, se atordoa ao ver tamanha Beleza, e acaba ferindo a si mesmo com a flecha.
A solução que Eros encontra para não desapontar sua Mãe e viver com a Princesa, por quem estava perdidamente apaixonado, é de manter Psiquê como sua esposa em um castelo, sozinha. Porém, ela estava proibida de ver a face de seu marido, para que não descobrisse a verdadeira identidade do Deus. Então, eles só se encontravam à noite para ficarem juntos. Sem aguentar de curiosidade, Psiquê aproxima-se do rosto de Eros com uma vela para enxergá-lo melhor, e fica assombrada com tamanha Beleza e Amor em seu rosto, de tal modo que esquece a vela e queima seu esposo. Assustado, o Deus do Amor foge e deixa Psiquê sozinha.
Psiquê, que não consegue mais viver sem Eros, vagueia à sua procura e implora a Afrodite que a ajude a encontrá-lo novamente. Afrodite impõe a condição de que Psiquê deveria passar vitoriosa sobre quatro duras provas para ter o mérito de sua ajuda.
A primeira das provas era de separar todos os grãos amontoados de trigo, cevada, milho, ervilha, feijão e lentilhas em montes diferentes da mesma espécie até o anoitecer. A segunda prova era retirar a lã de ouro de ovelhas selvagens sem pastor. A terceira prova era recolher um pouco de água da fonte do Rio Estige, o rio da travessia dos mortos, e por fim, a quarta prova era de ir até o Hades, o Mundo dos Mortos, e recolher uma caixa com a Deusa Perséfone.
Como é comum nos Mitos, após muito esforço Psiquê consegue superar as provas, porém, ao final da quarta prova, ela não resiste. E quando estava prestes a perecer no Hades, ela é socorrida por Eros, que a leva até o Olimpo, a Morada dos Deuses. Lá, Zeus a torna imortal, para que o casal não precise mais se separar.
Esse Mito, de forma bastante resumida aqui, relata a saga humana. Psiquê representa nós mesmos, o Ser Humano, e Eros representa o Espiritual, o Divino, também representado pela Ideia do Amor.
Psiquê em determinado momento consegue enxergar o rosto de Eros e se assombra com tamanha Beleza. O mesmo pode acontecer conosco. Em algum momento, o Ser Humano pode se deparar com a face do Divino, com o que há de mais Espiritual em determinada experiência. Algo tão Belo, tão profundo, que pode nos surpreender e gerar esse mesmo assombro que acometeu Psiquê. E por não saber lidar com isso, às vezes a experiência escapa de nossas mãos. Para poder retomá-la não é simples…”Não há mérito sem luta”, como dizia Helena Blavatsky.
Assim como Psiquê tem que enfrentar provas para merecer a ajuda de Afrodite, o Ser Humano deve enfrentar a si mesmo para conseguir alcançar este patamar mais elevado, este patamar espiritual dos Deuses.
Precisamos desenvolver Discernimento, como a prova de Psiquê de separar os grãos; Paciência, tal qual a prova da lã dos carneiros selvagens; Coragem e Bravura para adentrar no mais profundo de nós mesmos, o nosso Hades, e assim, sairmos de lá limpos, aptos para enxergar e compreender melhor o mundo e o Divino.
Aí sim Eros se reaproxima, aí sim alcançaremos a condição de viver junto aos Deuses, alcançaremos nossa Alma Humana e nos tornaremos Imortais.
Precisamos viver o Mito e aprender a enxergar cada desafio de nossa vida, como uma prova aplicada pelos Deuses, para que possamos alcançar este Olimpo, este elevado Estado de Consciência que já existe dentro de nós.